sexta-feira, 4 de março de 2022

PEDRO DORIA - Zelenski usa redes sociais como nunca se viu e está tendo sucesso, Link OESP

 Volodymyr Zelenski, o presidente da Ucrânia, é algo novo: está usando as redes como chefe de Estado de país em guerra. De seu exemplo, inevitavelmente, sairão algumas lições sobre como democracia e o mundo online se encontram. Com toda a cautela necessária para a comparação histórica, é um Churchill. Winston Churchill era o premiê britânico quando a Europa  havia sido engolida pelo nazifascismo. Zelenski é o presidente de um país invadido pelo vizinho imperialista. Estando clara a diferença, o mundo nunca havia visto alguém inspirar pelo rádio como Churchill. E nunca viu alguém fazer o mesmo pelas redes como Zelenski. Ambos foram os primeiros a dominar os novos meios para este fim.

Numa guerra, um chefe de Estado tem duas missões. Inspirar para o sacrifício de vida e conseguir apoio de outras nações. Com sua voz anasalada e pausada, Churchill manteve os britânicos de pé sob bombardeio contra civis.

Volodymyr Zelenski é um ator – não se limita ao humor. Seu personagem na TV era um professor conservador, daqueles indignados com os “corruptos”. Com o sucesso, fez o personagem se candidatar a presidente e ganhar. E, aí, ele próprio se candidatou. Venceu. Nos EUA, Donald Trump o tratou como um politicozinho. Na Rússia, Vladimir Putin achou que não teria problema. Erraram. Ronald Reagan já devia ter sido lição sobre as qualidades que um ator traz para o exercício da presidência.

É um erro achar que é só o exercício fútil de uma técnica. Esse cara se comprometeu a ficar em Kiev até o fim. Ele e sua mulher têm 44 anos, juntos têm uma filha de 17 e um menino de 9. Impor este nível de sacrifício causa estranheza? Chefe de Estado em guerra não tem essa escolha. Está pedindo a mães e pais que façam o mesmo para manter de pé a praça em frente a suas casas, para manter vivos os professores em suas escolas, para manter livres seus amigos. Este é o peso real em tempo de guerra.

Para mostrar que está em Kiev, diariamente distribui pelas redes selfies com seus ministros. Para arrancar dos vizinhos mais ricos armas e concessões, está num Zoom constante. Lança ainda mensagens aos russos comuns, buscando empatia. É claro que o veículo da mensagem é a emoção. Este é um debate a respeito de valores e Zelenski deixa isto claro. Está fazendo chefes de Estado chorar, criando mobilização que pressiona outros líderes.

Ele está pedindo coisas muito difíceis para públicos muito diferentes. E está conseguindo. Quem o resume a “um humorista” não entendeu nada. Não entendeu, sequer, o que fazem humoristas.

Tribunal de Justiça condena psiquiatra autora de best-seller por plágio, Rogério Gentile, FSP

 O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou por plágio a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do best-seller "Mentes Ansiosas", lançado pela Editora Objetiva em 2011.


Os desembargadores, que mantiveram a decisão de primeira instância, concluíram que a obra reproduziu trechos de um livro chamado "Sem Medo de Te Medo", lançado em 2006 pelo médico psiquiatra Tito Paes de Barros Neto (Editora Casa do Psiquiatra).

Uma perícia, anexada aos autos, apontou que 28 trechos do livro de Tito foram reproduzidos, de forma parcial ou conceitual, na primeira edição de "Mentes Ansiosas". A segunda edição reproduziu quatro trechos.

Capa do livro "Mentes Ansiosas - Medo e Ansiedade Alem dos Limites", de Ana Beatriz Barbosa Silva
Capa do livro "Mentes Ansiosas - Medo e Ansiedade Alem dos Limites", de Ana Beatriz Barbosa Silva - Divulgação

"É possível verificar significativa semelhança entre as obras, inclusive com relação aos tópicos e ao modo de abordagem da matéria", afirmou na decisão o desembargador Francisco Loureiro, relator do processo no TJ. "O minucioso laudo pericial afastou qualquer dúvida."

Ana Beatriz foi condenada a pagar uma indenização por danos morais de R$ 20 mil (valor que será acrescido de juros de 1% ao mês desde o lançamento do livro). Também terá de pagar uma indenização por danos materiais, ainda a ser calculada por um perito. Em 2012, quando surgiu a acusação contra Ana Beatriz, o mercado editorial avaliava que cerca de 200 mil exemplares de "Mentes Ansiosas" já haviam sido vendidos.

