quarta-feira, 22 de outubro de 2014

ANA diz que 2º volume morto é 'pré-tragédia' e só restará lodo (não Lido)


FABIO LEITE E RAFAEL ITALIANI - O ESTADO DE S.PAULO
21 Outubro 2014 | 13h 49

Governo paulista reagiu às declarações e afirmou que o gestor federal veio 'disseminar pânico em São Paulo'

Atualizada às 23h01
SÃO PAULO - O presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, disse nesta terça-feira, 21, que o uso da segunda cota do volume morto do Sistema Cantareira é uma “pré-tragédia” e, se não voltar a chover dentro da média, “não haverá alternativa, a não ser ir ao lodo”. O governo paulista reagiu às declarações, feitas na Assembleia Legislativa. Em nota, o secretário-chefe da Casa Civil, Saulo de Castro Abreu Filho, afirmou que o gestor federal veio “disseminar pânico em São Paulo” em “plena campanha eleitoral”.
Andreu participou de debate sobre a crise hídrica, organizado pela bancada do PT, que faz oposição a Geraldo Alckmin (PSDB). “Eles querem retirar, essa é a proposta da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), o segundo volume morto, ou seja, a pré-tragédia”, afirmou Andreu sobre o pedido para captar mais 106 bilhões de litros. O presidente da ANA afirmou também que a empresa praticamente esgotou 182,5 bilhões de litros da primeira cota. Nesta terça, a capacidade do Cantareira era de 3,3%.
Nacho Doce/Reuters
Sabesp conta com a segunda cota do volume morto do Cantareira para manter o abastecimento de água até março de 2015 sem decretar racionamento oficial de água
Andreu disse que a empresa já usou a segunda reserva na Represa Atibainha, em Nazaré Paulista, conforme o Estado revelou  nesta terça. Para ele, o uso de uma terceira reserva “tecnicamente será complicado”. “Se a crise se acentuar, é bom que a população saiba, não haverá alternativa, a não ser ir ao lodo.”
A segunda cota garantirá o abastecimento até março de 2015, segundo a Sabesp, sem que seja preciso decretar racionamento oficial. Na semana passada, conforme antecipado pelo Estado, a companhia cogitou usar a terceira reserva. “Há ainda mais 162 bilhões de litros para serem captados, além da segunda reserva”, informou a Sabesp. Nesta terça, porém, a empresa afirmou que, quando o presidente da ANA fala em retirar lodo, ele se refere à terceira cota, de onde a companhia não pretende captar água.
Repercussão. Diante das críticas, o governo Alckmin atacou a politização da crise. “É lamentável que o presidente de um órgão federal, financiado com o dinheiro do contribuinte, venha disseminar pânico em São Paulo. E pior: em horário de trabalho, participando de um evento patrocinado por um partido em plena campanha eleitoral”, afirmou o secretário da Casa Civil. “Em vez de se solidarizar com o esforço do povo de São Paulo, o dirigente da agência tenta tirar proveito político de uma crise que se enfrenta com critérios técnicos”, disse Saulo.
O líder do PSDB na Assembleia, o deputado Cauê Macris, classificou as declarações de “eleitoreiras”. Ele disse que vai propor uma representação por quebra de decoro parlamentar contra João Paulo Rillo, líder dos petistas. “Foi uma reunião partidária e eleitoral do PT. Não podemos admitir o uso de dinheiro público para fazer horário eleitoral. Isso é um absurdo”, disse Macris. 
Rillo, por sua vez, afirmou que o PT “promoveu uma série de seminários” sobre a crise hídrica e negou que exista “uma combinação com a campanha (eleitoral)”. “Estamos buscando informação, esclarecer a população”, disse.
Presidência. As declarações de Andreu foram feitas um dia depois de o candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves, afirmar que “talvez tenha faltado uma parceria maior do governo federal” na crise hídrica. No dia anterior, durante o horário político-eleitoral, a presidente e também candidata Dilma Rousseff (PT) explorou o caso, dizendo que “é um exemplo do modelo de gestão tucana”. 
Andreu rebateu Aécio. “Eu acho que ele desconhece a relação que a gente tem aqui no Estado, principalmente com o órgão gestor (Sabesp) e mesmo com o próprio governador. E desconhece a ANA. Por curiosidade, o relator que me indicou no Senado foi o próprio vice dele, Aloysio Nunes (Ferreira).”
O tucano afirmou que “não indicou ninguém”. “Quem tem a prerrogativa de fazer isso é a Presidência da República. Ela encaminha o nome e o Senado delibera. O relator simplesmente faz a apresentação de todos os documentos”, explicou. Andreu foi indicado para comandar a ANA em 2010 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

