terça-feira, 28 de junho de 2016

Chá verde reduz drasticamente a perda de albumina em diabéticos


22 de junho de 2016

José Tadeu Arantes | Agência FAPESP – Estudo realizado em humanos demonstrou o efeito positivo do chá verde na melhora da nefropatia causada por diabetes. Artigo a respeito acaba de ser publicado na revista on-line Scientific Reports, do grupo Nature: “The use of green tea polyphenols for treating residual albuminuria in diabetic nephropathy: A double-blind randomised clinical trial”.
A pesquisa foi realizada pela doutoranda Cynthia Borges e liderada pelo médico José Butori Lopes de Faria, professor titular de Nefrologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do projeto temático “Efeitos do chá verde (Camellia sinensis), do cacau e de um doador de óxido nítrico na nefropatia e retinopatia diabética: papel da redução do estresse oxidativo e da inflamação e do aumento do óxido nítrico”, apoiado pela FAPESP.
Reportagem sobre esse projeto, enfocando pesquisas com modelos animais (camundongos e ratos) e culturas de células (de camundongos e humanas), havia sido publicada na Agência FAPESP em novembro de 2015. O novo estudo, realizado in vivo em indivíduos com diabetes, corroborou amplamente os resultados.
“Realizamos um ensaio clínico com 42 pacientes diabéticos, portadores de doença renal secundária ao diabetes, todos eles recebendo o melhor tratamento disponível, incluindo dose máxima de bloqueador do sistema renina-angiotensina [este último é considerado o padrão ouro para o tratamento da doença renal associada ao diabetes]. Metade dos integrantes do grupo recebeu extrato de chá verde e metade recebeu placebo. O grupo que recebeu o extrato de chá verde teve uma redução de 41% na albuminúria [perda da proteína albumina por meio da urina], ao passo que o grupo que recebeu placebo teve um aumento de 3%”, relatou Faria à Agência FAPESP.
O ensaio foi do tipo randomizado [isto é, a seleção para integrar um ou outro subgrupo se deu ao acaso] e duplo-cego [isto é, nem os pacientes nem os pesquisadores sabiam quem estavam recebendo chá verde e quem estava recebendo placebo]. “Mantida a medicação para todos os pacientes, os que receberam chá verde consumiram, diariamente, durante 12 semanas, uma quantidade de extrato que continha 800 miligramas de epigalocatequina-galato, um polifenol que constitui o principal princípio ativo do produto. Essa dose, que equivale a três xícaras de chá, já havia sido utilizada em um estudo com pacientes com câncer e se mostrado segura”, informou o pesquisador.
É normal eliminar albumina na urina. Mas isso ocorre em quantidades muito pequenas, de até 30 miligramas por dia. Os pacientes selecionados para o ensaio, porém, eliminavam quantidades muito superiores, apesar do tratamento medicamentoso. Este foi, aliás, um critério adotado para sua seleção. “Essa albumina provém do sangue do indivíduo. O sangue passa pelos rins originando o que chamamos de ‘ultrafiltrado’, e é esse ‘ultrafiltrado’ que, depois de sofrer algumas transformações, dá origem à urina. No ‘ultrafiltrado’ de uma pessoa normal, a quantidade de albumina é muito baixa. Porém no paciente com doença renal em decorrência do diabetes ela se torna bem maior”, disse Faria.
“Nós já havíamos demonstrado, nos estudos em modelos animais e em culturas de células, que essa perda acentuada de albumina se deve à destruição de podócitos, as células que formam a barreira que restringe a passagem de proteínas do sangue para a urina. É a perda da função dos podócitos que faz aumentar a quantidade de albumina na urina. No presente estudo, demonstramos também que o plasma de pacientes diabéticos e com doença renal era capaz de induzir a morte de podócitos humanos in vitro. E que, nessa condição, a epigalocatequina-galato conseguia prevenir a morte de tais células. Essas observações sugerem que o efeito benéfico do chá verde nos pacientes diabéticos tenha ocorrido por redução na morte dos podócitos”, explicou o pesquisador.
“Nosso estudo foi realizado com um grupo pequeno de indivíduos. É preciso reproduzi-lo em um grupo maior, com mais tempo de acompanhamento. De qualquer forma, o resultado obtido é bastante expressivo e promissor. Finalmente, vale ainda ressaltar que os efeitos colaterais do extrato de chá verde foram mínimos e não diferiram dos efeitos colaterais observados no grupo placebo”, finalizou o pesquisador.

