O que provocou o incêndio e por que ele se espalhou rápido?
As causas ainda não foram divulgadas.
A principal suspeita dos moradores é de que um botijão de gás tenha explodido e dado início ao incêndio, no quinto andar do prédio.
E vários fatores teriam contribuído para as chamas se espalharem rapidamente e o prédio desabar.
De acordo com o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Marcos Palumbo, a ausência de elevadores no local e a presença de muito lixo - e de materiais como madeira, papel, papelão - teriam agravado a situação, funcionando como combustível para o fogo.
O professor de engenharia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Helene, especialista na área há 30 anos, afirmou à BBC Brasil que a falta de sistemas fundamentais para prevenção e combate de incêndios também ajudam a explicar a velocidade das chamas.
"Esse prédio era um grande salão aberto, aparentemente sem paredes internas de alvenaria e sem esses sistemas de proteção suplementares que impediriam que o fogo se espalhasse rapidamente", diz Helene, reforçando a explicação do Corpo de Bombeiros de que os "buracos" deixados pela retirada dos elevadores funcionaram como chaminés, também contribuindo para o fogo passar de um andar para outro.
Por que houve o desabamento?
O professor de Paulo Helene, da USP, afirma que, de acordo com normas nacionais e internacionais de segurança, prédios dessa altura deveriam resistir sem desabar, em caso de incêndio, por pelo menos três horas, ou 180 minutos - tempo estimado para evacuação e para viabilizar as ações de salvamento por parte dos bombeiros. "Mas esse edifício colapsou antes de 1 hora e meia, ou seja, resistiu apenas por cerca de 90 minutos."
A estrutura mista de concreto e aço do edifício, menos resistente ao fogo, teria contribuído para isso, segundo ele.
"O prédio tinha um núcleo central de elevadores e escadas em concreto. Os demais eram pilares metálicos, com resistência bem menor ao fogo. Essa pode ser uma das explicações para ele ter caído tão rápido", diz o professor.
As informações sobre a estrutura são baseadas na tese de doutorado Edifícios de Escritório na Cidade de São Paulo, do pesquisador Roberto Novelli Fialho, publicada em 2007 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU/USP).
Na época em que o Wilton Paes de Almeida foi construído, nos anos 1960, boa parte dos prédios no Brasil era feito apenas de concreto, que funciona como uma espécie de isolante térmico e, portanto, dificulta a disseminação de focos de incêndio.
Com o tempo - e o desenvolvimento da indústria siderúrgica nacional -, a construção passou a incorporar estruturas metálicas nos edifícios.
O problema, pondera o especialista, é que a estrutura praticamente não tinha elementos de proteção térmica - argamassa com cimento de amianto, revestimento com gesso, pintura intumescente - desenvolvidos justamente para proteger os materiais metálicos, que têm um coeficiente de transmissão térmica bastante superior à do concreto e facilitam a expansão de eventuais incêndios.
"Na época em que o prédio foi construído, não existia proteção térmica como existe hoje - e que sabemos que é importante. Era uma estrutura que não estava protegida adequadamente contra incêndios", acrescenta Helene.
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