https://www.seade.gov.br/produtos/midia/2016/02/Investimentos_anunciados_2014.pdf
segunda-feira, 11 de julho de 2016
PCC ficou com maior parte de R$ 138 mi roubados de transportadoras, OESP
Alexandre Hisayasu,
O Estado de S.Paulo
O Estado de S.Paulo
11 Julho 2016 | 03h01
SÃO PAULO - O Primeiro Comando da Capital (PCC) é o responsável pelos três grandes roubos a empresas de transportes de valores ocorridos nos últimos quatro meses e que renderam pelo menos R$ 138 milhões aos criminosos, segundo as investigações do Departamento de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil de São Paulo.
Os policiais têm uma lista de indícios que ligam as três ações, ocorridas em março, na sede da Protege, em Campinas; em abril, na Prosegur, em Santos; e a última, na semana passada, também na Prosegur, em Ribeirão Preto. Para os investigadores, os crimes foram planejados pelo mesmo grupo, que reuniria três bandos em uma espécie de consórcio criminoso.
Uma agenda apreendida com ladrões que roubaram a Protege, em Campinas, revelou que o chefe do bando recebeu R$ 2 milhões e uma pequena parte foi dividida entre os demais bandidos que participaram da ação – cada um recebeu até R$ 100 mil. Dos R$ 48 milhões levados, cerca de R$ 30 milhões foram direto para o PCC, segundo estimativa dos policiais.
A suspeita é que o mesmo aconteceu nos demais roubos. Segundo o delegado Fabiano Barbeiro, dentro do PCC existem grupos especializados em praticar crimes específicos. “Existe o bandido chamado ‘dono do trampo’, que tem a informação privilegiada de como conseguir roubar a empresa de transporte. Ele, junto com outros criminosos da chamada cúpula, contratam outras quadrilhas para executar cada etapa da ação. Uma cuida do aluguel das armas, outra dos carros blindados, outra do local para guardar os veículos, outra contrata quem sabe detonar explosivos, e assim por diante.”
Quando o roubo é bem-sucedido, o “dono do trampo” recebe uma boa parte do dinheiro, enquanto os demais ganham uma porcentagem menor. O delegado Barbeiro diz que o dinheiro do PCC é investido na compra de drogas e armas na Bolívia e no Paraguai. As armas são mantidas em paióis e alugadas para quadrilhas.
Combate. Para enfrentar as quadrilhas do PCC, o Deic obteve do Comando Militar do Sudeste (CMSE) autorização para usar as armas apreendidas com os criminosos. Os policiais ficam como fiéis depositários de fuzis e metralhadoras.
Para o delegado, os policiais estão se adaptando para enfrentar as estratégias do consórcio de quadrilhas. Elas usam aplicativos (WhatsApp, por exemplo) para evitar interceptações telefônicas. Assim, os agentes retomaram costumes antigos, como o uso de informantes que se infiltram nos bandos. “Não há nada que impeça o policial de investigar um crime.”
Barbeiro traça um perfil das ações dos ladrões: eles alugam casas nas cidades onde preparam os roubos e usam armas das Forças Armadas, como metralhadoras calibre .50, capazes de perfurar blindagens de carros-fortes e derrubar helicópteros, além de fuzis AR-15 e AK-47. Os bandidos explodem cofres e portões das transportadoras e cercam as entradas principais das rodovias das cidades com homens armados, que incendeiam caminhões para barrar a chegada da polícia. Em todos os casos, houve longos tiroteios com policiais, e carros blindados foram usados na fuga. Três PMs e dois moradores de rua morreram nas ações.
Até agora, foram recuperados R$ 8,9 milhões, dinheiro que estava em um malote que os bandidos deixaram cair na fuga da Prosegur, em Santos, e quatro criminosos do roubo em Campinas foram presos.
Com André Roberto da Silva, o Dequinha, os policiais acharam maços de dinheiro com perfurações de tiro. Um técnico da Protege disse que as notas eram da sede da empresa. Samuel Santos e Airton Francisco de Almeida, o Ranfeim, foram presos em um dos carros usados na ação. Com eles foram apreendidos fuzis, um balde com cartuchos, inclusive de .50, radiocomunicadores, coletes à prova de bala e toucas ninja. Eles eram encarregados de garantir a segurança do bando.
Por fim, com Fábio de Souza, os policiais localizaram mais fuzis e munições. Em outra ação, em maio, o Deic apreendeu, na Cidade Tiradentes, zona leste, sete fuzis, metralhadora .50 e munições. Ninguém foi preso.
Perfil. Luciano Castro de Almeida, o Zequinha
Chefe de bando está foragido desde 2002
O Departamento de Investigações Criminais tem convicção de que Luciano Castro de Almeida, o Zequinha (foto), é um dos organizadores dos roubos às empresas de transporte de valores. Em 13 de agosto de 2001, ele participou de um assalto a um banco, no Guarujá, no litoral sul. Os bandidos foram presos na casa de um político da cidade, também detido. Zequinha, que seria do PCC, foi condenado e fugiu da antiga Casa de Detenção, em 2002, e nunca mais foi preso. Ele, segundo a polícia, participou de um assalto ao Magazine Luiza, em maio de 2015, em Campinas. Os bandidos usaram dois caminhões para roubar eletrodomésticos e eletroeletrônicos.