Boca livre que nós pagamos, diz ministro da Justiça sobre casamento custeado com Lei Rouanet


Operação Boca Livre



Por Fausto Macedo e Julia Affonso
28/06/2016, 11h02
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Casamento do filho do empresário Antonio Carlos Bellini Amorim, do Grupo Bellini, em Jurerê Internacional em 25 de maio deste ano, seria um dos eventos bancados com verbas da legislação
Foto: Reprodução
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O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou nesta terça-feira, 28, que o problema não é a Lei Rouanet, mas sim na ‘ausência de mecanismos preventivos’. A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União deflagraram nesta manhã a Operação Boca Livre contra fraudes de R$ 180 milhões na Lei Rouanet.
Foto: Reprodução
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Segundo as investigações, os recursos públicos oriundos da legislação pagaram festas de empresas e até festas de casamentos.
“Nós vimos a gravação de um vídeo do casamento, uma festa boca livre que nós pagamos. No meu casamento, eu paguei. Por sinal, fiquei pagando 1 ano ainda. No casamento desse senhor que pagou com a Lei Rouanet foi um hotel 5 estrelas em Florianópolis com direito a vídeo gravado. Nós achamos que tivesse sido contratados modelos para fazer o vídeo. Eram os convidados mesmo, champanhe sendo aberto e isso com a Lei Rouanet”, declarou.
A investigação cita o Ministério da Cultura, as empresas Bellini Eventos Culturais, Scania, KPMG e o escritório de advocacia Demarest, Roldão, Intermedica Notre Dame, Laboratório Cristalia, Lojas 100, Nycomed Produtos Farmacêuticos e Cecil.
O casamento do filho do empresário Antonio Carlos Bellini Amorim, do Grupo Bellini, em Jurerê Internacional em 25 de maio deste ano, seria um dos eventos bancados com verbas da Lei Rouanet. Em dois vídeos sobre o evento, divulgados em redes sociais, um no dia anterior ao casamento e outro na cerimônia, é possível ver os convidados com taças de bebidas, taças de bebidas caras e muita comemoração.
“Essa operação de hoje detectou já de início R$ 180 milhões, obviamente a investigação vai continuar. Há indícios de mais dinheiro, valor maior ainda desviado”, afirmou Alexandre de Moraes. “A utilização da Lei Rouanet com desvio de finalidade muito grande, não para incentivar a cultura, mas sim para incentivar o crescimento de fortunas pessoais, festas pessoais, festas de final de ano.”
Lei Rouanet foi criada no governo Fernando Collor (PTC/AL), em 1991. A legislação permite a captação de recursos para projetos culturais ppr meio de incentivos fiscais para empresas e pessoas físicas. Na prática, por exemplo, a Lei Rouanet permite que uma empresa privada direcione parte do dinheiro que iria gastar com impostos para financiar propostas aprovadas pelo Ministério da Cultura para receber recursos.
Para Alexandre de Moraes, o problema não é a legislação.
“O problema é a ausência de mecanismos preventivos de eficácia para verificar a liberação do dinheiro, a fiscalização, a efetiva utilização desse dinheiro. O que não é possível é que empresas fizessem não só casamentos, mas também festas de final de ano contratando artistas com dinheiro da Lei Rouanet”, afirmou.
COM A PALAVRA, O MINISTÉRIO DA CULTURA:

“As investigações para apuração de utilização fraudulenta da Lei Rouanet têm o apoio integral do Ministério da Cultura (MinC), que se coloca à disposição para contribuir com todas as iniciativas no sentido de assegurar que a legislação seja efetivamente utilizada para o objetivo a que se presta, qual seja, fomentar a produção cultural do País.”
COM A PALAVRA, O ESCRITÓRIO DEMAREST
NOTA OFICIAL DE ESCLARECIMENTO
O escritório Demarest Advogados vem a público prestar esclarecimento sobre a “Operação Boca Livre” da Polícia Federal, que nesta manhã esteve em seu escritório em São Paulo.
O objetivo da visita foi a solicitação de documentos e informações relacionados a empresas de marketing de eventos que prestaram serviços ao escritório no âmbito da Lei Rouanet. Tais empresas são alvo da operação. O escritório enfatiza que não cometeu qualquer irregularidade, e informa que colaborou e continuará a colaborar com a investigação.