Parque da Juventude, que ocupa a área da antiga Casa de Detenção do Carandiru, em São Paulo, vai mudar de nome em homenagem ao cardeal arcebispo que, nos anos 1970, corajosamente enfrentou o regime dos generais; projeto foi aprovado na Assembleia e segue para sanção do governador
Julia Affonso e Fausto Macedo
14 Maio 2018 | 15h24
O Parque da Juventude vai se chamar Parque Dom Paulo Evaristo Arnas. Localizada na zona Norte de São Paulo, a área foi ocupada por muitos anos pela Casa de Detenção do Carandiru, palco do mais sangrento massacre da história penintenciária do País, há 26 anos – 111 presos foram mortos em outubro de 1992.
A homenagem a Dom Paulo, morto em dezembro de 2016, aos 95 anos, foi decidida na semana passada (quinta, 10) pela Assembleia Legislativa, por meio da aprovação do projeto de lei 938/2016 que, agora, segue para sanção do governador Márcio França.
De autoria do deputado Luiz Fernando (PT), o projeto dá a denominação de Parque da Juventude Dom Paulo Evaristo Arns ao atual Parque da Juventude, instalado após a implosão do Carandiru, em 2002. É uma área de lazer e entretenimento ao ar livre.
Dom Paulo, nascido em Forquilhinha (SC), foi nomeado arcebispo de São Paulo em outubro de 1970, aos 49 anos. Sua história ficou conhecida pela coragem com que enfrentou o regime militar, entre os anos 1960 e 1970, e por seu empenho na defesa dos direitos humanos.
Com formação em filosofia e teologia, Dom Paulo escreveu 56 livros, o mais célebre deles ‘Brasil Nunca Mais’, projeto que realizou clandestinamente via Conselho Mundial de Igrejas e pela Arquidiocese de São Paulo. O documento escancarou os porões.
Em 2007 foi concluído o projeto arquitetônico do Parque da Juventude, que mantém referenciais históricos do Carandiru – muralhas e ruínas de celas do presídio. Os pavilhões 4 e 7 foram transformados em duas escolas técnicas.
“O fato de o parque ter sido construído sobre o Carandiru, local no qual ocorreu um episódio de afronta extrema aos direitos humanos, matéria defendida com afinco durante toda a vida por Dom Evaristo Arnas, torna bastante simbólica a homenagem”, disse o deputado Luiz Fernando.
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