FABIO LEITE E RAFAEL ITALIANI - O ESTADO DE S.PAULO
21 Outubro 2014 | 13h 49
Governo paulista reagiu às declarações e afirmou que o gestor federal veio 'disseminar pânico em São Paulo'
Atualizada às 23h01
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SÃO PAULO - O presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, disse nesta terça-feira, 21, que o uso da segunda cota do volume morto do Sistema Cantareira é uma “pré-tragédia” e, se não voltar a chover dentro da média, “não haverá alternativa, a não ser ir ao lodo”. O governo paulista reagiu às declarações, feitas na Assembleia Legislativa. Em nota, o secretário-chefe da Casa Civil, Saulo de Castro Abreu Filho, afirmou que o gestor federal veio “disseminar pânico em São Paulo” em “plena campanha eleitoral”.
Andreu participou de debate sobre a crise hídrica, organizado pela bancada do PT, que faz oposição a Geraldo Alckmin (PSDB). “Eles querem retirar, essa é a proposta da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), o segundo volume morto, ou seja, a pré-tragédia”, afirmou Andreu sobre o pedido para captar mais 106 bilhões de litros. O presidente da ANA afirmou também que a empresa praticamente esgotou 182,5 bilhões de litros da primeira cota. Nesta terça, a capacidade do Cantareira era de 3,3%.
Andreu disse que a empresa já usou a segunda reserva na Represa Atibainha, em Nazaré Paulista, conforme o Estado revelou nesta terça. Para ele, o uso de uma terceira reserva “tecnicamente será complicado”. “Se a crise se acentuar, é bom que a população saiba, não haverá alternativa, a não ser ir ao lodo.”
A segunda cota garantirá o abastecimento até março de 2015, segundo a Sabesp, sem que seja preciso decretar racionamento oficial. Na semana passada, conforme antecipado pelo Estado, a companhia cogitou usar a terceira reserva. “Há ainda mais 162 bilhões de litros para serem captados, além da segunda reserva”, informou a Sabesp. Nesta terça, porém, a empresa afirmou que, quando o presidente da ANA fala em retirar lodo, ele se refere à terceira cota, de onde a companhia não pretende captar água.
Repercussão. Diante das críticas, o governo Alckmin atacou a politização da crise. “É lamentável que o presidente de um órgão federal, financiado com o dinheiro do contribuinte, venha disseminar pânico em São Paulo. E pior: em horário de trabalho, participando de um evento patrocinado por um partido em plena campanha eleitoral”, afirmou o secretário da Casa Civil. “Em vez de se solidarizar com o esforço do povo de São Paulo, o dirigente da agência tenta tirar proveito político de uma crise que se enfrenta com critérios técnicos”, disse Saulo.
O líder do PSDB na Assembleia, o deputado Cauê Macris, classificou as declarações de “eleitoreiras”. Ele disse que vai propor uma representação por quebra de decoro parlamentar contra João Paulo Rillo, líder dos petistas. “Foi uma reunião partidária e eleitoral do PT. Não podemos admitir o uso de dinheiro público para fazer horário eleitoral. Isso é um absurdo”, disse Macris.
Rillo, por sua vez, afirmou que o PT “promoveu uma série de seminários” sobre a crise hídrica e negou que exista “uma combinação com a campanha (eleitoral)”. “Estamos buscando informação, esclarecer a população”, disse.
Presidência. As declarações de Andreu foram feitas um dia depois de o candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves, afirmar que “talvez tenha faltado uma parceria maior do governo federal” na crise hídrica. No dia anterior, durante o horário político-eleitoral, a presidente e também candidata Dilma Rousseff (PT) explorou o caso, dizendo que “é um exemplo do modelo de gestão tucana”.
Andreu rebateu Aécio. “Eu acho que ele desconhece a relação que a gente tem aqui no Estado, principalmente com o órgão gestor (Sabesp) e mesmo com o próprio governador. E desconhece a ANA. Por curiosidade, o relator que me indicou no Senado foi o próprio vice dele, Aloysio Nunes (Ferreira).”
O tucano afirmou que “não indicou ninguém”. “Quem tem a prerrogativa de fazer isso é a Presidência da República. Ela encaminha o nome e o Senado delibera. O relator simplesmente faz a apresentação de todos os documentos”, explicou. Andreu foi indicado para comandar a ANA em 2010 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
DAEE alega que outorga permite atual captação no Alto Tietê
FABIO LEITE - O ESTADO DE S. PAULO
22 Outubro 2014 | 03h 00
Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo informou que não há superexploração do Sistema Alto Tietê pela Sabesp
SÃO PAULO - O Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) informou, em nota oficial, que “não há superexploração do Sistema Alto Tietê pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp)”.
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“Os volumes captados do sistema estão de acordo com a outorga concedida pelos órgãos reguladores. O aumento da vazão de 10 mil litros por segundo para até 15 mil litros por segundo - como já explicado ao Ministério Público - foi possível graças a conclusão, em 2011, da PPP Alto Tietê, que adicionou 5 mil litros por segundo de água tratada ao sistema de abastecimento metropolitano”, afirma o departamento estadual.
“Os estudos que balizaram esta obra foram apresentados aos órgãos reguladores já em 2008 e levam em conta a disponibilidade hídrica de todos os mananciais contribuintes do Sistema Alto Tietê. A utilização privilegia o abastecimento humano, conforme previsto na legislação”, completa o DAEE. O Estado ainda procurou a Sabesp e a Secretaria dos Recursos Hídricos, para comentar a situação dos reservatórios, mas não obteve resposta até as 21 horas desta terça-feira.
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