DAEE alega que outorga permite atual captação no Alto Tietê

FABIO LEITE - O ESTADO DE S. PAULO
22 Outubro 2014 | 03h 00

Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo informou que não há superexploração do Sistema Alto Tietê pela Sabesp

SÃO PAULO - O Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) informou, em nota oficial, que “não há superexploração do Sistema Alto Tietê pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp)”.
“Os volumes captados do sistema estão de acordo com a outorga concedida pelos órgãos reguladores. O aumento da vazão de 10 mil litros por segundo para até 15 mil litros por segundo - como já explicado ao Ministério Público - foi possível graças a conclusão, em 2011, da PPP Alto Tietê, que adicionou 5 mil litros por segundo de água tratada ao sistema de abastecimento metropolitano”, afirma o departamento estadual.
“Os estudos que balizaram esta obra foram apresentados aos órgãos reguladores já em 2008 e levam em conta a disponibilidade hídrica de todos os mananciais contribuintes do Sistema Alto Tietê. A utilização privilegia o abastecimento humano, conforme previsto na legislação”, completa o DAEE. O Estado ainda procurou a Sabesp e a Secretaria dos Recursos Hídricos, para comentar a situação dos reservatórios, mas não obteve resposta até as 21 horas desta terça-feira. 

Sem chuva, água do Alto Tietê só dura mais 2 meses (não lido)


FABIO LEITE - O ESTADO DE S. PAULO
22 Outubro 2014 | 03h 00

Segundo maior manancial paulista, com 521 bilhões de litros, está com 8,5% da capacidade; represas não têm volume morto para usar

SÃO PAULO - Enquanto os governos federal e paulista discutem a exploração de mais água do volume morto do Sistema Cantareira, o segundo maior manancial que abastece a Grande São Paulo caminha para o esgotamento, operando a pleno vapor e sem ter uma “reserva estratégica” no fundo de suas barragens. O Sistema Alto Tietê atingiu nesta terça-feira, 21, 8,5% da capacidade e, caso as chuvas não voltem com força, os reservatórios podem secar completamente em menos de dois meses, antes da água do Cantareira. 
Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o Alto Tietê tem capacidade para 521 bilhões de litros, atrás apenas do Cantareira em volume máximo de armazenamento entre os seis sistemas que abastecem a Grande São Paulo. Isso significa que nesta terça-feira as cinco barragens que formam o manancial localizado entre as cidades de Salesópolis e Suzano somavam 44,3 bilhões de litros, quantidade que não chega à metade da segunda cota do volume morto do Cantareira, de 106 bilhões de litros. Há um ano, o nível do Alto Tietê era de 52,8%.
Daniel Teixeira/Estadão
Biritiba Mirim. Sabesp decidiu romper um dique para ampliar a vazão de água do sistema
Embora tenha registrado um volume de chuvas abaixo da média em quase todos os meses deste ano - a exceção foi setembro -, a crise do Alto Tietê foi agravada pela exploração máxima da capacidade do manancial em pleno período de estiagem. Isso ocorreu porque, ao lado do Sistema Guarapiranga, o Alto Tietê tem sido utilizado pela Sabesp desde janeiro para socorrer bairros da capital antes atendidos pelo Cantareira.
Hoje, segundo a Sabesp, cerca de 1 milhão de pessoas que eram atendidas pelo Cantareira em bairros da zona leste da capital, como Aricanduva, Cangaíba, Penha, Sapopemba e Tatuapé, recebem água do Alto Tietê, cuja área de cobertura saltou para mais de 4 milhões de pessoas.
Esse “socorro” ao Cantareira só foi possível porque, em fevereiro deste ano, o Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), órgão regulador dos mananciais paulistas, autorizou, em plena crise, o aumento de 10 mil para 15 mil litros por segundo a vazão máxima para produção de água na estação de tratamento Taiaçupeba, em Suzano.
Depois disso, a Sabesp tem operado o manancial próximo da capacidade máxima, enquanto o nível dos reservatórios vem caindo diariamente. 
O Ministério Público Estadual (MPE) investiga se a crise no Alto Tietê está relacionada a uma suposta superexploração dos reservatórios do manancial. Em junho, o Estado revelou que o nível de armazenamento das represas do Alto Tietê caiu em uma velocidade maior que a do Cantareira. 
À época, a Sabesp negou que houvesse crise no manancial. Em julho, contudo, a empresa divulgou que havia feito estudos para captar água do volume morto do Alto Tietê. “Caso seja necessário, o levantamento mostra que a partir de agosto a companhia poderá acessar 10 bilhões de litros da represa Biritiba-Mirim. E a partir de novembro poderão ser captados 15 bilhões de litros da Represa Jundiaí”, informou a Sabesp.
Negativa. No mês passado, contudo, o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, negou que houvesse água abaixo do nível das comportas nas represas do Alto Tietê, como ocorre no Cantareira. “Não tem volume morto lá para ser utilizado”, disse Arce. “O que nós fizemos foi alargar a passagem de um reservatório para o outro. Mas isso está pronto, não tem mais nada além disso”, completou.
A obra descrita pelo secretário foi o rompimento de um dique para alargar a passagem de água entre as Represas Biritiba-Mirim e Jundiaí, em Mogi das Cruzes, para que um volume maior de água chegue à Represa Taiaçupeba, em Suzano, onde fica a estação de tratamento de água da Sabesp. Além disso, a companhia também contratou uma empresa para provocar chuva artificial sobre as represas da região, com o bombardeio de nuvens. A prática também ocorre no Cantareira.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Sabesp avança e capta 4,6 bilhões de litros de 2º volume morto, diz ANA


