segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Retrospecto e perspectivas - por Gustavo H.B. Franco -


2014 será difícil se o governo insistir na 'nova matriz macroeconômica'; será diferente se a presidente adotar posturas mais convencionais de política econômica

22 de dezembro de 2013 | 2h 05

Gustavo H.B. Franco -
A fim de responder às clássicas dúvidas de fim de ano - Onde estamos? Para onde vamos? - é interessante recuar no tempo e identificar quatro enredos paralelos e interligados, todos a partir de fenômenos fora do nosso controle, que condicionaram as escolhas feitas pelas autoridades na última década. Em razão dessas decisões, o ano de 2013 vai chegando ao fim com uma quantidade de dúvidas e maus bofes como há muito não se via. Será com essas mesmas ideias que a presidente vai se apresentar para postular sua recondução à Presidência? Os investidores estão inquietos com a ideia de "mais do mesmo".
Mas vejamos, para começar, os quatro presentes que o destino nos reservou e o que fizemos deles:
1. A internacionalização da economia. A globalização abraçou o País de forma vigorosa, mesmo antes de qualquer retribuição muito clara. Em 1995 o País abrigava 6.322 empresas com participação estrangeira e o valor desses investimentos era de cerca de 5% do PIB. Em 2010, o número de empresas ultrapassava os 17 mil, e o valor dos investimentos atingiu 27% do PIB. Essas empresas empregavam 2,4% do pessoal ocupado no País em 2010, o que significava essencialmente que o PIB per capita do trabalhador empregado nessas empresas era de aproximadamente R$ 400 mil, ao passo que a média para o Brasil era dez vezes menor. É como se o País tivesse "engravidado" de uma participação mais ativa e produtiva na economia globalizada, mas a ocorrência e a extensão do fenômeno ainda estariam na dependência das condições dadas a essas empresas para produzir e empregar no Brasil.
2. O fator China. Entre 1998 e 2012, o comércio mundial mais que dobra e os relatos sobre "offshoring" (relocalizar etapas da cadeia produtiva em países mais competitivos, geralmente asiáticos) levam a crer que o comércio "intrafirma" (entre empresas relacionadas) se torna dominante para manufaturas. As exportações brasileiras quase quadruplicam nesse período, mas especialmente em razão das relações de troca, ou de preços espetaculares para muitas commodities. A China cresce sua participação no comércio brasileiro de 2% a 20% no período.
3. Bônus demográfico. A queda na taxa de fertilidade anos atrás mudou significativamente o perfil etário da população, engordando a parcela em idade de trabalhar. Muitas famílias numerosas de baixa renda passam à situação em que todos os seus membros estão no mercado de trabalho, produzindo notável incremento na renda, consumo e endividamento familiar e, consequentemente, redução da desigualdade. Essa ascensão da classe C é uma criatura da demografia e uma ótima notícia, e por isso o governo quer a sua paternidade.
4. Bancos capitalizados. O sistema bancário, logo após os ajustes efetuados na segunda metade dos anos 1990, estava pronto e capitalizado para uma expansão acelerada como de fato ocorre a partir de 2003. O crédito bancário mais que dobra de tamanho como porcentual do PIB nos dez anos posteriores, sem que isso representasse deterioração da qualidade dos ativos do sistema. Era a contrapartida da elevação do endividamento familiar (e da sensação de bem-estar inerente à ascensão da classe C), que também dobra de tamanho nesses anos, sem que isso aumentasse muito o comprometimento de renda das famílias com o serviço da dívida.
Com esses quatro ventos a favor, as autoridades fizeram suas escolhas em matéria de políticas públicas. Para que se apoquentar com reformas quando bastava ficar parado ao sabor da ventania?
Para encurtar uma longa e triste história, houve pouca evolução nos velhos temas onde as empresas esperavam mudanças: a classificação do País no "Doing Business" (o ranking do Banco Mundial para o ambiente de negócios) não evoluiu, os programas destinados a reduzir o que se chamava de "custo "Brasil" foram descontinuados, as privatizações e as PPPs (federais) não aconteceram, a infraestrutura ficou sobrecarregada, a abertura encalhou (com regras de "conteúdo nacional") e proliferaram engarrafamentos e incentivos "seletivos". O resultado: o crescimento murchou e a produtividade ficou estagnada entre 2000 e 2012 em 18% do nível de produção por trabalhador nos EUA.
Pior que o mau desempenho é a frustração: foi se avolumando um antagonismo entre o governo e o setor privado, que atingiu o ápice em 2013, mesmo diante de recuos do governo nas encrencas associadas aos leilões de concessões. Ao fim das contas, ficou estabelecida a crença que o governo não gosta de lucro nem de capitalismo, até prova em contrário.
Na área fiscal as coisas vinham bem, ou estáveis, desde o acordo com o FMI em 1998, quando começamos a exibir um superávit primário na faixa de 3% e a melhoria fiscal permitia a redução dos juros de forma continuada e drástica. De 2003 a 2012 os juros caíram de 25% para 7% anuais com enormes efeitos positivos sobre a economia. Empresas, imóveis e ativos passaram a valer mais (pois o futuro era descontado a uma taxa menor, simples assim); era o processo designado como "convergência de juros", que compreendia um papel crescente para o mercado de capitais e para o setor privado no processo de investimento.
Entretanto, nos últimos três anos, a degradação da situação fiscal inverteu essa marcha virtuosa e colocou o País caminhando decididamente para trás, sem nunca ter chegado aos 20% na taxa de formação bruta de capital fixo. A "contabilidade criativa" virou matéria de chacota e o País corre o risco de rebaixamento em sua classificação de risco soberano.
Definitivamente, a guinada heterodoxa dos últimos anos não teve sucesso em melhorar a economia.
Diante desse quadro, e tendo em vista a posição central assumida pela presidente Dilma Rousseff na definição das diretrizes da política econômica, o prognóstico para 2014 e depois está diretamente relacionado com o resultado das iniciativas presidenciais no sentido de fazer as pazes com o capital, e mais especificamente com o discurso que a presidente trará para a sua campanha de reeleição. 2014 será um ano difícil se o governo insistir em sua "nova matriz macroeconômica". Será bastante diferente se a presidente seguir conselhos que vêm de muitos de seus interlocutores e adotar posturas mais convencionais de política econômica.
EX-PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL E SÓCIO DA RIO BRAVO INVESTIMENTOS

