sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Nova ponte sobre o Rio Tietê em Anhembi começa a ser construída, site GOV. SP




Com um desconto de 16,3% sobre o preço inicialmente estimado para a obra, começou nesta quinta-feira (23) a construção de uma nova ponte sobre o Rio Tietê na SP-147, Rodovia Samuel Castro, nas proximidades do município de Anhembi, região Noroeste do Estado.
Com o resultado da licitação internacional conduzida pelo Departamento Estadual de Rodagens (DER), órgão vinculado à Secretaria de Logística e Transportes do Estado, o custo da nova ponte inicialmente estimado em R$ 65,5 milhões foi reduzido para R$ 54,9 milhões. O valor será financiado pelo Banco Mundial e o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).
A cerimônia que marcou o início da obra contou com a participação do governador do Estado. Geraldo Alckmin anunciou também intervenções em 24,7 quilômetros da SP-147, no trecho entre Anhembi e a sua conexão com a Rodovia Marechal Rondon (SP-300), e obras de dragagem na Hidrovia Tietê-Paraná.
“São três boas notícias para  a região. A primeira o início da ponte sobre o Rio Tietê, uma das maiores pontes da América Latina. Além do início da ponte, a autorização para duas novas obras: a dragagem da Hidrovia Tietê-Paraná, que está batendo este ano o seu recorde para 8 milhões de toneladas e vai evitar interrupções de tráfego no período de estiagem, e a SP-147 que nós estamos autorizando a licitação. Uma obra de R$ 80 milhões, super necessária, que vai daqui de Anhembi ate a Marechal Rondon”, disse Alckmin.
Localizada no km 210,5 da Rodovia Samuel de Castro Neves (SP-147), além dos benefícios que trará aos usuários, a construção da nova ponte vai garantir mais agilidade para o tráfego de comboios pela Hidrovia Tietê-Paraná.
A nova ponte substitui a atual e será construída em estrutura metálica, com um vão de 172 metros de comprimento, 18 metros de largura e 30 metros de altura (o equivalente a um prédio de 10 andares). Como solução de engenharia, a ponte não terá pilares dentro d’água e assim as embarcações poderão navegar com mais agilidade pelo rio. A estimativa é a de reduzir o tempo de percurso em até uma hora e meia. A obra deve estar concluída em dezembro em maio de 2019.
As obras de melhoria da SP-147, no trecho entre Anhembi e a conexão com a Rodovia Marechal Rondon (SP-300, também serão financiadas pelo Banco Mundial-Bird e Miga (Multilateral Investment Garantee Agency, na sigla em Inglês). Os descontos obtidos nas licitações internacionais de obras ajudaram na captação dos recursos.
A rodovia faz a ligação entre os municípios de Piracicaba, Anhembi e Botucatu, com início na interligação com a Rodovia Capitão Pedro Astenori Mariagliani (SP-008), no município de Socorro, com término na ligação com a Rodovia Castelo Branco (SP-280), em Bofete. Por ela, é transportada a produção de cana de açúcar e da pecuária de corte da região.
Fonte: Governo de SP