Boletim aponta que cota da 1ª reserva na Atibainha foi desrespeitada.
Companhia nega que tenha desrespeitado regras de órgãos reguladores.

Do G1 São Paulo
Represas do Sistema Cantareira não registram alta no nível dos reservatórios  (Foto: Reprodução TV Globo)Represas do Cantareira não registram alta no nível
dos reservatórios (Foto: Reprodução TV Globo)
Um boletim da Agência Nacional de Águas (ANA) apontou que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo(Sabesp) captou 4,6 bilhões de litros de água além do limite autorizado pelos órgãos reguladores para a primeira cota da reserva técnica (volume morto) da Atibainha.
A dados da represa que integra o Sistema Cantareira são desta terça-feira (21). O presidente da ANA, Vicente Andreu, disse que o "avanço" caracteriza uso da segunda reserva. "A Sabesp começou a consumir a mais. Tecnicamente, está errado", afirmou.
Segundo a ANA, a empresa está retirando água além do autorizado. A régua que media o nível da Atibainha foi removida do local após vistoria de técnicos no dia 14, de acordo com Andreu. O boletim da agência mostra que foram bombeados 82,71 bilhões de litros do volume morto da Atibainha. O total liberado pela ANA e pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado (DAEE) era de 77,14 bilhões de litros para a primeira cota da reserva.
A companhia nega que descumpriu as regras e que tenha avançado no segundo volume morto, mas não se manifestou sobre o boletim divulgado pela ANA. A empresa disse ainda que há mais de 30 bilhões de litros da primeira cota na represa Jaguari-Jacareí e que os 106 bilhões de litros da segunda cota serão usados "caso necessário".
O governador Geraldo Alckmin, no entanto,citou a disponibilidade de uma terceira reserva para garantir o abastecimento da população no estado caso a crise hídrica continue.
Já o presidente da ANA defendeu que só restará o lodo após a retirada da segunda cota do volume morto e considerou impossível a captação de mais uma reserva técnica. "Eu acredito que, tecnicamente, será inviável. E, do ponto de vista ambiental, essa água terá problema”, disse.
Segundo Andreu, se não chover a média esperada, o Cantareira não irá se recuperar. “Do ponto de vista técnico é um chute qualificado”, disse sobre as previsões meteorológicas de longo prazo.
O consumo médio por pessoa na capital paulista era de 140,29 litros de água por dia no mês de junho, data do último balanço divulgado pela Sabesp. A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que cada pessoa use 110 litros de água/dia.
Situação das reservas
A primeira cota do volume morto começou a ser explorada em maio, mas só restam 166,4 bilhões de litros. A segunda reserva já tem aval da agência federal para ser usada e vai subir 10,7 pontos percentuais o nível das represas. O governo não deu data para início para captação e diz que ela será feita "apenas se necessário".
O Cantareira abastece 6,5 milhões de pessoas só na Grande São Paulo, mas opera com 3,3% da capacidade nesta terça-feira. As represas tiveram queda no nível mesmo com o tempo chuvoso desde domingo (19).
Alckmin defendeu em entrevista à rádio Jovem Pan que o problema da falta d'água é resultado da maior seca dos últimos 84 anos no estado e negou que tenha ocorrido falta de planejamento por parte do governo.

Ampliação do bônus
O governador informou que deve ser aprovado nesta terça-feira no conselho da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) o bônus gradual na conta de água para quem não atingir a meta de economia de 20%. A ideia é que o desconto será feito de acordo com o que foi reduzido no consumo.
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