Do vinho de garrafão aos espumantes


Vinho doce domina produção, mas mercado de espumantes, que dobrou de tamanho em dez anos, começa a ganhar força

21 de dezembro de 2013 | 19h 52

Fernando Scheller - Enviado especial/ Petrolina (PE)
De um lado da pequena estrada de terra que leva à sede da Vinícola Santa Maria, em Lagoa Grande, a 50 km de Petrolina, a paisagem é dominada pela vegetação seca da caatinga, salpicada de mandacarus, os cactos típicos da região. Atrás da cerca do outro lado da estrada, as parreiras formam uma fileira verde graças ao projeto de irrigação que aproveita as águas do Velho Chico.
 - Epitácio Pessoa/Estadão
Epitácio Pessoa/Estadão
A emergência da região do Vale do Rio São Francisco como uma relevante produtora no Brasil reflete uma lenta (porém visível) mudança no padrão de produção e consumo de vinhos do País. O mercado brasileiro ainda é dominado pelo vinho de mesa, mais conhecido pelo garrafão de 5 litros, consagrado principalmente pela marca Sangue de Boi.
Mas os números mostram que a tendência de longo prazo é a substituição dos vinhos populares - feitos com uvas comuns, produzidas para o consumo in natura - pelas opções finas, produzidas com uvas viníferas conhecidas, como cabernet, shiraz e malbec. No País, o cenário se mostra especialmente promissor para os espumantes - justamente o segmento em que as vinícolas do Vale do São Francisco estão se especializando.
Apesar de o consumo de espumantes ainda ser baixo no País, os números mostram que o mercado cresceu de forma relevante. Considerados os dados de janeiro a setembro, as vendas em volume acumularam alta de 52% desde 2009, segundo dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) que compilam os dados de produção no Rio Grande do Sul, que concentra 90% das vinícolas brasileiras. No acumulado de 2013, a expansão nas vendas é de 12,75% em relação ao ano passado.


