segunda-feira, 10 de junho de 2013

A face oculta do novo ( definitivo, uma pintura sobre o estado da arte do mundo)

LEE SIEGEL, - O Estado de S.Paulo
A notícia causou frisson na minha cidade suburbana ao lado de Nova York. Um rapaz de 17 anos, a poucas semanas de concluir o ensino secundário, parou diante de um trem de subúrbio em movimento, Teve morte instantânea.
Como sempre ocorre quando se noticia um suicídio, a questão de por que ele o fez torturou familiares e amigos do jovem. Atormentou estranhos, também, porque o suicídio é o mais íntimo dos tipos de violência. Ele nos faz perguntar não somente por que determinada pessoa o cometeu, mas por que alguém o faria, confrontando-nos assim com o aspecto mais despojado da existência. Mas desta vez a tentativa de entender o mistério por trás de um suicídio cobriu-se de especial urgência. É que, segundo estudo divulgado algumas semanas atrás, o número de americanos que estão se matando atingiu um nível sem precedentes.
No período de 1999 a 2010, o suicídio de americanos entre 35 e 64 anos de idade cresceu quase 30%. Mais pessoas nos Estados Unidos morrem hoje pelas próprias mãos do que em acidentes de carro. Entre homens na faixa dos 50 anos, a taxa de suicídio cresceu 50%.
Os intelectuais imediatamente se lançaram à tarefa de tentar entender a nova e assustadora estatística. Quando tiverem terminado, o crescimento da "autochacina" nos Estados Unidos terá sido eclipsado por confortadoras explicações racionais: há mais pessoas solitárias do que nunca; há mais gente armada que nunca; pessoas em áreas rurais são mais propensas a se matar do que em lugares mais densamente povoados; os chamados baby-boomers - pessoas nascidas durante a onda de prosperidade do pós-2ª Guerra entre 1946 e 1964 - têm expectativas impossivelmente altas que simplesmente não podem se realizar no mundo real.
Todos esses fatores são difíceis de provar, e têm importância apenas limitada.
As verdadeiras razões por que o suicídio está em ascensão, em especial entre homens na faixa dos 50, são desconcertantes demais para serem abordadas diretamente. Isso porque são o lado escuro de tendências que estão sendo constantemente comemoradas.
Comecemos pela desintegração familiar. De cada canto da sociedade comercial, ser solteiro é projetado como a existência ideal. O mercado prefere os consumidores apressados, propensos a gastar, a membros de famílias que tendem a poupar para o futuro. E gratificar os sentidos, todos os sentidos, é bem mais fácil quando não se está comprometido com outra pessoa.
Depois, há a internet, a invenção social mais impactante desde o automóvel. A web é direcionada para o indivíduo solitário, não para a família, ou mesmo o casal. As pessoas se conectam na rede por várias razões, é claro, algumas de cunho prático ou mundano, mas quem se conecta quase sempre o faz sozinho, para satisfazer um ou outro impulso. Nesse contexto, não é a solidão que pode levar alguém ao suicídio. É o fato de que ficar solitário se tornou uma condição tão normal que está ficando cada vez mais difícil estar com outras pessoas. Os desafios e complicações decorrentes de se estar envolvido com outros estão se tornando insuportáveis para psiques acostumadas à existência solitária, vivida diante de suas telas.
Isso não significa que o capitalismo americano, incansavelmente inventivo, seja culpado do crescimento da taxa de suicídios ou algo assim. Países socialistas como os do norte da Europa têm taxas de suicídio notoriamente altas. As pessoas nessas sociedades com frequência têm tantas coisas de suas vidas decididas e administradas em seu favor que sua força de vontade se atrofia e um tédio mortal se instala. Mas o consumismo insanamente acelerado nos Estados Unidos, que de maneiras sutis e explícitas faz do celibato uma condição heroica, isola o indivíduo quando torna mais difícil para ele ou ela lidar com outros indivíduos.
Além das décadas de desintegração familiar, as décadas de erosão de simplesmente todo tipo de autoridade também separaram as pessoas das estruturas sociais que antes as sustentavam em tempos de dificuldade emocional. Tanto na cultura popular como na intelectual elevada, o padre, o ministro, o médico, o policial, o estadista foram todos expostos como fraudes ocultando a luxúria e a ganância por trás da fachada de autoridade enquanto abusavam cruelmente de seu poder. Algumas maçãs podres estragaram toda uma colheita da humanidade. Antigamente, uma pessoa angustiada podia recorrer a uma figura consoladora cuja competência fora sancionada pela sociedade. Agora, quando os salva-vidas sociais são todos acusados de não saber nadar, a sensação de não ter a quem recorrer ficou ainda mais aguda.
O preço proibitivo da assistência médica também joga com certeza um papel. Não poder pagar um profissional da saúde tem um efeito extremamente danoso em pessoas deprimidas propensas ao suicídio. Elas nem sequer conseguem obter uma receita de antidepressivo porque, ou não podem pagar a consulta de um médico que o receitaria, ou não podem pagar o próprio remédio.
Mas como a maioria dos suicídios parece ser de homens na faixa dos 50 anos, a principal razão do seu desespero é a rápida obsolescência de seu tipo social. A obsessão americana pela juventude tornou esses homens invisíveis. A rápida sucessão das novas ondas de tecnologias os fez sentir que já não se enquadram em seu ambiente. As mazelas econômicas dos últimos anos os privaram do emprego e da autoestima. E a intensificação da historicamente atrasada ascensão das mulheres - boa, positiva e necessária - tomou-lhes mais um pouco de terreno.
É difícil falar de todos esses desdobramentos como fatores por trás do aumento da incidência de suicídios porque tais fatores - cultura jovem, tecnologia, a mudança para uma economia de informação, a capacitação (de um certo grupo) de mulheres - são tendências de ponta das quais os Estados Unidos se orgulham. E quando as estatísticas de uma sociedade contradizem sua autoimagem, torna-se uma tarefa urgente dessa sociedade manter seu estado de espírito feliz justificando e esquecendo as estatísticas. / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK

Eu, cidadã


Alijada da campanha do Ministério da Saúde, a prostituta Nilce segue na luta contra as DSTs e pelo orgulho da classe

08 de junho de 2013 | 16h 40

Elder Ogliari, Porto Alegre
PORTO ALEGRE - Na fila e dentro do elevador de um edifício comercial do centro de Porto Alegre, Nilce Machado, 53 anos, é uma mulher discreta. Sua presença talvez fosse percebida se as centenas de pessoas que passam pelo local todos os dias se dessem conta de que ela esteve no centro de uma polêmica que levou três diretores do Ministério da Saúde a deixarem seus cargos durante a semana e pôs o próprio titular da pasta, Alexandre Padilha, sob uma série de críticas de organizações voltadas à defesa dos direitos humanos. Mas notoriedade é algo que não lhe interessa. Ela vai ao local quase todos os dias por uma causa. Como presidente do Núcleo de Estudos da Prostituição (NEP) atua na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, na defesa dos direitos civis e no incentivo à autoestima das profissionais do sexo, como ela.
Nilce luta pelo orgulho da classe - Ramiro Furquim/Estadão
Ramiro Furquim/Estadão
Nilce luta pelo orgulho da classe
Foi nessa condição que Nilce foi a João Pessoa (PB) em março, a convite do Ministério da Saúde, para participar da produção de material de divulgação de medidas de prevenção da saúde de populações específicas e autorizou o uso de sua imagem e de uma frase que vive repetindo - "Eu sou feliz sendo prostituta" - para uma campanha destinada a reduzir o preconceito contra as prostitutas e orientá-las sobre a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. A peça chegou a aparecer no portal do ministério em datas próximas ao Dia da Prostituta, 2 de junho, mas foi retirada da internet no dia 4 por decisão de Padilha. O diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do ministério, Dirceu Greco, foi exonerado. Em solidariedade, os diretores adjuntos Eduardo Barbosa e Rui Burgo pediram demissão na quarta-feira.
"Fiquei aborrecida", revela Nilce, ao falar da atitude do ministro. "Saí de minha casa, fui lá, não me omiti e, se fui como profissional do sexo, em campanha para um público específico, não entendo por que não posso falar sobre prostituição", prossegue, afirmando que não estará mais disponível para campanhas do órgão. E quanto à frase que provocou a polêmica, confirma tudo. "Sou prostituta e feliz porque adquiri muito conhecimento, é na profissão que consigo ajudar minhas colegas, ganho meu dinheiro, não tenho patrão, faço meu horário, tenho minha liberdade, cuido da minha saúde", relaciona. "Além disso, tenho uma bela família que me aceita como sou, prostituta e feliz", repete.
Até chegar à condição de militante da causa, Nilce percorreu um caminho de perdas e trabalho precoce, amores desfeitos e muita determinação para preservar sua característica independência. Nascida em Três de Maio, no oeste do Rio Grande do Sul, ficou órfã de mãe aos 9 anos e de pai aos 11 anos. Depois de morar na casa de tios por algum tempo, alugou uma casa com uma irmã e uma colega, aos 14 anos. E estudou até concluir o ensino médio. Apesar da pouca idade, passou a trabalhar como ajudante de limpeza de um supermercado. Saiu de lá quando era gerente, aos 18.
Quando deixou o supermercado, foi morar em Horizontina. Já era mãe da primeira filha, que decidiu criar sozinha depois de flagrar uma traição do namorado durante a gravidez. Em menos de um ano mudou de cidade de novo e foi para Campo Bom, no Vale do Rio dos Sinos, trabalhar na indústria calçadista. Lá teve outro namorado e a segunda filha, que o pai assumiu somente quando a criança tinha 6 meses. Depois de cinco anos na linha de produção de sapatos e tênis, decidiu deixar as filhas morando com o pai e os avós, que haviam mudado para Campo Bom, e foi procurar emprego em Porto Alegre.
