terça-feira, 4 de abril de 2023

Polícia diz que professor mandou matar grávida no RJ porque não queria se divorciar, FSP

 Bruna Fantti

RIO DE JANEIRO

Polícia Civil fluminense concluiu, nesta segunda (3), que Diogo Nadai, 39, mandou matar a engenheira Letycia Peixoto Fonseca, 31, para manter o casamento dele com uma professora e por vergonha da família. O crime ocorreu em 2 de março, em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro.

Letycia, que estava grávida de oito meses, foi morta na porta de casa quando estacionava o carro. Imagens de câmeras de segurança mostram dois homens em uma moto parando ao lado do veículo e o que está na garupa atira contra ela. O bebê também não sobreviveu.

Folha procurou nesta terça (4) do advogado do professor universitário, mas o defensor não respondeu. Nadai está preso desde 7 de março e sua defesa tenta uma liminar para soltá-lo. No último dia 27, ele ficou em silêncio durante acareação realizada na Promotoria.

Outros quatro suspeitos de envolvimento no crime também estão presos.

A engenheira Letycia Fonseca Peixoto e o professor universitário Diogo Viola de Nadai
A engenheira Letycia Fonseca Peixoto e o professor universitário Diogo Viola de Nadai - Arquivo pessoal

De acordo com a polícia, Nadai, que é casado há 13 anos com outra professora, manteve nos últimos oito anos um relacionamento extraconjugal com Letycia, que era sua aluna.

Letycia, por sua vez, acreditava estar em um relacionamento com um homem divorciado, ainda segundo a polícia. Já a esposa de Nadai não sabia da existência de Letycia.

"Esse relacionamento com a Letycia parecia ser apenas um esquema fora do casamento, e não uma relação séria, até que, em 2018, ela engravida", disse a delegada Natalia Patão, que conduziu a investigação, em entrevista na noite desta segunda (3). Letycia sofreu um aborto espontâneo.

Em 2019, de acordo com testemunhas ouvidas pela polícia, Nadai afirmou que estava divorciado e passou a morar também com Letycia. "As mentiras, a partir daí, foram sucessivas e infinitas. Ele tinha que conseguir manter dois relacionamentos que dizia para ambas se um relacionamento firme", disse a delegada.

Para a Letycia, Nadai afirmava que estava em viagens de pôquer, pois os campeonatos ocorriam fora do Rio de Janeiro e duravam até dez dias, segundo a polícia. Para a esposa, contava que estava em depressão e passava noites dormindo em uma clínica psiquiátrica.

Outras desculpas, diz a polícia, também eram usadas, como viagens a trabalho e para visitas a parentes distantes.

"Com a gravidez da Letycia, ele já não tem mais aquela opção que ele tinha durante os oito anos, ele já não tinha mais possibilidade de escolha. A família do Diogo se apresenta com valores éticos, com princípios morais, com convicções, com crenças religiosas", afirmou a delegada. "Os amigos dele também narram que ele era moralista, então ele não tinha como apresentar um filho fora do casamento para a família."

Segundo a delegada, Nadai contratou Gabriel Machado para intermediar o crime. Gabriel, por sua vez, contratou Dayson dos Santos como atirador, e Dayson chamou Fabiano Conceição.

Em depoimento à polícia, Fabiano afirmou que dirigiu a moto utilizada no ataque e que teria sido contratado para um roubo, não um homicídio. Já Dayson, apontado pela polícia como autor dos disparos contra a engenheira, permaneceu em silêncio na delegacia. Os advogados deles não foram localizados pela reportagem.

Fotos do carro que Letycia usava, além da foto do crachá de trabalho, foram enviadas aos atiradores.

Os acusados devem responder por homicídio triplamente qualificado e pelo feminicídio contra gestante.

Qual o efeito de gastos e impostos sobre o PIB?, FSP

 Quando falamos sobre questões fiscais, frequentemente fazemos uma analogia das contas do governo com o orçamento de uma família. A analogia sempre gera comentários indignados nas redes sociais.


Como uma família, o governo precisa endividar-se quando gasta mais do que ganha. Dívidas mais altas tendem a levar a maiores taxas de juros e maiores riscos. É, portanto, prudente não deixar a dívida crescer a esse ponto.