MAIS CONTEÚDO SOBRE:
domingo, 10 de julho de 2016
‘O jornalismo é a âncora que separa a verdade do boato’ OESP
Depois de 27 anos como jornalista profissional, sendo 23 deles no Jornal do Brasil, Alves se mudou para Austin, no Texas, para iniciar sua carreira acadêmica nos EUA. Desde 2002, ele dirige o Knight Center for Journalism in the Americas, que oferece cursos pela internet para jornalistas em mais de 160 países.
Como o jornalismo online evoluiu nos últimos anos?
Sempre comparo o ecossistema midiático com o biológico. Durante anos, eu dizia que o ambiente midiático evoluiria de um ecossistema baseado na escassez para um ecossistema de uma floresta úmida, baseado na abundância. Isso já aconteceu: a revolução digital foi um dilúvio e os meios de comunicação estão evoluindo para se adaptar. Nós já temos um ecossistema midiático muito diferente de antes e as empresas tradicionais já deram e continuam dando muitos passos para se modificar.
Como o sr. vê o impacto das redes sociais no jornalismo?
A essa altura do campeonato, nenhum veículo de comunicação que se preze pode se dar ao luxo de ignorar ou menosprezar o fenômeno das redes sociais. Além disso, não se pode pensar nas redes sociais como um mero gerador de tráfego para os sites. Para o bem ou para o mal, está acontecendo uma concentração forte nas redes sociais, em especial no Facebook, e há vários fatores técnicos que justificam isso.
Quais são eles?
Existe atualmente um problema tecnológico na web. O Facebook se tornou tão rápido, que raramente um usuário que está navegando na rede social vai querer esperar mais do que três segundos para abrir uma notícia. Se não abrir, uma alta porcentagem desses usuários simplesmente desiste de acessar o site. Isso mostra que há uma barreira enorme entre a estrutura que o Facebook desenvolveu e a paralisia em que a web aberta se encontra.
Quais os reflexos disso para os veículos de comunicação?
O jornalismo precisa estar onde as pessoas estão. E os jornalistas precisam entender que não podem esperar que as pessoas venham até eles, uma lógica que imperou durante anos. Esse ecossistema novo é muito mais proativo. Se está todo mundo nas redes sociais, os veículos também tem que estar lá. Toda a organização jornalística que se preze tem uma operação séria nas redes sociais. Não é brincadeira de criança, como as pessoas pensavam. Isso passou.
Com a diversidade de plataformas e a quantidade cada vez maior de informações circulando nas redes sociais, qual deve ser o novo papel do jornalista?
A importância do jornalismo nesse ambiente de hiperabundância de informação é ainda maior. Você precisa do jornalista e dos meios de comunicação com credibilidade e princípios éticos. O jornalismo é uma espécie de âncora que separa o que é verdade do que é boato.
Como você vê o aumento da disseminação de notícias falsas nas redes sociais?
As pessoas estão passando por um período meio caótico de acreditar em bobagens. É incrível o número de pessoas em nosso círculo de amizades que acreditam em coisas absolutamente inverossímeis e as espalham num ato de irresponsabilidade. Mas as pessoas estão começando a se dar conta do perigo que são as notícias falsas. E muitos jornalistas e organizações jornalísticas estão desenvolvendo técnicas para desmentir boatos. Antes, havia uma hesitação dos jornais em desmentir notícias falsas, porque, ao fazer isso, poderiam espalhar ainda mais as dúvidas. Acho que estamos perdendo esse receio. Quando encontramos um boato na internet, os jornalistas têm de ser proativos e desmenti-lo.
Como o jornalismo de qualidade ajuda a mitigar esse perigo?
Nesse ambiente, o jornalismo de qualidade – baseado nos princípios éticos, na metodologia de apuração, na disciplina de verificação – só tem a ganhar. Uma boa parte das pessoas, quando está diante de uma notícia falsa, vai procurar um veículo de comunicação de credibilidade para verificar se é verdade ou não. Uma boa maneira de checar um boato, é ver se o Estadão ou outros veículos publicaram a notícia.
O que podemos esperar para o futuro do jornalismo?
É difícil prever, mas eu acho que o jornalismo vai continuar sendo um dos principais pilares de uma sociedade democrática, livre e aberta. O problema é como esse jornalismo vai se pagar, ou seja, como vamos criar modelos de negócio que possam financiar a existência desse profissional. Teremos sucesso garantido na medida em que continuamos a ser úteis. Como estamos numa era de hiperabundância de informação, é preciso acompanhar as mudanças de hábito e ir aonde as pessoas estão. Não interessa a plataforma: o importante é que o jornalismo exerça um papel relevante na vida das pessoas.
Assinar:
Postagens (Atom)