Na capital, a vida de Nilce deu mais uma guinada. De uma troca de olhares em um terminal rodoviário urbano nasceu uma paixão. Em pouco tempo, o namorado sugeriu que ela fizesse programas. Depois de alguma relutância, topou e fez de uma esquina da rua Vigário José Inácio seu ponto. O primeiro cliente foi um homem de 65 anos. "Me senti estranha, mas no dia seguinte fui de novo e nunca mais saí", recorda. "Ali eu ganhava dinheiro e levava para minhas filhas."
A história com o gigolô durou sete anos. Depois teve outra, com um cabeleireiro, que durou nove anos, até ele morrer. Nesse período Nilce adquiriu um terreno em Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre, fez sua casa e levou as filhas para morar com ela. Hoje não quer mais ter marido, mas diz que forma uma família feliz, em meio às duas filhas, dois genros e três netos. Não tem muito contato com vizinhos, mas frequenta um centro espírita na comunidade e dedica todo o tempo livre a cuidar dos netos.
As atividades profissionais estão ambientadas a 15 quilômetros de casa. Nilce deixa Eldorado do Sul e vai para o lado leste do Guaíba, trabalhar de segunda a quinta-feira à tarde na remodelada Praça da Alfândega e em hotéis e motéis de Porto Alegre, longe do lar. "Prefiro homens de mais de 35 anos e não gosto de sair com rapazes, porque eles querem mais sexo e eu quero mais conversa e dinheiro", revela. Por um mínimo de R$ 50 o cliente sabe que terá sexo convencional - Nilce não trabalha com fetiches - e pelo menos um bom papo, mas nunca na casa de Nilce nem na do cliente.
"Como prostituta me sinto como uma psicóloga", valoriza. "Os clientes me procuram, vamos ao hotel e às vezes nem fazemos sexo; eles falam de seus problemas, demonstram preocupações com possível envolvimento dos filhos com drogas, desabafam, pedem conselhos, porque sabem que eu tenho conhecimento de prevenção de doenças."
Foi na mesma Praça da Alfândega, no final dos anos 1980, que Nilce percebeu que tinha de lutar por cidadania e pela união da categoria. Em uma batida da Brigada Militar ela não correu como suas colegas, como era costume na época, e por birra de um policial ficou algemada por quase toda uma tarde. "Fiquei lá, parada, pensando: ‘Se um dia a Princesa Isabel libertou os escravos, um dia isto aqui também vai mudar’".
Naqueles tempos em que surgiam as primeiras organizações de apoio e prevenção contra a aids, as prostitutas se organizaram em torno do NEP. Desde então a militância conseguiu muitos avanços. Nilce cita a conscientização para o uso da camisinha, que bloqueou não apenas as doenças sexualmente transmissíveis como também reduziu sensivelmente o número de abortos entre as profissionais. "Hoje, quando uma mulher é infectada quase sempre é pelo contato com namorados, e quase nunca por relações com clientes."
"O NEP foi criado para a prevenção, mas logo percebemos que teríamos de trabalhar também contra a violência e a discriminação", recorda Nilce. Os problemas não estão resolvidos, mas hoje a violência é menor do que há 25 anos porque a polícia não costuma mais bater em prostitutas nas ruas, e elas podem denunciar violações que sofrem. "A discriminação também diminui: as pessoas já não fazem chacota quando passam por nós", diz a presidente do NEP.
Nilce afirma ainda que, como ela, muitas prostitutas passaram a ter orgulho da profissão. Entendem que ajudam a sociedade disseminando a cultura da prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, e isso melhora sua autoestima. "Assumimos nossa cidadania", conclui.
  

Refém do corpo (sobre o aborto)


Mesmo sob risco de morte, jovem salvadorenha não pôde fazer aborto seguro no tempo certo