O tamanho total do mercado, no entanto, mais do que dobrou em dez anos. Com ajuda das festas de fim de ano, a venda de espumantes deve ultrapassar a marca de 15 milhões de litros pela primeira vez em 2013, caso o ritmo de crescimento dos primeiros nove meses do ano seja mantido.
O espumante vem crescendo bem acima dos vinhos finos tradicionais no País por diversos motivos. O primeiro é porque os vinhos finos brasileiros ainda não conquistaram o consumidor - o que, até certo ponto, é reflexo da associação ao produto vendido em garrafão. O diretor técnico do Ibravin, Leocir Bottega, lembra que quase 80% do vinho fino consumido no Brasil é importado. Ou seja: as vinícolas nacionais têm de se "acotovelar" por pouco mais de 20% das vendas.
Outro gargalo é o preço. Isso ocorre porque o custo do vinho brasileiro acaba sendo muito próximo dos argentinos e chilenos, que desfrutam de boa imagem no País. Empresários do setor reclamam que o vinho é usado pelo governo como "moeda de troca" nas negociações com os parceiros do Mercosul. Segundo fontes, há uma leniência com o vinho importado em troca de cotas mais elásticas para exportações de produtos de valor agregado mais alto, como eletrodomésticos e carros.
O espumante nacional não enfrenta a mesma resistência e domina mais de três quartos das vendas no mercado interno. "Ao contrário do que ocorre com o vinho fino, o espumante brasileiro é muito bem aceito", diz Cláudio Góes, presidente da Câmara Setorial do Vinho do Estado de São Paulo e sócio da Vinícola Góes, com sede em São Roque (SP). Segundo o empresário, o espumante tem sido a "grande saída" encontrada pelas vinícolas que ainda dependem do vinho de mesa e querem sofisticar sua oferta. A família Góes trilhou este caminho e chegou a criar um rótulo para variedades especiais, o Casa Venturini, que produz vinhos vendidos no varejo por até R$ 50.
Entre os espumantes feitos por aqui, o mais popular é o da variedade Moscatel, feita a partir da única uva que é consumida in natura e, ao mesmo tempo, é considerada ideal para a fabricação de vinhos. "O gosto do Moscatel é adocicado e tem uma baixa concentração de álcool. Por isso, adaptou-se bem ao paladar brasileiro", diz Góes. Ele explica que, aos poucos, o espumante Moscatel, com preço próximo de R$ 20, começa a tomar mercado dos frisantes, que custam a partir de R$ 12.
Outro indício de que o espumante está se popularizando no País é a desconcentração do consumo na época de festas de fim de ano. Segundo o Ibravin, hoje pouco mais de 50% das vendas estão concentradas nas semanas que antecedem o Natal - uma queda de 15 pontos porcentuais em relação à realidade de 2005.
Pequenas e médias. O mercado de vinhos brasileiro ainda é dominado principalmente por pequenas e médias empresas, quase sempre de origem familiar. Com mais de cem anos de história, a vinícola gaúcha Miolo, uma das mais tradicionais do País, faturou menos de R$ 130 milhões em 2012. Para crescer, a companhia atraiu investidores externos com interesse pessoal em vinhos.
Além da família Miolo, a empresa tem os empresários Eurico Benedetti (da fabricante de móveis Bentec) e Raul Randon (conhecido pela fabricação de autopeças e implementos rodoviários). Galvão Bueno, narrador de futebol da TV Globo, comprou participação no negócio no início de 2013.
O grupo português Dão Sul, recentemente rebatizado Global Wines, chegou ao País em 2006 com o objetivo de explorar o potencial do Vale do Rio São Francisco. Além da Vinícola Santa Maria - que produz os rótulos Rio Sol e Paralelo 8 -, a companhia mantém outras seis unidades de produção em território português. Seu faturamento total, no entanto, é equivalente a R$ 70 milhões, segundo André Arruda, diretor da Vinícola Santa Maria.
A trajetória da Rio Sol mostra que estabelecer uma marca de vinhos e espumantes no País não é tarefa fácil. No início, a vinícola tinha como parceiro o empresário Otávio Piva, dono da rede de lojas Expand. A associação com Piva garantiu exposição na mídia e também a distribuição em São Paulo, principal polo consumidor no Brasil.
Mas a Expand começou a enfrentar dificuldades no fim da década passada. A marca Paralelo 8, que vinha sendo trabalhada fortemente pela rede, simplesmente desapareceu do mercado de uma hora para outra. Os portugueses voltaram à estaca zero e optaram por investir no consumidor nordestino. Agora, quatro anos após a saída do mercado paulistano, as marcas Rio Sol e Paralelo 8 trilham o caminho de volta para o "Sul", de maneira tímida, com distribuição de pequenos lotes no Rio, em São Paulo e em Curitiba.
ENTENDA AS DIFERENÇAS

Vinho de mesa
Geralmente vendido em garrafões de 5 litros, mas também fornecido a granel para a produção de outras bebidas - como sangrias, por exemplo -, é produzido com uvas de mesa comuns, que são produzidas para consumo ‘in natura’ ou para a produção de sucos. O uso das uvas comuns para a produção de vinhos não é permitido na Europa, mas é comum no mercado americano.
Vinhos finos
Os vinhos finos são produzidos com variedades específicas de uvas, as chamadas viníferas. Nesta categoria encaixam-se cabernet, shiraz e malbec.
Espumantes
Feitos com vinhas viníferas, os espumantes se dividem em diferentes categorias, como brut (seco) e demisec (de sabor mais doce). No Brasil, fazem sucesso os moscatéis, de sabor adocicado, produzidos com uma uva que pode ser consumida ‘in natura’ e também é considerada vinífera.

pauta escamoteada (vale pauta do arena livre)