A Editora Schwarcz, que comprou o controle da Objetiva em 2015, também foi condenada a arcar com a indenização e não poderá mais vender a obra com o plágio. A editora argumentou no processo que não teve qualquer relação com a elaboração do conteúdo de "Mentes Ansiosas" e que a responsabilidade é exclusivamente da autora.

"É impossível que a editora tenha pleno e total controle de tudo o que é publicado no mercado a fim de se certificar de eventual plágio, somando-se o fato de que age de boa-fé ao depositar a confiança em seus autores", afirmou à Justiça.

Ana Beatriz defendeu-se no processo dizendo que não houve plágio e contestou o laudo argumentando que o perito não possuiu formação médica. De acordo com a autora, as conclusões do perito "foram distantes da necessária análise médica e psicológica, envolvendo os distúrbios da mente, que estão no centro da discussão [do processo]".

A psiquiatra disse à Justiça que os dois trabalhos [o dela e o de Tito] apresentam conceitos e fatos técnicos-científicos da mesma área, a neurociência, de modo que seria natural que os livros apresentassem similaridades.

"A fonte técnica empírica foi, certamente, matriz de inspiração para os dois autores, que não poderiam fugir de fatos já consolidados pela ciência", afirmou sua defesa à Justiça. "[Tito e Ana Beatriz] são cientistas, que baseiam seus textos em estudos da mesma área médica e possuem como norte o método científico, o que explicaria as eventuais similaridades factuais e exemplificativas que poderiam ser encontradas nas obras."

A psiquiatra, que já vendeu mais de 1 milhão de livros e prestou consultoria para novelas e programas da Rede Globo, ainda pode recorrer da decisão.

Brasil sai da recessão técnica no 4º trimestre e PIB cresce 4,6% em 2021, g1

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 4,6% em 2021 e o país saiu da recessão técnica no 4º trimestre, segundo divulgou nesta sexta-feira (4) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em valores correntes, o PIB chegou a R$ 8,7 trilhões no ano passado.


O resultado ficou em linha com o esperado pelo mercado e vem após o tombo histórico de 3,9% com a pandemia em 2020.


"Esse avanço recuperou as perdas de 2020, quando a economia brasileira encolheu 3,9% devido à pandemia", destacou o IBGE. Apesar de ter encerrado o ano passado 0,5% acima do patamar pré-pandemia (4º trimestre de 2019), o PIB ainda está 2,8% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014.


Já o PIB per capita alcançou R$ 40.688,1 em 2021, um avanço real de 3,9% ante o ano anterior, mas ainda sem recuperar o padrão pré-pandemia.


Evolução do PIB ano ano desde 2010 — Foto: Arte g1

Evolução do PIB ano ano desde 2010 — Foto: Arte g1


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O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. O crescimento da economia brasileira em 2021 foi puxado principalmente pela recuperação do setor de serviços, em meio ao avanço da vacinação e flexibilização das medidas de restrição para conter a propagação do coronavírus.


O crescimento de 4,6% em 2021 foi a maior taxa desde 2010, quando houve expansão de 7,5%.


"No ano em que a pandemia mais afetou a atividade econômica, o PIB caiu 3,9%. E, no ano passado, a economia se recuperou e superou as quedas", afirmou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, destacando que em 2020 foi registrada a maior queda desde o início da série histórica atual do IBGE, iniciada em 1996.


Variação do PIB na comparação trimestre contra trimestre anterior — Foto: Arte g1

Variação do PIB na comparação trimestre contra trimestre anterior — Foto: Arte g1


Principais destaques do PIB em 2021:

Serviços: 4,7%

Indústria: 4,5%

Agropecuária: -0,2%

Consumo das famílias: 3,6%

Consumo do governo: 2%

Investimentos: 17,2%

Exportação: 5,8%

Importação: 12,4%

Construção civil: 9,7%

Comércio: 5,5%

PIB sob a ótica da oferta frente ao ano anterior — Foto: Economia g1

PIB sob a ótica da oferta frente ao ano anterior — Foto: Economia g1


O que puxou a alta

O crescimento de 4,6% da economia em 2021 foi puxado pelas altas nos serviços (4,7%) e na indústria (4,5%), que juntos representam 90% do PIB do país. Por outro lado, a agropecuária teve queda de 0,2%.


“A única atividade que apresentou queda foi a agropecuária. É uma atividade que a gente falava que não sofria os efeitos da pandemia, e até cresceu em 2020, mas no ano passado tivemos vários problemas climáticos, como a estiagem, além do embargo da China prejudicando principalmente os bovinos", destacou a pesquisadora.

Do lado da demanda, o consumo das famílias – motor do PIB brasileiros há anos – avançou 3,6% e o do governo subiu 2%. Já os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) avançaram 17,2%, foram puxados pelos segmentos de máquinas e equipamentos e construção.



