sexta-feira, 24 de maio de 2024

Hélio Schwartsman - Cancelados da saúde, FSP

 Planos de saúde estão cancelando de forma unilateral os contratos de usuários "caros", isto é, de pessoas com condições crônicas e custosas, como o autismo, ou em meio a tratamentos particularmente dispendiosos, como os oncológicos. Alegam que estão zelando pela viabilidade financeira de sua carteira de clientes. Em tese, a lei lhes faculta rescindir apólices das modalidades empresarial ou por adesão que não tenham interesse em manter. Mas fazê-lo é dar um tiro no pé.

Planos de saúde são uma combinação de poupança (usada nas despesas médicas ordinárias, como consultas e exames periódicos) com seguro (usado em eventos catastróficos como acidentes ou a descoberta das tais moléstias "caras"). É a parte seguro que faz com que as pessoas contratem as operadoras. Se fosse só para guardar dinheiro para consultas e check-ups, poderiam recorrer à velha caderneta de poupança. E não é preciso ser um gênio dos negócios para perceber que, se as seguradoras param de honrar seus compromissos, é questão de tempo para que as pessoas parem de contratar seguros.

Mulher branca maquiada de cabelos castanhos escuros ao lado de um menino branco de cabelos castanhos em uma piscina de bolinhas verdes
A corretora de planos de saúde Dayah Castro, 39, com o filho Salomão, de 11 anos, que está no espectro autista; família recebeu aviso de cancelamento de plano da Amil - Arquivo pessoal - Arquivo pesso - Arquivo pessoal

Regulações no Brasil tendem a ser malfeitas, mas, no caso dos planos de saúde, capricharam. Deixaram o consumidor ao relento no que há de mais importante, que é assegurar que ele não tenha seus tratamentos interrompidos, e o encheram de mimos de duvidosa eficácia médica.

Os reguladores vêm há anos ampliando as coberturas sem uma boa análise de custo-benefício. Um exemplo: como não há mais limites para consultas com psicólogos, um usuário pode passar 20 anos vendo um psicanalista cinco vezes por semana e repassar toda a conta para o plano. Difícil crer que não existam terapias mais breves igualmente eficientes.

Os planos não são santos, mas têm razão quando se queixam das fraudes, que foram profissionalizadas e se tornaram endêmicas, e da generosidade dos reguladores, que impossibilita um gerenciamento racional do sistema.

Nvidia adiciona mais de R$ 1,03 trilhão ao seu valor de mercado pós-balanço, FSP

 EUTERS

As ações da Nvidia dispararam mais de 9% nesta quinta-feira (23), aproveitando um rali impressionante conforme sua previsão robusta para receita reforçava a confiança dos investidores no "boom" da demanda por chips devido à inteligência artificial.

O aumento se traduziu em um acréscimo de cerca de R$ 1,12 trilhão em valor de mercado no dia, de acordo com dados da LSEG, o segundo maior ganho de capitalização de mercado em um único dia na história de Wall Street.

Logo da Nvidia. - Dado Ruvic/Reuters

A grande movimentação das ações ocorreu mesmo em meio a altas expectativas para a Nvidia. Suas ações foram negociadas perto de picos históricos antes da divulgação dos lucros.

Os resultados também coroaram um trimestre forte para gigantes de tecnologia dos Estados Unidos, como a Microsoft, com a IA emergindo como um importante motor de crescimento.

"As empresas continuam aumentando as suas despesas de capital, especialmente as big techs, para acompanhar essa tecnologia revolucionária, e a Nvidia é de longe a maior beneficiária", disse Josh Gilbert, analista de mercado da eToro.

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A Nvidia também anunciou um desdobramento de ações de 10 por 1 e aumentou seu dividendo trimestral em 150% na quarta-feira (22), à medida que a demanda por seus chips de última geração continua a exceder a oferta. Esses chips alimentam praticamente todas as aplicações de IA, incluindo o ChatGPT, da OpenAI.

Já sendo a terceira empresa mais valiosa do mundo, o ganho de valor de mercado da Nvidia nesta quinta-feira foi quase o equivalente ao valor total da Adobe. O aumento ficou atrás apenas do seu próprio salto de R$ 1,4 trilhão em valor de mercado ocorrido em fevereiro, no dia seguinte à divulgação de um balanço anterior.

O valor de mercado da Nvidia, de R$ 13,14 trilhões, também está se aproximando do valor da Apple, a segunda maior empresa dos EUA em valor de mercado, com R$ 14,79 trilhões. A Microsoft é a maior empresa em valor de mercado, com R$ 16,34 trilhões.

As ações da Nvidia fecharam em R$ 5349,07, acima da marca de R$ 5153,3. Seus papéis acumulam alta de quase 110% em 2024, após mais que triplicarem no ano passado.

Os ganhos da Nvidia nesta quinta-feira resistiram a uma desaceleração mais ampla no mercado de ações como um todo, com o S&P 500 caindo 0,7% no dia, enquanto as outras seis das "Sete Magníficas" megacaps fecharam no vermelho.

Tarcísio de Freitas e a revisão de benefícios fiscais em São Paulo, FSP

 


SÃO PAULO

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) decidiu abraçar uma agenda que já deu muita dor de cabeça a seus antecessores no governo paulista: a revisão de benefícios fiscais.

No final de abril, o governo de São Paulo publicou decreto em que prorrogou 40 incentivos de ICMS que venciam no dia 30 daquele mês. Outros 23 benefícios não foram prorrogados. Entre eles, isenções para cebola, preservativos, aviões e alguns veículos; e reduções na base de cálculo para alho, mandioca e areia.

Nesta semana, Tarcísio apresentou o plano "São Paulo na Direção Certa", que tem entre seus pilares a revisão do gasto tributário. A proposta de Orçamento do governo paulista lista mais de R$ 70 bilhões em renúncias de ICMS e IPVA.

Governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) durante cerimônia de posse no Palácio dos Bandeirantes
Governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) durante cerimônia de posse no Palácio dos Bandeirantes - Zanone Fraissat-1º.jan.2023/Folhapress

O argumento é que há muitos benefícios que já não fazem sentido.

Em evento na última quinta, o governador deu alguns exemplos daquilo que pode ser mantido (veja mais abaixo). Também disse que aquilo que só serve para aumentar margem de lucro vai acabar.

O governo paulista afirma que apoiou a reforma tributária, que acaba com a guerra fiscal baseada em incentivos fiscais, já que as exceções serão as mesmas em todo o país.

Se a chave já vai virar ali na frente —na transição a partir de 2029—, por que não começar a rever isso agora?

O "São Paulo na Direção Certa" não deixa de ser também um contraponto ao governo federal. Abraça a revisão de desonerações que também marca a política do Ministério da Fazenda, mas traz medidas de enxugamento da máquina e revisão de políticas públicas. São dois pontos pelos quais o governo federal tem sido cobrado.

Tirar do papel a revisão de benefícios não é tarefa simples. Para ficar em exemplos recentes, o ex-governador João Doria, o ex-ministro Paulo Guedes e o ministro Fernando Haddad viram muitas dessas iniciativas naufragarem no Legislativo ou no Judiciário.

Como será agora em São Paulo? O governador diz que essa "agenda mais liberal tem reverberado muito bem" entre os deputados e que essa é uma Assembleia Legislativa "que caminha na direção certa".

ADENDO: OS EXEMPLOS CITADOS PELO GOVERNADOR

Em evento na última quinta (23), o governo citou alguns exemplos de benefícios que podem acabar ou ser mantidos.

Quando uma empresa tem uma planta em São Paulo e outra na Zona Franca de Manaus, o benefício é necessário para manter a competitividade. Se ele acabar, a empresa "desliga a chave aqui começa a produzir só lá".

Outro exemplo são empresas que estão no meio de cadeia produtiva e trabalham com insumo importado. Sem o incentivo, o mesmo insumo entraria no país por outro estado, gerando perda de receita, o que não é objetivo do governo paulista.

Se os números mostrarem que a retirada do benefício não afeta a participação do estado no mercado daquele produto, ele perde o sentido de existir. Ou seja, está servindo apenas para aumentar a margem de lucro da empresa.

"Benefício que é margem, a gente vai retirar", disse o governador.