quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Governo lança Médicos pelo Brasil em substituição ao Mais Médicos, FSP

Natália CancianTalita Fernandes
BRASÍLIA
​ O Ministério da Saúde lançou nesta quinta-feira (1º) um novo programa para substituir o Mais Médicos, estratégia criada em 2013, na gestão Dilma Rousseff (PT) para levar profissionais de medicina ao interior do país.
Batizado de Médicos pelo Brasil, o programa terá novo critério para distribuição de vagas entre os municípios e novas regras para seleção dos profissionais.
Já o valor pago aos médicos deverá variar de R$ 12 mil a R$ 31 mil, conforme a etapa de atuação, local onde o médico estará inserido e progressão na carreira, a qual deverá ocorrer a cada três anos.
Conforme adiantado pela Folha, estão previstas 18 mil vagas. Destas, 13 mil devem estar em municípios avaliados como de difícil provimento, sendo 10 mil no Norte e Nordeste.
A previsão é que elas sejam ofertadas gradualmente, conforme o fim de contratos do Mais Médicos, programa que deve ser encerrado nos próximos anos.
Já a participação será restrita a médicos brasileiros ou estrangeiros com diploma revalidado. Cubanos que permaneceram no Brasil, assim, devem ficar de fora do processo. 
UBS do povoado de Melancia, na cidade de Nova Soure (BA), que aguardava a chegada de novos médicos após a debandada dos médicos cubanos 30-11-2018 - Adriano Vizoni/Folhapress
No início da apresentação do programa, o governo apresentou um vídeo em que fez ataques à gestão anterior, quando havia um acordo com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) para participação desses profissionais. 
A frase "Não sustentar ditadura com seu trabalho" arrancou aplausos da plateia, formada por aliados e membros de entida des médicas. 
Ao falar no evento, o presidente Jair Bolsonaro também fez críticas aos cubanos, afirmando que "se fossem tão bons assim, teriam salvado a vida de Hugo Chávez", em referência ao ex-presidente venezuelano, que morreu em decorrência de um câncer na pelve em 2013 e fez visitas a Cuba para tratamento. 
Disse ainda que, quando Dilma lançou o Mais Médicos, em 2013, a preocupação não era com a saúde dos brasileiros, mas com questões ideológicas. 
Além do veto à participação de brasileiros e estrangeiros sem revalidação de diploma, o novo programa prevê ainda outras mudanças. Entre elas, estão seleção por meio de prova objetiva e contratação por meio de um vínculo CLT, com período probatório de dois anos.
Nesse período, os selecionados devem passar por especialização em medicina da família, área que responde pelo atendimento em unidades de saúde, e passar por avaliações periódicas.
O valor da bolsa-formação durante a especialização será de R$ 12 mil, com gratificação de R$ 3.000 para locais tidos como remotos, como áreas rurais, e R$ 6.000 para distritos sanitários indígenas.
A aprovação na especialização será condicionada à apresentação de um trabalho de conclusão de curso com um plano para melhorar os indicadores de saúde locais.
Serão efetivados e contratados por meio de CLT apenas os médicos que obtiverem o título. Aqueles que já tiverem a especialização poderão atuar como tutores. 