Apesar de útil, a analogia de fato é incompleta.

Uma diferença crucial entre o orçamento do governo e o de uma família é que gastos e impostos afetam o quanto se produz na economia. Mais tributação desestimula a produção. Cortes de gastos reduzem a demanda por bens e serviços, o que pode afetar negativamente a produção.

Uma extensa literatura em economia busca estimar o tamanho do efeito de mudanças nos impostos e nos gastos do governo.

Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo, em abril de 2017 - Dário Oliveira - 12.abr.17/Folhapress

Não é fácil estimar esses efeitos. Consolidações fiscais em países emergentes tendem a acontecer em momentos de crise, assim como cirurgias tendem a ocorrer quando o paciente tem problemas. Avaliar a cirurgia requer comparar seu resultado com o que aconteceria se o paciente não tivesse sido operado. O mesmo vale para consolidações fiscais, mas, em geral, em economia é difícil saber o que teria acontecido se outras medidas tivessem sido tomadas.

As diversas estimativas do efeito da política fiscal na economia utilizam uma variedade de técnicas estatísticas para contornar esse problema.

Como seria de esperar, nem todos os trabalhos chegam a resultados semelhantes. Ainda assim, a literatura traz algumas lições importantes.

Para países desenvolvidos, como os Estados Unidos, aumentos nos gastos ou reduções em impostos tendem a impulsionar o PIB (Produto Interno Bruto). Gastos menores e impostos maiores fazem o contrário. O efeito parece substancial. Entretanto, o efeito de consolidações fiscais depende de muitos fatores.

Um estudo particularmente influente usa dados trimestrais de 44 países. Uma conclusão é que mudanças na política fiscal têm grande impacto no PIB em países desenvolvidos, mas muito menos efeito em países emergentes (e menos efeito quando o regime de câmbio é flexível).

Esse trabalho conclui também que, quando a dívida pública é alta, cortar gastos ou aumentar impostos não tem efeitos negativos no produto.

De fato, em momentos de desconfiança sobre os rumos da dívida, consolidações fiscais parecem particularmente importantes. Essa lógica funcionou em 2003, quando o governo Lula prometeu —e cumpriu— aumentar o superávit primário para 4,25% do PIB.

A maneira como o ajuste é feito parece afetar seus efeitos no produto.

Vários trabalhos concluem que cortar investimentos públicos tem um efeito negativo substancial sobre o produto.

Usando dados de países latino-americanos, há evidências de que consolidações fiscais por meio de aumentos de impostos afetam negativamente o PIB mais do que ajustes baseados em cortes nos gastos.

Essas evidências não são definitivas, mas são o que temos no momento para guiar as decisões de política macroeconômica. De acordo com essa literatura, um ajuste fiscal hoje não teria o efeito negativo de curto prazo no PIB, comum em outros casos.

Muitos dos comentários sobre os planos fiscais parecem supor que uma forte consolidação teria um efeito recessivo. Até onde sabemos, essas ideias não correspondem aos fatos.

No Brasil de hoje, a analogia entre as contas do governo e o orçamento de uma família funciona muito bem.


Indústria da construção debate aumento do uso de madeira em obras no país, FSP

 


SÃO PAULO

O aumento do uso de madeira na construção deve ser um dos temas principais dos debates no Enic, o encontro anual do setor promovido pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).

José Carlos Martins, presidente da CBIC, afirma que as regiões Norte e Sul são mais propensas ao desenvolvimento deste mercado.

Funcionário executa corte em madeira vendida em casa de construção
Funcionário executa corte em madeira vendida em casa de construção - Alessandro Shinoda - 17.ago.2012/Folhapress

Segundo Martins, a madeira está no radar do setor porque deve atrair vantagens ambientais, econômicas, de rapidez, limpeza de canteiro e qualidade de produto. Ele afirma que o insumo deve ser impulsionado na esteira do Minha Casa, Minha Vida.

O avanço no uso da madeira nos sistemas construtivos no Brasil também pode servir de alternativa às oscilações dos mercados de cimento e aço.

O Enic está marcado para a próxima semana, entre os dias 12 e 14, na São Paulo Expo, e vai ser realizado em parceria com a Feicon.

Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix