Qual é o sentido de abrir mão do que se tem —seja dinheiro, tempo ou outros recursos— em prol de um outro que muitas vezes nem conhecemos? Qual é o sentido de doar?
A Folha fez essa pergunta a filantropos, líderes comunitários e voluntários em organizações e causas diversas. O resultado está no vídeo a seguir.
Um dos entrevistados foi o empresário Elie Horn, único brasileiro a assinar o Giving Pledge — movimento criado por Bill Gates e Warren Buffett, que reúne donos de grandes fortunas que se comprometem a doar ao menos metade do patrimônio à filantropia, em vida ou em testamento.
Para Horn, que fundou o Instituto Liberta, que combate a violência sexual contra crianças e adolescentes, e o Movimento Bem Maior (MBM), que apóia projetos sociais e o fortalecimento da cultura de doação no Brasil, o dinheiro tem que ter "a chancela do social" para ser "digno de merecer".
Um dos integrantes do MBM, o vice-presidente do Conselho da Localiza Luis Fernando Porto considera doar "um propósito de vida" e afirma que pretende aumentar o tempo e o dinheiro destinados à filantropia.
Gêmeos de 11 anos de idade, Bruno e Júlia Rodrigues, embaixadores da Plataforma de Educação para Gentileza e Generosidade, consideram doar uma forma de gerar felicidade, compartilhar com quem não tem e deixar menos resíduos no planeta.
Para Lara Coelho, colaboradora do Instituto Fadaris, doar é "investir em potencial humano e transformar trajetórias de vida", enquanto Rosângela Para Yvote, líder comunitária da Terra Indígena Jaraguá, considera a doação uma forma de "se entregar" para ajudar as pessoas da comunidade.
Priscilla Pereira da Silva, líder comunitária em Guarujá (SP) e facilitadora do Instituto Elos, afirma que o sentido de doar é fortalecer a atuação de pessoas e grupos que já atuam em seus territórios.
Gelson Henrique, diretor-executivo da iniciativa PIPA, também chamou a atenção para a necessidade de construção conjunta com as organizações que atuam na ponta. "É muito importante que a doação seja estratégica e efetiva, construída com as periferias do Brasil, que não seja apenas recreativa."
Com uma trajetória de mais de 25 anos no terceiro setor, Carola Matarazzo, diretora-executiva do MBM, diz que doar é "um ato de coragem e responsabilidade com o outro".
Cofundadora do Pacto contra a Fome e também filantropa, Geyze Diniz acredita que é preciso praticar mais o ato de doar e lembra que há diversas formas de fazer isso: "Pode ser dinheiro, tempo, trabalho, experiência, sangue, um abraço, um sorriso", afirma. "Quando a gente estende a mão, simbolicamente, essa mesma mão que dá é a mão que recebe."
Esta reportagem foi produzida para a Causa do Ano: Doar É Transformar, que conta com apoio do Movimento Bem Maior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário