terça-feira, 11 de março de 2025

Vendas de novos imóveis atingem maior patamar em 10 anos em 2024, afirma associação, FSP

 Patrícia Vilas Boas

SÃO PAULO | REUTERS

As vendas de novos imóveis subiram 11,8% em 2024, chegando a 186,5 mil unidades, atingindo o maior volume já registrado na série histórica da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias). A entidade acompanha os números do setor desde 2014.

Segundo dados divulgados nesta terça-feira (11), o total de imóveis residenciais lançados no ano passado aumentou 21,9%, indo para 150,2 mil unidades.

A imagem mostra dois edifícios altos em uma área urbana. O edifício da direita é de cor clara e possui várias janelas. À esquerda, há um edifício mais moderno e alto. No primeiro plano, há uma cerca e um veículo branco estacionado. O céu está limpo com algumas nuvens.
Prédio em construção na zona oeste de São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress

Dentro do programa Minha Casa Minha Vida, o volume de lançamentos e vendas de imóveis cresceu 25,2% e 13,1%, respectivamente, no ano passado, dada à "boa formatação do programa", afirmou a Abrainc.

Nos segmentos de médio e alto padrões, os lançamentos subiram 21,4% em 2024, enquanto as vendas tiveram variação levemente positiva de 1,3%.

A Abrainc também destacou queda na duração da oferta de imóveis —período médio para acabar o estoque, com a do segmento de médio e alto padrões chegando a 13 meses em dezembro de 2024. Em 2023, o intervalo era de 18,4 meses, enquanto em 2022 foi de 18,2 meses.

Já no segmento MCMV, o período médio para acabar o estoque caiu para 9,8 meses no último mês do ano passado, de 11,5 em 2023 e 11,7 em 2022.


Mariliz Pereira Jorge - Folha deveria excluir a seção de comentários, FSP

Em 2016, a Folha alterou as regras da seção de comentários, baniu apelidos e apenas assinantes com nome e sobrenome passaram a ter acesso. Foi uma medida necessária para qualificar o debate, ao mesmo tempo que prestigiava o leitor. Ao acabar com o anonimato dos comentaristas, o jornal conseguiu frear a agressividade quase exclusiva àqueles que se manifestavam sem identificação.

A discussão parecia ter se sofisticado e a transparência afastado os baderneiros, mas nada é tão ruim que não possa piorar. Na sequência, a interação foi fechada nas notícias de mortes como a da ex-primeira-dama Marisa Letícia, em 2017, da mãe da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2019, e voltou a ser bloqueada, em 2022, quando morreu a progenitora de Jair Bolsonaro e, alguns meses depois, o guru da extrema direita Olavo de Carvalho. Isso pode dar uma ideia do nível a que descemos.

Leitores visitam a Redação da Folha - Rubens Cavallari/Folhapress

Sou leitora assídua dos comentários, não apenas das minhas colunas, mas de todos os temas que me interessam. O ambiente digital com o carimbo Folha sempre me pareceu o lugar para encontrar a controvérsia saudável e necessária para o debate público e por me aproximar do leitor, com quem tenho compromisso e por quem nutro profundo respeito.

Há anos ouço para ficar longe desse espaço, o que ainda resisto, mas percebo que os responsáveis por opiniões fundamentadas desapareceram, em sua maioria, talvez em fuga pela barbárie. Deram vez aos que, mesmo plenamente identificados, agridem, assediam, difamam. Muitos seriam passíveis de ações, mas, sempre que o senso de justiça me provoca, me lembro de que Otavio Frias Filho defendia que jornalista não processa, é processado.

Se a finalidade da Folha é aproximar o leitor e promover uma discussão refinada, parece claro que o espaço já deixou de cumprir a função há tempos. Mesmo com a moderação, infelizmente necessária, baixaria e assédio têm sido confundidos com liberdade de expressão. Talvez esteja na hora de o jornal radicalizar e seguir o exemplo do The Guardian e do site de tecnologia Wired: excluir a seção de comentários em nome da civilidade. 

