Hollywood inaugurou o seu Museu da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas —sim, a do Oscar. Custou US$ 482 milhões e consiste numa esfera gigante com cúpula de vidro e um prédio art déco de sete andares. Abriga registros virtuais com, dizem, milhões de possibilidades e objetos originais de filmes famosos: a cimitarra de Douglas Fairbanks em "O Ladrão de Bagdá" (1925), os sapatinhos vermelhos de Judy Garland em "O Mágico de Oz" (1939), o trenó de "Cidadão Kane" (1941), os robôs de "Guerra nas Estrelas" (1977), o boneco de "E.T., o Extraterrestre" (1982) e ponha etc. nisso.
Pergunto-me se no Brasil poderíamos ter um museu assim. Como gostamos de jogar tudo fora, onde terão ido parar itens que um dia fizeram história nas nossas salas escuras? Exemplos:
O chapéu estrelado, as cartucheiras e a matadeira de Milton Ribeiro em "O Cangaceiro" (1953). O sputnik que caiu no galinheiro de Oscarito em "O Homem do Sputnik" (1959). O guarda-chuva de Mazzaroppi em "Jeca Tatu" (1959). A cruz que Leonardo Villar arrasta pelas ruas em "O Pagador de Promessas" (1962). A dentadura de metal de Jece Valadão em "Boca de Ouro" (1962).
O papagaio de Átila Iório em "Vidas Secas" (1963) —no filme, ele foi comido, mas claro que não era ele, e, como se sabe, os papagaios podem chegar a cem anos. A capa de Mauricio do Valle (Antônio das Mortes) e a faca de Othon Bastos (Corisco) em "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964). A batina de Paulo José em "O Padre e a Moça" (1966). O crucifixo de Paulo Autran e os modelos que Guilherme Guimarães desenhou para Danuza Leão em "Terra em Transe" (1967). Tudo certamente se perdeu.
Seria mais fácil aqui um museu mostrando o vestido usado por Norma Bengell na cena da praia em "Os Cafajestes" (1962) e, inspirados nele, os ousados guarda-roupas de Darlene Gloria, Sonia Braga, Helena Ramos, Sandra Brea e Vera Fischer nos filmes dos anos 70 e 80.
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