Leandro Colon
BRASÍLIA
O governo de Michel Temer não aguentou três dias de greve de caminhoneiros. Sentiu o peso político de um país à beira de uma paralisia causada pelos protestos nas rodovias. Não suportou a pressão, esqueceu o que dissera e foi à lona.
O episódio tem revelado o quão desnorteado está o Planalto. Impopular, fraco, cambaleante a cada crise.
Mostrou ao país e ao mercado internacional que a Petrobras topa perder um bom dinheiro (ao menos R$ 100 milhões no caixa da empresa) diante da incapacidade de enfrentar 72 horas de chantagem de uma categoria.
Ficou para o presidente da Petrobras, Pedro Parente, o desgaste maior. Na terça (22), esteve em Brasília com Eduardo Guardia (Fazenda) e Moreira Franco (Minas e Energia). Saiu do encontro sem sinalizar redução e com o discurso de não haveria mudança na política da Petrobras.
Não demorou muito, Parente cedeu e foi à TV nesta quarta (23) anunciar a redução de 10% do diesel por 15 dias.
Minutos antes da fala de Parente, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, deu brecha para interpretações de que ele foi enquadrado pelo Planalto de um dia para o outro —por mais que os dois lados neguem.
Segundo Padilha, Temer queria que a Petrobras desse uma solução para o impasse. “O cargo de Parente é um cargo de confiança do presidente da República”, disse.
O Planalto já havia sido derrotado na reação política em Brasília ao ser atropelado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no anúncio do acordo para zerar a Cide para o diesel em troca da aprovação do projeto de reoneração da folha de pagamento.
A fraqueza demonstrada nos últimos dias não deixa de ser um incentivo para outros setores ameaçarem o governo nos sete meses que faltam para o seu melancólico fim.
Os caminhoneiros, por exemplo, ignoraram o apelo de Temer por uma trégua de três dias e avisaram (antes da redução do diesel) que, ao menos até esta sexta (25), manteriam a manifestação.
O bloqueio nas estradas ocorre na semana em que o presidente confirmou a desistência do fantasioso desejo de disputar a reeleição para anunciar o apoio do MDB ao nome do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles.
Sem ultrapassar os 2% das intenções de voto, Meirelles será o candidato responsável por defender o legado deste governo. Poucas coisas são tão impopulares quanto aumento de preço de combustível. Ainda mais em ano de eleição.
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