O choro privilegiado, Gabeira , OESP

Há coisas na democracia brasileira que não entendo bem. Uma delas é essa possibilidade que o Supremo dá ao ministro com voto vencido de pedir vista e adiar a decisão da maioria. Talvez essa dificuldade se explique pelo fato de ter uma experiência parlamentar, na qual defendi causas minoritárias.
No Parlamento, depois que a maioria se manifesta, o resultado é proclamado e só resta ao perdedor fazer uma declaração de votos, o direito de espernear, como dizíamos no plenário. Daí não entendo por que o ministro Dias Toffoli pode adiar a proclamação de um resultado indiscutível numericamente. Tenho a impressão de que, se me fosse dada a chance de bloquear uma decisão majoritária, hesitaria.
De certa forma, eu me sentiria numa brincadeira que perdeu a graça. Se a maioria não consegue impor uma decisão majoritária, acaba despertando certa compaixão pela sua fragilidade.
Os defensores do foro privilegiado já perderam a batalha. Deveriam contentar-se com o choro e abrir mão de manobras protelatórias. Adiar a decisão apenas atrasa uma experiência que já foi decidida, no debate pela imprensa, nas redes sociais, nos movimentos cívicos e nas pesquisas de opinião.
Um grupo minoritário de ministros do Supremo não pode decidir o que é melhor para nossa experiência democrática. No Brasil, o atraso é tão entranhado nos costumes que se consagra até o direito de atrasar, que agora está sendo exercido pelo ministro Toffoli.
Mas não é só desejo de voto mais pensado. Ele tem algo articulado com os políticos, os principais interessados em manter o foro privilegiado.
Enquanto o STF pisa no freio, a Câmara se apressa a votar um projeto no mesmo sentido, restringindo o foro privilegiado.
Aí pode entrar um gato: a extensão do foro privilegiado aos ex-presidentes, algo que favorece Temer, Lula e Dilma, até Collor, quando deixar o mandato de senador. É realmente algo inédito no mundo: o País que derrubou dois presidentes no período de democratização conclui que devem ser protegidos também depois do mandato.
Durante o mandato presidencial, já são de certa forma blindados. Só podem ser processados por crimes posteriores à sua posse. Assim mesmo, quando são acusados por crimes cometidos durante o mandato, a investigação é submetida à Câmara, onde a maioria é hostil à Lava Jato.
Estamos todos atentos, embora a atenção nem sempre baste para inibir os políticos desesperados. Eles nem se importam mais com as consequências para a democracia.
As coisas podem não ser tão simples como se pensa. Num programa de televisão, Gustavo Franco, ao lançar seu livro sobre a história monetária no Brasil, afirmou que o mercado acha que qualquer dos candidatos favoritos no momento continuará a reconstruir o País.
No caso do PT, o mercado tem esperanças de que, vitoriosa, a esquerda volte a se encontrar com a classe média e abrande sua linha. Não tem sido esse o discurso do PT. Lula afirmou várias vezes que vai estabelecer o controle social da imprensa. Em quase todas as análises, a esquerda conclui que foi derrubada porque não soube radicalizar.
Pelo menos no discurso, o caminho aponta para a Venezuela. Além do mais, tenho minhas dúvidas quanto à reconciliação com a classe média. Acho, sinceramente, muito improvável, mesmo com a ampla admissão dos erros e das trapaças.
No caso de Bolsonaro, tudo indica que caminha para uma visão liberal na economia, dura na repressão ao crime e conservadora nos costumes. É formula que tenta conciliar o avanço do capitalismo com as tradições que ele, naturalmente, dissolve na sua expansão global.
Tanto para os eleitores de Trump como para os de Bolsonaro, há uma força nostálgica em movimento. Voltar atrás, no caso americano, explorando carvão, tentando ressuscitar áreas industriais arruinadas. No caso brasileiro, voltar aos tempos do regime militar, durante o qual não houve escândalos de corrupção nem a violência urbana.
O Brasil de hoje é muito diferente do País dos anos 1960. E também não é o mesmo dos anos 1990, quando o PT chegou ao poder.
O economista Paulo Guedes, que deverá ser o homem da economia na campanha Bolsonaro, afirmou que, ao se encontrarem os dois, uniram-se ordem e progresso. Se entendemos por ordem o combate à corrupção e uma política de segurança eficaz, tudo bem. Mas a eficácia não se mede pelo número de mortos, e sim pelas mortes evitadas. E o progresso? Assim como está no lema da Bandeira, é bastante vago. Muitos o associam ao crescimento econômico.
Mas tanto os marxistas como os liberais tendem a uma visão religiosa do mundo, abstraem a limitação dos recursos naturais, algo que envolve todas as espécies. Num contexto de campanha radicalizada, qualquer das hipóteses terá muita dificuldade em governar um País dividido. E no processo de reconstrução será preciso encontrar alguns pontos que unam a Nação para além de sua clivagem ideológica.
Na sua entrevista ao Roda Viva, Gustavo Franco deu uma pista que me pareceu interessante: ao invés de falarmos tanto em reformas, sempre empurradas com a barriga, por que não buscar uma sociedade de inovação?Essa história de deixar as coisas apodrecendo, mas só mexer nelas em reformas, tem de ser substituída por uma ideia de inovação permanente.
É esse o mundo em que vivemos. Se não nos adaptamos a ele, seremos, de certa forma, engolidos.
A campanha eleitoral ainda nem começou. Fala-se num candidato de centro. De fato, suas chances serão boas. No entanto, na política não se trabalha apenas com chances, mas também com a encarnação da proposta, o candidato.
O PSDB, com Alckmin, fala em choque de capitalismo, algo que vi e ouvi em 98. De choque em choque, vai acabar a energia. Um mesmo empresário alemão levou 56 dias para abrir uma empresa em São Paulo e apenas 24 horas para abrir outra nos EUA. Que tal segurar os fios e experimentar o choque antes de aplicá-lo no País?
*Jornalista

Jogo de soma zero, Carlos Melo, O Estado de S.Paulo

Os efeitos eleitorais dos planos Cruzado (1986) e Real (1994) foram evidentes. No primeiro, o PMDB conquistou 22 dos 23 Estados em disputa; o segundo fez Fernando Henrique Cardoso presidente da República. Governos adoram acreditar que ganhos econômicos revertam ânimos políticos. Mas o passado nem sempre é comparável ao presente.
Em 1986, a Nova República vinha embalada pelas Diretas-Já e na eleição/agonia de Tancredo. Em 1994, não pesava sobre o presidente Itamar Franco suspeitas que repousam sobre Michel Temer e seu governo. Ademais, nos patamares de então, os ganhos marginais com o fim da inflação eram enormes.
Nos últimos anos, a recessão foi profunda; as marcas resistem: perdeu-se renda e emprego; houve também declínio da qualidade de políticas públicas – basta citar a segurança nos centros urbanos.
Em paralelo, o espetáculo de degradação política que levou ao impeachment e não cessou com o PMDB e o Centrão no poder: parlamentares não podem pegar um voo comercial em sossego; imagens de malas e o sentimento de engodo não se dissipam como lágrimas na chuva de uma melhora econômica ainda relativa.
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Como se fosse dois, o governo Temer é um todo contraditório: o da economia tenta dar conta dos desafios; a equipe é crível, não foi atingida por escândalos. Dificuldades à parte, encaminha imprescindível agenda micro e reformas macro: a inflação recuou, os juros caíram. Mas o governo da política é o desastre conhecido: superfisiologismo e o tacão da Lava Jato; piora dos serviços. Custos que abalam o humor e somam zero com ganhos econômicos. A pesquisa do Ibope grita: 21%, apenas, concordam com a hipótese de que 2018 será mais próspero; para 86%, “corrupto” é a palavra mais adequada para descrever o governo.
A percepção de melhora é mais lenta para o cidadão do que para os agentes econômicos; depende de algo mais que expectativas. Desconhece estatísticas, é indiferente à divulgação de índices. Não mora em tendências; vive no presente. Considerando tudo, natural que pareça distante.
*CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR DO INSPER