terça-feira, 11 de março de 2025

Deirdre Nansen McCloskey -Como se recuperar de uma depressão, FSP

 Em abril será publicado um livro brilhante sobre a Grande Depressão nos EUA, "False Dawn: The New Deal and the Promise of Recovery, 1933–1947" [Falso amanhecer: o New Deal e a promessa de recuperação], de George Selgin. Se você quer entender sobre dinheiro e desemprego, o padrão-ouro e o New Deal, leia-o. Selgin é um importante economista monetário e um exímio historiador. E escreve em inglês com clareza e elegância.

A depressão no Brasil foi curta e branda em comparação à terrível condição dos EUA em 1933: após quatro anos de declínio doentio, um quarto da força de trabalho estava desempregada. Se a recuperação tivesse sido tão rápida quanto no Brasil, não haveria o "Grande" sobre a Depressão. Mas ela durou até a guerra mascará-la. O investimento privado foi virtualmente zero durante toda a década de 1930.

Em comparação, a crise da Covid acabou em poucos meses e até a recessão de 2008-09 (também "Grande") foi menos severa. A pior depressão foi a de 1893, mas a dos anos 1930 foi mais profunda e duradoura.

No Brasil, na década de 1930, as exportações de café diminuíram acentuadamente e, numa tentativa tola de aumentar os preços, o Brasil queimou muito café. Mas os Estados Unidos adotaram o mesmo tipo de política e até pior, com a Lei de Ajuste Agrícola. Suas "ordens de comercialização", por exemplo, ainda são usadas para permitir a queima de café.

A imagem mostra uma série de estátuas de homens em fila, todas vestindo casacos longos e chapéus. As estátuas estão iluminadas com luzes azuis e vermelhas, criando um efeito dramático. O fundo é uma parede de tijolos, que também reflete as cores da iluminação.
Escultura em bronze 'Fila do Pão na Depressão', de George Segal, no Memorial Franklin Delano Roosevelt, em Washington - Paul J. Richards - 7.mar.09/AFP

França adotou intervenções semelhantes e teve maus resultados semelhantes. Esperam-se intervenções malucas de nossos queridos amigos franceses; afinal, eles fazem isso desde o século 17.

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Mas as intervenções não eram comuns nos EUA até Roosevelt e seu New Deal. Elas tinham três objetivos: alívio imediato da fome; reformas em prazo maior, tais como o governo federal favorecer os sindicatos pela primeira vez; e recuperação da depressão.

Selgin mostra que o alívio funcionou, mas as reformas principalmente retardaram a recuperação. E ele mostra que nem o déficit de gastos à la Keynes nem a expansão monetária à la Friedman foram tentados. Nem os keynesianos nem os monetaristas podem usar a década de 1930 como argumento.

A explicação habitual para a recuperação é a guerra. Mas se gastar com armas, navios e soldados era a solução, por que a depressão não rugiu de volta quando, em 1945, os EUA pararam de fabricar armas e navios e enviaram 16 milhões de soldados para casa? Os economistas da época achavam que ela voltaria. Não voltou. Os EUA prosperaram.

Por quê? Selgin conclui que na década de 1930 o medo de o governo assumir a economia fez cessar o investimento privado. Você não instala novas máquinas se acha que o socialismo está chegando. O medo era racional. Nos anos 1930, Roosevelt atacou repetidamente os "monarquistas econômicos". Em toda parte países caíam no socialismo e, especialmente, no fascismo, como Getúlio Vargas e o Estado Novo.

Então, na década de 1940, ficou claro que os EUA não expropriariam os capitalistas. Estes voltaram a investir, pondo em ação novas tecnologias, em grande estilo. Alemanha, Itália e Japão fizeram o mesmo e prosperaram. No Reino Unido, o governo trabalhista de 1945-51 nacionalizou muitas indústrias. O Reino Unido estagnou.

A mensagem? Simples: se você quer prosperidade, deixe o investimento acontecer.

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