O salário também deve mudar. Enquanto o Mais Médicos tinha uma bolsa fixa de R$ 11.800, o novo programa terá quatro níveis salariais, com progressão a cada três anos de participação no programa e bônus que deverá variar por local de atuação, tempo de permanência e indicadores de desempenho.
Com isso, o primeiro salário pode chegar a até R$ 21 mil, podendo passar, gradativamente, a até R$ 31 mil.
 Entre os indicadores de desempenho que devem ser considerados, estão o número de atendimentos, qualidade do pré-natal e acompanhamento de pacientes com doenças crônicas.
Os valores também incluem gratificação de R$ 1.000 mensais para médicos que acumularem o cargo de tutor.
A jornada de trabalho será de 60h semanais, sendo 40h para o atendimento à população e 20h para atividades teóricas. Como no Mais Médicos, o programa prevê que os médicos passem por supervisão.  
Em críticas indiretas ao contrato de médicos cubanos, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ressaltou que a contratação respeitará direitos da CLT. “Respeitaremos a liberdade porque ela é um princípio da Constituição e desse governo”. 
Para ele, os cubanos tinham virado "quase uma espécie de commodity".Nos últimos meses, no entanto, o governo chegou a analisar a possibilidade de incluir, na nova estratégia, profissionais cubanos que optaram por continuar no Brasil após o fim do acordo de Cuba para participar do Mais Médicos. 
Segundo Mandetta, impasses com o Ministério da Educação sobre a revalidação do diploma impediram esse processo. Novas medidas devem ser discutidas nos próximos meses.
De acordo com o ministro, a expectativa do governo é que a medida provisória que cria o programa seja aprovada até outubro no Congresso. Com isso, haveria possibilidade do primeiro processo seletivo ser realizado ainda neste ano.
Ainda não há informações sobre quantas vagas devem ser ofertadas nessa primeira chamada. Mandetta, porém, disse esperar que todas as 18 mil vagas sejam ocupadas até 2020.
Para isso, as vagas do Mais Médicos devem ser redirecionadas gradativamente ao novo programa. 
"Durante um tempo, vamos ter uma sobreposição, e vamos conviver com o programa anterior e o novo", disse. "Não vou anular o anterior, senão poderia criar um vácuo, um vazio", afirmou. 
Esperado por secretários de saúde, o anúncio do Médicos pelo Brasil ocorre em meio a um "apagão" de profissionais no Mais Médicos. Desde o início do ano, o governo tem deixado de repor vagas do programa em cidades maiores e aquelas classificadas como de menor vulnerabilidade, situação que tem gerado críticas de municípios.
Atualmente, a estimativa é que haja cerca de 3.800 postos desocupados —volume que deverá ser repassado agora ao novo modelo. 
O ministro também diz esperar que profissionais do Mais Médicos também se inscrevam no Médicos pelo Brasil, o que aceleraria a substituição dos formatos.
Segundo a pasta, o orçamento também deverá ser o mesmo: R$ 3,4 bilhões. De acordo com o ministério, isso ocorre porque nem todos os recursos estavam sendo utilizados.
Apesar de reconhecer a possibilidade de um aumento nesse valor nos próximos anos, a pasta diz estimar que a mudança no perfil de cidades participantes compense os gastos extras nesse processo. 

NOVA CLASSIFICAÇÃO

Ao todo, cerca de 4.823 cidades devem fazer parte do novo programa, de acordo com cálculos do Ministério da Saúde. 
A adesão, porém, será voluntária. Para classificar os municípios como de maior ou menor vulnerabilidade, será usada uma metodologia do IBGE, formulada com base em estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que divide municípios em cinco categorias: rurais remotos, rurais adjacentes, intermediários remotos, intermediários adjacentes e urbanos. 
Juntas, as três primeiras categorias devem concentrar 3.400 vagas. Também serão observados indicadores como proporção de beneficiários do Bolsa Família, benefício de prestação continuada ou qualquer benefício previdenciário até o limite de dois salários-mínimos.
Em outra medida, o governo criará uma agência para fazer a seleção e contratação de profissionais que farão parte do novo programa.
A ideia é usar a figura de um serviço social autônomo para essas atividades. A nova estrutura será chamada de Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde.
O modelo é semelhante ao aplicado pelo governo em 2003 para criar a Apex, que atua na promoção de exportações e investimentos estrangeiros.
 

