terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Foto do autor: Eliane Cantanhêde Tarcísio nega candidatura, mas lapida a imagem e já mira um partido: o PSD, OESP

 Quem entra no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, não para de ouvir, por toda parte, que o governador Tarcísio Gomes de Freitas não será candidato à Presidência em 2026, mas poderá ser em 2030 e tudo depende do desempenho do presidente Lula. Se Lula for bem, é considerado “imbatível”. Pelo sim, pelo não, Tarcísio já vem lapidando sua imagem e até preparando a filiação num partido forte: o PSD, “partido do Kassab”.

Desde 2012, o PSD aumentou em 95% o número de cidades controladas e, segundo levantamento do jornal digital Poder 360, desbancou o MDB como líder no ranking de prefeituras. A eleição presidencial de 2026 ainda deverá ser polarizada entre o lulismo e o bolsonarismo, mas a demanda por alternativas vai crescer e, enquanto o PSDB e o União Brasil encolhem, o PSD infla e mantém um pé no governo Lula e outro no de Tarcísio. O atual partido do governador, o Republicanos, além de ser o nono em prefeituras (257), é a arma política de igrejas evangélicas.

Tarcísio tem deixado a articulação política nas mãos de Gilberto Kassab, o experiente fundador do PSD
Tarcísio tem deixado a articulação política nas mãos de Gilberto Kassab, o experiente fundador do PSD Foto: Beatriz Bulla/ESTADAO

Engenheiro nota 10 do Instituto Militar de Engenharia (IME), ex-oficial do Exército e ex-assessor do Congresso, Tarcísio é considerado um gestor aplicado, mas sem traquejo político. Os ourives que trabalham sua imagem e o “traquejo” são justamente Gilberto Kassab, ex-prefeito, ex-ministro e “dono” do PSD, e Afif Domingos, ex-candidato à Presidência, ex-assessor do ministro da Economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, e craque nas manhas políticas de São Paulo.

A base é construir identidade, público e projeto próprio para o governador, tratando Jair Bolsonaro, que o lançou na política, com uma velha máxima do marketing, expressada pelo diplomata e então ministro da Fazenda de Itamar Franco, Rubens Ricupero: “o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde”.

“Bolsonaro ajuda, mas atrapalha”, é a resposta que paira sobre gabinetes e corredores do Bandeirantes, onde diferentes escalões defendem que Tarcísio esteja próximo do ex-presidente e ex-chefe o suficiente para herdar seus votos, mas longe o bastante para evitar ser contaminado pela alta rejeição dele, sobretudo na capital paulista. Esse é o detalhe mais delicado e sofisticado da lapidação da futura candidatura

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