“Temos todos os serviços presenciais com crescimento, mas não voltaram ainda ao patamar pré-pandemia. As pessoas não voltaram totalmente a consumir os serviços presenciais no nível pré-pandemia. Isso também afeta para baixo o consumo das famílias", destacou Palis.

A taxa de investimento no ano de 2021 foi de 19,2% do PIB, acima dos 16,6% registrados em 2020, mas ainda longe do pico de 2013, quando chegou a superar 21%. A taxa de poupança foi de 17,4% ante 14,7% em 2020.


A balança de bens e serviços registrou alta de 12,4% nas importações e de 5,8% nas exportações, com o país importando mais do que exportou, o que gerou esse déficit na balança de bens e serviços. O setor externo teve um impacto negativo de 1% no resultado do PIB.


PIB sob a ótica da demanda frente ao ano anterior — Foto: Arte g1

PIB sob a ótica da demanda frente ao ano anterior — Foto: Arte g1



País sai da recessão técnica

No 4º trimestre, o avanço foi de 0,5% em relação aos 3 meses anteriores, após ter registrado quedas de 0,3% no 2º trimestre e de 0,1% no 3º trimestre. Ao voltar a crescer na reta final do ano, a economia saiu da recessão técnica, caracterizada por dois trimestres seguidos de retração.


O avanço registrado nos 3 últimos meses do ano veio acima do esperado. A expectativa em pesquisa da Reuters era de crescimento de 0,1%.


“A agropecuária cresceu 5,8%, mas o fator determinante para o crescimento do PIB no quarto trimestre foram os serviços (0,5%), que têm peso maior na economia", explicou a coordenadora de pesquisa. Já a indústria recuou 1,2%. frente ao 3º trimestre.

Pela ótica da despesa, o consumo das Famílias cresceu 0,7% e a despesa do governo, 0,8%. Já os investimentos tiveram alta de 0,4%. As exportações de bens e serviços caíram 2,4%, enquanto as Importações de bens e serviços avançaram 0,5% em relação ao terceiro trimestre de 2021.


Frente ao 4º trimestre de 2020, o PIB avançou 1,6%, a quarta alta seguida, após quatro trimestres no campo negativo nesta comparação.


PIB em quartos trimestres desde 2010 — Foto: Arte g1

PIB em quartos trimestres desde 2010 — Foto: Arte g1



Recuperação desigual e incompleta

Apesar do crescimento do PIB no ano passado, a retomada da economia brasileira ainda se mostrou desigual e incompleta, com apenas parte dos segmentos da retomando o patamar pré-pandemia – aquele de fevereiro de 2020, quando foram lançadas no país as primeiras medidas de restrição para conter o avanço da Covid-19.


Segundo o IBGE, o patamar de consumo das famílias no final de 2021 ainda ficou 1,3% abaixo do padrão pré-pandemia e o consumo do governo, 0,7% abaixo. Por outro lado, os investimentos ficaram 16,9% acima do nível do 4º trimestre de 2019.


“Houve uma recuperação da ocupação em 2021, mas a inflação alta afetou muito a capacidade de consumo das famílias. Os juros começaram a subir. Tivemos também os programas assistenciais do governo. Ou seja, fatores positivos e negativos impactaram o resultado do consumo das famílias no ano passado”, destacou a coordenadora da pesquisa do IBGE.

Entre os setores que ainda patinam, sem ter conseguido retomar o nível de receita de antes da pandemia, estão as atividades de de serviços caráter mais presencial, que dependem da maior circulação de pessoas, como lazer e turismo, e segmentos da indústria afetados pela desarticulação das cadeias produtivas durante a pandemia e pela falta de insumos.


Mesmo com a superação das perdas de 2020, os analistas alertam que para o ano o cenário é de estagflação. Ou seja, crescimento perto do zero e inflação ainda elevada, com a alta da taxa de juros e as incertezas relacionadas à eleição presidencial e à guerra na Ucrânia colocando riscos adicionais de freios para o PIB.


Mesmo com a queda do desemprego nos últimos meses, a Selic e inflação persistente têm tirado o poder de compra e de consumo das famílias. Ainda são 12 milhões de desempregados no país, o rendimento médio do trabalhador atingiu no final do ano a mínima histórica e inadimplência chegou no maior patamar em 12 anos.


Os economistas do mercado financeiro projetam atualmente um avanço de apenas 0,30% do PIB em 2022, bem abaixo da média global, e inflação de 5,60%. Para 2023, o mercado trabalha com a expectativa de alta do PIB em 1,50%.