Cruesp comemora 30 Anos da Autonomia de Gestão Financeira das Universidades Públicas Paulistas, Unicamp

Em fevereiro de 1989, um modelo inédito de autonomia universitária foi criado no Estado de São Paulo por meio de um decreto do governador Orestes Quércia. Desde então, USP, Unicamp e Unesp foram autorizadas a criar suas próprias normas de organização didático-científica, administrativa e de gestão financeira, de recursos humanos e patrimonial. Resgatar as iniciativas históricas das três universidades estaduais paulistas nesse processo é um dos objetivos do evento “Autonomia de Gestão Financeira – 30 anos”.
Organizado pelo Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), o encontro no dia 15 de agosto, no campus da USP na Cidade Universitária, também vai debater o atual cenário da autonomia de gestão financeira das instituições e avaliar as respectivas conquistas acadêmicas e administrativas ao longo de três décadas de vigência.
Uma das consequências diretas da adoção desse modelo foi o crescimento da produção científica das instituições públicas de ensino superior de São Paulo. Atualmente, um terço da ciência feita nas cerca de 200 universidades brasileiras é produto do trabalho de USP, Unicamp e Unesp. Segundo rankings internacionais, as três estão entre as melhores instituições da América Latina. Mesmo tendo menos professores e funcionários que em 1989, essas universidades têm hoje um corpo docente mais qualificado, produzem mais pesquisa e formam mais pessoas.
O evento será aberto a professores, servidores técnico-administrativos, estudantes e público em geral e contará com três painéis de debates. O primeiro resgatará as memórias de docentes que lideravam as universidades durante o processo de formulação e execução do decreto governamental: Carlos Vogt (reitor da Unicamp na gestão 1990-1994), José Goldemberg (reitor da USP na gestão 1986-1990) e Paulo Landim (reitor da Unesp na gestão 1989-1993). Ao relembrar o momento histórico e político do final dos anos 1980, a mesa também destacará os principais personagens incumbidos da negociação e os percalços do processo da autonomia.
A segunda mesa de palestrantes terá como foco o tema da gestão financeira nas universidades públicas de São Paulo, os desafios impostos na administração de recursos e o financiamento da pesquisa. Esse debate terá como convidadas as professoras Suely Sampaio (reitora da USP na gestão 2005-2009), Marilza Rudge (vice-reitora da Unesp na gestão 2013-2016) e Teresa Atvars (vice-reitora da Unicamp).
O painel de encerramento terá a presença dos reitores Marcelo Knobel (Unicamp), Vahan Agopyan (USP) e Sandro Valentini (Unesp) para discutir o papel e a importância da autonomia de gestão financeira no desempenho das funções das universidades públicas paulistas. Os obstáculos e expectativas da administração universitária em um cenário de escassez orçamentária, crise econômica e polarização política também darão o mote das palestras.
A mesa de abertura contará com a presença do ex-ministro do Trabalho (1963) e ex-deputado federal (1959-1964 e 1995-1998) Almino Affonso, que ocupava o cargo de vice-governador de São Paulo na época da assinatura do decreto. Uma homenagem será prestada ao economista Luiz Gonzaga Belluzzo, que foi secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do governo de Orestes Quércia. Na abertura também será lançado um documentário, dirigido pelo cineasta Caco Souza, sobre os 30 anos da autonomia universitária.
Promovido pelo Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp), o encontro é uma realização do Instituto de Estudos Avançados (IdEA) da Unicamp, da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP e da Pró-Reitoria de Extensão da Unesp. A celebração dos 30 anos da autonomia de gestão acontecerá no Auditório do Centro de Difusão Internacional (CDI) da USP.

Autonomia de Gestão Financeira - 30 anos
Data: 15 de agosto de 2019
Horário: 9h às 13h
Local: Universidade de São Paulo, Auditório do Centro de Difusão Internacional (CDI-USP)
Endereço: Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 310, Cidade Universitária, São Paulo

Trem Intercidades tem aval técnico, Forum RAC

O governo do Estado de São Paulo já finalizou todos os estudos e levantamentos de viabilidade técnica e está pronto para implantar o Trem Intercidades (TIC ) - que vai ligar a Capital paulista a Campinas. A declaração foi dada pelo vice-governador Rodrigo Garcia (DEM) ontem, na abertura do Fórum RAC 2019, que teve como pauta os desafios e oportunidades dos setores de transporte e logística. Para que a licitação seja realizada está pendente, agora, a nova contratualização das ferrovias responsáveis por esses trechos. Essa será a certidão de nascimento do TIC, brincou. A União deve estabelecer no contrato a obrigatoriedade do compartilhamento das vias para o Governo do Estado de São Paulo para efeito de transporte de passageiros, destacou, informando que essa cláusula contratual já foi pactuada entre o governo paulista e o federal.
De acordo com Garcia, em um segundo momento, será pensada naturalmente a ligação do TIC com o Aeroporto Internacional de Viracopos. Essa ação automaticamente irá melhorar o tráfego de veículos na Rodovia Santos Dumont (SP-075), que liga Campinas às cidades de Indaiatuba, Salto e Itu. Segundo o vice-governador, a via se transformou numa avenida por ser o principal acesso ao aeroporto. O deputado estadual Cauê Macris (PSDB), atual presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), defende essa alternativa. O parlamentar analisa que o trânsito também deverá ser aliviado nas rodovias Anhanguera (SP-330) e Bandeirantes (SP-348).
Garcia assegurou ainda que, caso não aconteça uma mudança brusca, o trem, que andará a 240 km/hora, vai utilizar biodiesel que é menos poluente, mais econômico e eliminaria a necessidade de eletrificação da via. Com essa alternativa de fonte de energia, o TIC deverá consumir R$ 6 bilhões, ao contrário dos R$ 7 bilhões estimados inicialmente. No caso, possibilitando uma economia de R$ 1 bilhão, segundo cálculos de Pedro Moro, presidente da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Exemplo
Para o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), o TIC será um exemplo de política de mobilidade para o Brasil. O chefe do Executivo local enfatizou que toda a Região Metropolitana de Campinas (RMC) será parceira nessa iniciativa. É um projeto que não pode dar errado e que unirá dois pólos econômicos fortíssimos. O investimento será muito bem recompensado, assegurou. Jonas garantiu também que o TIC vai proporcionar ao brasileiro algo inédito: uma viagem tranquila, rápida, segura, podendo, inclusive, usar a internet e trabalhar dentro do trem.
Presidente da São Paulo Negócios, agência de promoção de investimentos e exportações vinculada por cooperação à Prefeitura do Município de São Paulo, responsável por programas de prospecção de investidores para setores prioritários da economia da cidade, entre outros, Juan Quirós pondera que o TIC só tem a agregar. Do ponto de vista empresarial, o desenvolvimento vai se dar na geração de riqueza, emprego e renda, já que muitas atividades novas irão acontecer, considerou. Analisando os impactos de infraestrutura, Quirós aponta, um provável incremento financeiro no setor de Turismo, inclusive com a vinda de grandes eventos e festas para Campinas.
Previsão é que licitação ocorra no em 2020
O projeto do Trem Intercidades (TIC) deverá ser feito por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP). A licitação deverá ocorrer no ano que vem, segundo previsão do governador João Doria (PSDB).
O projeto da Capital a Campinas prevê dois tipos de serviço. Um, expresso, que circulará em trecho de 102 quilômetros, com três paradas (Barra Funda, em São Paulo, Jundiaí e Campinas), com tempo de viagem estimado em 60 minutos.
Outro, da linha 7-Rubi da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), terá serviço parador, para atender Valinhos, Vinhedo, Louveira e Jundiaí e que se integrará com a linha 7 em Francisco Morato. O parador terá 65 quilômetros de extensão e nove paradas - Botujuru, Campinas, Campo Limpo Paulista, Francisco Morato, Jundiaí, Louveira, Valinhos, Várzea Paulista e Vinhedo.
A linha 7, no trecho Luz-Jundiaí terá 60,5 quilômetros, com 18 estações e demanda de 473 mil passageiros por dia.