A festa de aniversário do governo Michel Temer teve um clima quase melancólico de despedida. “Foram dois anos de muito trabalho, mas também de muitas realizações”, disse o presidente, assim mesmo, no pretérito.
O discurso de 59 minutos pareceu a prestação de contas de um governo encerrado —e não a fala de um presidente com sete meses restantes de mandato. Temer enfatizou realizações positivas incontestáveis de sua gestão, realçando suas tintas, mas não apontou caminhos objetivos para os próximos 230 dias.
“Os resultados estão aí. Nestes 24 meses de trabalho, nós avançamos”, afirmou, ainda de olho no retrovisor. “Eu confesso que me sinto responsável pelas atitudes e escolhas que fiz.”
Político profissional, Temer conhece a medida de um poder que escorre pelas mãos. O governo enfrenta meses de paralisia devido às restrições das contas públicas e a um Congresso mais preocupado com sua própria reeleição do que com a agenda de um presidente impopular.
Ministros e parlamentares que estiveram na comemoração falavam com ceticismo sobre a possibilidade de aprovação de projetos relevantes ainda este ano no Legislativo, como a privatização da Eletrobras.
“Eu quero deixar uma mensagem político-institucional à nação. Todos sabem que eu sempre trabalhei para a pacificação das várias correntes do país”, declarou na cerimônia desta terça (15), como num epílogo.
Nas últimas semanas, a força de Temer murchou um pouco mais, junto com os esforços para influenciar sua própria sucessão. O MDB deu sinais de veto à ideia de uma candidatura à reeleição do presidente. A alternativa, Henrique Meirelles, está desacreditada. E a aproximação com o PSDB de Geraldo Alckmin esfriou.
Durante o evento no Palácio do Planalto, a plateia de convidados dava sinais de cansaço diante do longo pronunciamento. Depois de mais de meia hora de falatório, Temer tentou tranquilizar as autoridades: “A conversa é longa porque a história é boa. Eu, logo mais, termino”.
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