08 de junho de 2013 | 16h 34

Debora Diniz *
A ligação não era um convite, mas uma intimação. "Você precisa embarcar imediatamente. Beatriz corre risco de morte e tentaremos convencer a Corte Suprema de El Salvador a mudar a decisão contrária ao aborto." Até então, Beatriz era uma mulher sem rosto cuja história me mobilizava pelo sofrimento; naquele instante, passou a ser parte de minha vida. Imaginei sua solidão em uma cama de hospital, longe do marido e do filho de 1 ano - o lúpus ameaçava a sobrevida de seu corpo grávido, os rins anunciavam falhar. A voz ao telefone era gentil, mas se postulava como uma ordem: especialistas falariam aos juízes da Corte Suprema no julgamento dali a dois dias. Eu deveria me manter em silêncio sobre a viagem. Sob a credencial de especialista em bioética, meu dever era traduzir o óbvio em argumentos éticos. Ao final da ligação, uma pergunta me perturbava: no que acreditavam os que sentenciavam Beatriz à morte?
Salvadorenha não pôde fazer aborto seguro - Juan Carlos Hidalgo/Efe
Juan Carlos Hidalgo/Efe
Salvadorenha não pôde fazer aborto seguro
Saí à procura de seus argumentos. O primeiro que encontrei como porta-voz dos direitos do feto foi o arcebispo de São Salvador, José Luis Escobar. Sua voz recitava o mantra do medo: "Nos preocupa que o caso dessa jovem seja a porta para legalizar o aborto em El Salvador". O aborto é um absoluto moral segundo a Constituição Federal daquele país, um dos cinco da América Latina com leis tão restritivas, após uma reforma conservadora em 1999. A prática é proibida em todas as circunstâncias. A morte ou o parto seria o destino daquela mulher confinada ao hospital.
Encontrei um país dividido: ou se estava do lado da Igreja Católica ou contra ela. A excomunhão era uma ameaça franca ao burburinho político. Não sei se por prudência ou por arrogância, a corte indeferiu a participação dos especialistas. Isso foi no dia 10 de maio. Somente no dia 3 de junho Beatriz se submeteria à cesárea para não morrer grávida.
A peregrinação de Beatriz pelas autoridades teve início quando ainda estava com 13 semanas de gestação, logo após ter recebido o diagnóstico da malformação letal no feto. Nessa fase da gravidez, o aborto teria sido um procedimento médico de baixo risco para sua saúde e, possivelmente, realizado com medicamentos. Entre as vozes internacionais a pressionar El Salvador estava Juan Méndez, relator da ONU sobre tortura, que declarou a urgência de o país rever a legislação de aborto.
O caso perdeu-se pelas cortes locais e alcançou a Corte Interamericana de Direitos Humanos, que optou por um caminho ambíguo no pronunciamento - sustentou que El Salvador deveria evitar danos irreparáveis à vida e à saúde de Beatriz, mas evitou afirmar o direito ao aborto como medida para salvar sua vida. A espera foi torturante para Beatriz, mas um alento para um país amedrontado pelo dogma. A mesma ciência incapaz de acalmar os espíritos que acreditam que células recém-fecundadas são uma vida inviolável é que demarca a fronteira entre aborto e parto. Beatriz não soube como resistiu à espera sem sentido; era preciso superar a barreira das 20 semanas de gestação para o procedimento médico mudar de nome. Com 27 semanas, submeteu-se a uma cesárea e a uma ligadura tubária. O feto sobreviveu cinco horas fora de seu útero.
Não conheci Beatriz. Nunca vi o seu rosto, só ouvi sua voz. Beatriz gravou um depoimento emocionado em que choramingava "eu quero viver pelo meu outro filho". Era um pedido de socorro de uma mulher desesperada e desencarnada pela maternidade: ser mãe era o que a animava a viver, mas também o que justificava a sentença de morte imposta pelo Estado. Beatriz nem sequer se imaginava digna de viver por si mesma - seu pedido de socorro era pelo filho. Imagino-a uma mulher refém do próprio corpo, estrangeira no país que já a marginalizava pela pobreza. Agora, é mártir de uma história que não escolheu viver em um corpo doente, marcado pela lei e pelo pecado. Perturba-me imaginar como será a vida de Beatriz após sua saída do hospital.
Os grupos religiosos a descrevem como uma mulher mãe de dois filhos: o que espera seu acolhimento e o que foi enterrado como atestado da inutilidade da espera. Nessa longa jornada até a cesárea, planejou-se levar Beatriz para o México ou Espanha, países que a acolheriam como refugiada em procura da sobrevivência por um aborto seguro. A vida concreta de Beatriz é o que existe antes e depois dessa triste história. Imagino que ela esteja se preparando para voltar à vida comum de uma mulher pobre do interior de El Salvador, um dos países mais miseráveis da América Central - casa, família e trabalho voltarão a ser sua rotina. A mártir nacional, a mulher que acendeu a ameaça da excomunhão, será esquecida por quem se lançou no seu caminho como defensor da vida do feto. Mas Beatriz não é um dogma, é uma mulher concreta. Beatriz não é uma assassina, apenas queria manter-se viva. Ela sentiu medo, suplicou pela vida e esperou. Aos 22 anos, é uma sobrevivente.
* DEBORA DINIZ É ANTROPÓLOGA, PROFESSORA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA E PESQUISADORA DA ANIS - INSTITUTO DE BIOÉTICA, DIREITOS HUMANOS E GÊNERO