quarta-feira, 1 de maio de 2024

O Estado e os problemas sociais, Deirdre Nansen McCloskey, FSP

 Percebi que as "soluções" para o problema social da pobreza propostas por nossos amigos que estão à esquerda do centro —de igualdade de resultados ou de igualdade de oportunidades— são ambas impossíveis. A igualdade de permissão, pelo contrário, pode ser alcançada amanhã.

Mas a esquerda, nos últimos dois séculos, continuou vendo novos problemas sociais, grandes e pequenos, que, segundo ela, o mercado não consegue resolver. Favelas. Educação ruim. Monopólio. Assim como suas soluções impossíveis para a desigualdade, muitas de suas ideias são não soluções para não problemas.

E mesmo para um problema real, os amigos da esquerda supõem, sem pensar muito, que o Estado pode fazer melhor. Quando pensam que a inovação está demasiadamente lenta, por exemplo, recorrem imediatamente à "política industrial". Quando pensam que o ciclo econômico é um problema, criam um banco central.

Seria ótimo se qualquer resultado social de que não gostássemos pudesse ser resolvido pela elaboração de uma nova lei e a designação de burocratas. Mas apenas alguns dos problemas reais que enfrentamos têm uma solução tão simples e real. Se o Canadá invadir os Estados Unidos, ou se o Paraguai invadir o Brasil, claro, mande um exército. Problema resolvido.

Prisioneiros de guerra e famílias paraguaias no acampamento de San Fernando, no "Álbum da Guerra do Paraguai" - Acervo Biblioteca Nacional del Paraguay

No entanto, nossos amigos da esquerda, e muitos dos nossos amigos da direita, também acreditam que todo "problema social" requer intervenção estatal. É por isso que os Estados modernos continuam crescendo. As pessoas passaram a acreditar que, se algo que consideram ruim acontece, alguém deve ser o culpado, e a solução óbvia é fazer com que o Papai-Estado contenha as pessoas más.

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Problema resolvido. Comida suja? Crie um departamento estatal para inspecionar os alimentos. Fácil.
Ainda não. A intervenção estatal muitas vezes não funciona bem, agravando o problema. O controle dos aluguéis, por exemplo, e o salário mínimo prejudicam os pobres que deveriam ajudar. As "externalidades" estão por toda parte na sociedade humana e, portanto, não oferecem um simples sinal de que a intervenção estatal seja uma boa ideia. Com frequência a pressão do mercado é a solução.

Se déssemos aos moradores das favelas direitos de propriedade sobre os terrenos que ocupam, as favelas desapareceriam. Quando o óleo de baleia usado para iluminação ficou caro, o óleo extraído do solo tornou-se querosene. Quando o esterco de cavalo começou a obstruir as cidades, os novos automóveis por acaso resolveram o problema.

Seja adulto. Não corra para o Papai-Estado todas as vezes.


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