sexta-feira, 18 de março de 2016

Comandante do Exército Brasileiro chama de 'lamentável' clamor por intervenção militar


General esteve em Manaus durante a visita do presidente do STF
General esteve em Manaus durante a visita do presidente do STF (Luiz Vasconcelos/Arquivo AC)
O Comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo Villas Bôas, chamou de lamentável o clamor por intervenção militar que vem de parte dos manifestantes presentes nos atos antigovernistas das últimas semanas.
O general comentou o assunto durante um simpósio jurídico realizado no Comando Militar da Amazônia (CMA), em Manaus, na manhã desta sexta-feira (18).
"Eu acho lamentável que, num país democrático como o Brasil, as pessoas só encontrem nas Forças Armadas uma possibilidade de solução da crise, mas isto não é extensivo nem generalizado e, felizmente, está diminuindo bastante a demanda por intervenção militar", declarou o general.
A autoridade militar ponderou, no entanto, que esse pedido demonstra certas necessidades do país. "[Ele indica] que as Forças Armadas são a referência de valores éticos e morais e de padrão de eficiência [de] que a sociedade se sente tão carente", disse Villas Bôas.
Sem paralelo
Segundo o comandante, a situação política e social atual não se relaciona com o clima instável que levou ao regime ditatorial militar na década de 60.
"Não há paralelo com 1964, primeiro porque hoje nós não temos o fator ideológico. Naquela época, nós vivíamos a situação de Guerra Fria e a sociedade brasileira cometeu o erro de permitir que a linha de fratura da Guerra Fria [a] dividisse. Isso não existe mais. O segundo aspecto é que hoje o Brasil tem instituições sólidas e amadurecidas, com capacidade de encontrar os caminhos para a saída dessa crise", comentou Villa Bôas.
Rotina inalterada
Villas Bôas destacou que a rotina dentro da instituição não se alterou. "Os quarteis estão prosseguindo naturalmente nas suas atividades e o Exército está profundamente empenhado em contribuir para a manutenção da estabilidade", explicou.
Para ele, a atual crise é de natureza política, econômica e ética. "Os três aspectos se interrelacionam e, em consequência, é uma crise para ser solucionada dentro desses ambientes, principalmente o ambiente político e jurídico", concluiu a autoridade militar.
Ministro rebate
O simpósio jurídico organizado pelo CMA também contou com a presença do ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na ocasião, ele defendeu a instituição, que foi recentemente descreditada pelo ex-presidente Lula em uma conversa telefônica com a presidenta Dilma Rousseff, grampeada pela Polícia Federal (PF) e divulgada nesta quarta-feira (16).

O Brasil acordando para as ameaças reais, Ladislau Dowbor

O que apareceu no início como positivo, o combate à corrupção, se transformou gradualmente num pesadelo que ameaça a democracia e a legalidade institucional. Não é a primeira vez que uma boa bandeira se transforma em cavalo de Tróia, abrigando o que há de mais podre, e gerando mais problemas que soluções. Não foi muito diferente com a tão legítima operação “Mãos Limpas” na Itália que gerou 20 anos de retrocessos e populismo conservador com Berlusconi.
 
Quando a corrupção é sistêmica, e se trata sem dúvida do nosso caso, é o sistema que tem de ser combatido, e prisões espetaculares e midiáticas apenas deslocam o assunto, e mudam os corruptos de plantão. O sistema permanece, e agradece. Transparência (na linha da Lei da Transparência de 2011), democratização dos processos decisórios, auditorias abertas e não compradas, publicidade dos contratos e outras medidas de gestão precisam ser adotadas para que a presente luta não se resuma, como está sendo atualmente, à substituição de pessoas. A luta contra a corrupção deve ser substantiva, e não apenas ferramenta escancarada de luta pelo poder político.
 