Deirdre Nansen McCloskey -Como se recuperar de uma depressão, FSP

 Em abril será publicado um livro brilhante sobre a Grande Depressão nos EUA, "False Dawn: The New Deal and the Promise of Recovery, 1933–1947" [Falso amanhecer: o New Deal e a promessa de recuperação], de George Selgin. Se você quer entender sobre dinheiro e desemprego, o padrão-ouro e o New Deal, leia-o. Selgin é um importante economista monetário e um exímio historiador. E escreve em inglês com clareza e elegância.

A depressão no Brasil foi curta e branda em comparação à terrível condição dos EUA em 1933: após quatro anos de declínio doentio, um quarto da força de trabalho estava desempregada. Se a recuperação tivesse sido tão rápida quanto no Brasil, não haveria o "Grande" sobre a Depressão. Mas ela durou até a guerra mascará-la. O investimento privado foi virtualmente zero durante toda a década de 1930.

Em comparação, a crise da Covid acabou em poucos meses e até a recessão de 2008-09 (também "Grande") foi menos severa. A pior depressão foi a de 1893, mas a dos anos 1930 foi mais profunda e duradoura.

No Brasil, na década de 1930, as exportações de café diminuíram acentuadamente e, numa tentativa tola de aumentar os preços, o Brasil queimou muito café. Mas os Estados Unidos adotaram o mesmo tipo de política e até pior, com a Lei de Ajuste Agrícola. Suas "ordens de comercialização", por exemplo, ainda são usadas para permitir a queima de café.

A imagem mostra uma série de estátuas de homens em fila, todas vestindo casacos longos e chapéus. As estátuas estão iluminadas com luzes azuis e vermelhas, criando um efeito dramático. O fundo é uma parede de tijolos, que também reflete as cores da iluminação.
Escultura em bronze 'Fila do Pão na Depressão', de George Segal, no Memorial Franklin Delano Roosevelt, em Washington - Paul J. Richards - 7.mar.09/AFP

França adotou intervenções semelhantes e teve maus resultados semelhantes. Esperam-se intervenções malucas de nossos queridos amigos franceses; afinal, eles fazem isso desde o século 17.

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Mas as intervenções não eram comuns nos EUA até Roosevelt e seu New Deal. Elas tinham três objetivos: alívio imediato da fome; reformas em prazo maior, tais como o governo federal favorecer os sindicatos pela primeira vez; e recuperação da depressão.

Selgin mostra que o alívio funcionou, mas as reformas principalmente retardaram a recuperação. E ele mostra que nem o déficit de gastos à la Keynes nem a expansão monetária à la Friedman foram tentados. Nem os keynesianos nem os monetaristas podem usar a década de 1930 como argumento.

A explicação habitual para a recuperação é a guerra. Mas se gastar com armas, navios e soldados era a solução, por que a depressão não rugiu de volta quando, em 1945, os EUA pararam de fabricar armas e navios e enviaram 16 milhões de soldados para casa? Os economistas da época achavam que ela voltaria. Não voltou. Os EUA prosperaram.

Por quê? Selgin conclui que na década de 1930 o medo de o governo assumir a economia fez cessar o investimento privado. Você não instala novas máquinas se acha que o socialismo está chegando. O medo era racional. Nos anos 1930, Roosevelt atacou repetidamente os "monarquistas econômicos". Em toda parte países caíam no socialismo e, especialmente, no fascismo, como Getúlio Vargas e o Estado Novo.

Então, na década de 1940, ficou claro que os EUA não expropriariam os capitalistas. Estes voltaram a investir, pondo em ação novas tecnologias, em grande estilo. Alemanha, Itália e Japão fizeram o mesmo e prosperaram. No Reino Unido, o governo trabalhista de 1945-51 nacionalizou muitas indústrias. O Reino Unido estagnou.

A mensagem? Simples: se você quer prosperidade, deixe o investimento acontecer.