29 de dezembro de 2013 | 2h 07

JOSÉ DE SOUZA MARTINS* - O Estado de S.Paulo
Apesar das suposições, educação e saúde não tiveram forte visibilidade no elenco das demandas das manifestações de rua. Os protestos elegeram a elevação das tarifas de ônibus, a corrupção política evidenciada, sobretudo, no caso do mensalão, as despesas astronômicas com a infraestrutura de eventos grandiosos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 e a má qualidade dos serviços públicos. A educação e a saúde públicas entraram nesse último item, aparecendo em Brasília, mas não aparecendo no Rio.
Como é compreensível nos chamados movimentos coletivos, o comportamento de multidão tende a ser o das demandas difusas, surgidas no acaso dos reclamos suscitados na ocasião, um assunto puxando outro. Mas tende a ser também o momento da síntese expressiva dos tópicos de uma agenda de reclamações que todos carregam na memória à espera da oportunidade para torná-las visíveis e audíveis. Demandas sociais não explodem de repente.
A importância política dessas manifestações coletivas está no fato de que deram voz e visibilidade à maioria silenciosa, diferente do que ocorre nos chamados movimentos sociais. A quebra do silêncio se torna nessa hora um fato político, sobretudo porque contraria o coro dos cúmplices e bajuladores de voz programada para o amém que alegra os poderosos. Durante o regime militar um novo sujeito político emergiu no cenário nacional, com demandas tópicas que incluíam reformas sociais. No decênio do petismo outro sujeito político começou a germinar em silêncio, claramente antipartidário, o que bem indica a natureza da crise que protagoniza. Expressa o descrédito da política. Sendo os participantes desse novo movimento majoritariamente jovens, com acesso à internet e às redes sociais, é bastante evidente que se trate de manifestações da classe média que já não reclama educação, mas se motiva na educação para o protesto. A educação gerou os manifestantes de agora, em vários momentos de sua ação indicando o protagonismo do manifestante contra o do militante.
Nas manifestações coletivas deste ano, vimos a tensão se deslocando do centro das cidades para a periferia e retornando ao centro, com os temas do protesto se modificando, acrescentados. Como se o deslocamento fosse uma caça de temas para enriquecer a indignação dos manifestantes e dar durabilidade ao que tende naturalmente a esgotar-se. Mas indício, também, de que um invisível estoque de descontentamentos permanece à espera de novas manifestações. Não emergiram antes porque os mecanismos de controle social o impediram. Alguns emergiram agora porque esses mecanismos perderam a eficácia.
Educação e saúde entraram mais no rol das respostas do governo ao protesto do que no próprio protesto. O programa Mais Médicos acabou funcionando como tentativa de dar a volta por cima das inquietações de rua, para aplacar uma demanda permanente por saúde pública de qualidade, uma verdadeira medicina social, como há em outros países. É uma tentativa do governo de administrar o conflito, cujo acerto dependerá de tempo para que a clientela desse serviço possa experimentá-lo, testá-lo e avaliá-lo. Como técnica, esvazia esse item do protesto e adia o seu desfecho. Resta saber por quanto tempo. Médico sem satisfatória infraestrutura de saúde pública é pouco mais que um curandeiro.
Na área da educação a questão é mais complicada. Há uma crescente demanda de ensino superior, mas nenhuma explícita demanda de melhora no ensino elementar e médio. É aí que se situa o cerne da crise da educação brasileira. As avaliações anuais das escolas não permitem otimismo. Por outro lado, no contraponto do crescimento numérico das escolas superiores, o próprio ministro da Educação vetou o vestibular em mais de 200 cursos superiores, dado que aquém da qualidade que superiores os tornaria. A falta de um verdadeiro projeto nacional de educação se revela nessas incongruências. Mas se revela, também, num programa como o Ciência sem Fronteiras, que envia alunos de graduação ao exterior para uma temporada, sem clareza quanto ao que isso acrescenta a sua formação.
Na sequência das manifestações, houve finalmente a invasão da Reitoria da Universidade de São Paulo, com a ocupação e depredação de cinco andares do prédio e prejuízos avaliados em R$ 2,4 milhões. O tema foi a questão do poder na universidade, não a eventual questão do ensino e da educação. A melhor universidade brasileira foi objeto de uma manifestação que, rigorosamente falando, nada teve a ver com demanda por educação ou melhora da educação superior. Foi um desdobramento residual e antagônico das manifestações de rua e tentativa de implantar demanda ideológica e partidária no interior de um movimento justamente contrário a isso. Os manifestantes, porém, que falaram pela maioria, já haviam deixado às ruas e se calaram diante do vandalismo antieducacional e antipolítico dos militantes da minoria. Expuseram assim seus limites, insuficiências e contradições.
*É SOCIÓLOGO, PROFESSOR EMÉRITO DA FACULDADE DE FILOSOFIA DA USP, AUTOR,  ENTRE OUTROS, DE A SOCIOLOGIA COMO AVENTURA (CONTEXTO)