Muito mais preocupantes ainda são os avanços sobre os recursos públicos que grupos famintos estão já preparando ou conseguindo: privatização e venda da Petrobrás e do Pre-sal, maiores avanços ainda dos grupos financeiros que já praticam juros extorsivos, abertura geral da venda de terras, retrocesso nas políticas sociais, liquidação de uma visão de nação soberana. A podridão só avança com grandes bandeiras de moralidade.
 
O mínimo que se espera, é que as pessoas se informem. Abaixo colocamos os links para um conjunto de tomadas de posição. Transformar o ódio à corrupção em ódio às visões progressistas do país constitui em si uma construção profundamente corrupta e desonesta. Valemos mais do que isto. Vejam com isenção, usem e divulguem estas tomadas de posição. O Brasil precisa mudar sim, mas mudar para a frente, não para trás. E usar a corrupção para dar o golpe, já vimos isto em 1954 com Getúlio, em 1964 com Jango, e outros momentos de grandes discursos éticos abrindo a porta para a quebra da legalidade e das instituições.

Dilma e Lula não usam WhatsApp, por Fernando Paiva




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Dilma e Lula estão desconectados da realidade dos brasileiros. Não me refiro à realidade econômica ou política, mas aos hábitos de comunicação da população. Isso porque Dilma e Lula não usam WhatsApp. Se utilizassem a funcionalidade de chamada de voz do aplicativo de comunicação instantânea – ou de qualquer outro, como Facebook Messenger, Viber, Skype etc – não teriam tido as conversas interceptadas pela Polícia Federal e divulgadas em horário nobre na TV dos brasileiros. Na verdade, Lula nem sequer tem celular. Utiliza o de seguranças e de outras pessoas ao seu redor. Faz parte de uma parcela ínfima da população adulta brasileira que é descelularizada, neologismo que acabo de inventar. Ou "desmobilizada", com o perdão da ironia e do duplo sentido.
Enquanto isso, 96,2% dos brasileiros com smartphone são usuários ativos mensais do WhatsApp. Dentre eles, dois em cada três utilizam a ferramenta de chamada de voz do aplicativo. E um em cada três  fazem ligações pelo WhatsApp diariamente. São números impressionantes e que devem deixar os executivos das operadoras de telefonia de cabelo em pé... assim como juízes e delegados de polícia. Os dados fazem parte da mais recente pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre Mensageria no Brasil, que entrevistou 1.895 brasileiros ao longo do mês de janeiro. Os resultados completos, incluindo uma comparação com outros apps de mensagens e SMS constam do relatório disponível para download gratuito neste site.
Mas a privacidade dos dados trafegados em aplicativos de comunicação instantânea está ameaçada. O governo dos EUA e sua agência de investigação, o FBI, travam uma batalha contra a Apple para que a empresa da Califórnia quebre a criptografia das mensagens enviadas pelo iMessage contidas no iPhone de um terrorista preso. A Apple se recusa e conta com o apoio de outras empresas do mundo da Internet. Quebrar o sigilo de um usuário significaria abrir uma porta para a quebra de todos os outros, o que geraria uma perda de confiança no serviço. O que é mais importante: a privacidade individual ou a segurança pública? É uma discussão longa, que envolve aspectos legais, políticos e filosóficos.
No Brasil a Justiça já tentou obter dados do WhatsApp de criminosos, mas não contou com a colaboração da empresa. Em represália, já mandou suspender o serviço no País e até mesmo prendeu por poucas horas um executivo do Facebook, controladora do WhatsApp.
Muitos serviços de comunicação instantânea over the top (OTT) utilizam mecanismos de criptografia que nem eles mesmos possuem a chave para quebrar. O que podem e devem, sim, é guardar as informações de registro das comunicações: quem falou com quem, em que dia e horário e por quanto tempo.
Como não se pode nem mais confiar em conversas olho no olho, com tantos gravadores espalhados por aí, quem quiser garantir a privacidade dos seus diálogos é melhor inventar um método de transmissão de pensamento... mas tem que ser criptografado!