terça-feira, 7 de maio de 2024

Lula dá mais uma facada pelas costas em Haddad, FSP

 

SÃO PAULO

O presidente Lula (PT) explicitou da forma mais transparente possível nesta terça (7) o que pensa da situação fiscal do Brasil. E como, se depender dele, o governo não atacará o déficit nas contas públicas que paralisa o país há anos —desde que sua protegida Dilma Rousseff arruinou o Orçamento.

No programa oficial "Bom dia, Presidente", detalhou o que pensa: "Eu às vezes fico um pouco irritado com esse negócio de déficit primário: vai ser zero, não vai ser zero. Veja, isso é uma discussão que nenhum país do mundo faz", começou.

Para acrescentar: "A dívida pública bruta dos Estados Unidos é 112% do PIB. A dívida do Japão é 235% do PIB. A dívida da Itália é quase 200%. Ou seja, esse não é o problema. Não é o problema ficar só olhando que você não pode gastar tanto. Você tem que saber se você está gastando ou se você está investindo."

O presidente Lula no Palácio do Planalto, em Brasília. - AFP

Desde que o governo abandonou há algumas semanas as metas do arcabouço fiscal que ele próprio criou, os juros futuros de dez anos no país não param de subir, o que limitará investimentos privados.

O Banco Central também pode reduzir a marcha de corte na Selic, pressionando ainda mais a dívida pública, que atingiu 75,7% como proporção do PIB em março.

A dívida pública do Brasil de fato é menor do que as citadas por Lula. Mesmo assim, o país pagou R$ 720 bilhões em juros a uma minoria em 2023 para rolá-la —muitas vez mais do que os R$ 170 bilhões destinados a 21 milhões de beneficiários do Bolsa Família.

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Mas a diferença fundamental é que os países citados por Lula têm dólares, ienes e euros como moedas. E o Brasil, o real, que se desvaloriza frente a elas cada vez que o país aumenta o rombo em suas contas.

Na entrevista, Lula disse que aprendeu economia com a mãe. O que dona Lindu não explicou é que esses países só podem ter dívidas altas porque suas moedas são consideradas reserva de valor. E que são ricos, com imensas classes médias. Assim, têm espaço para elevar a carga tributária e diminuir o endividamento em caso de emergência.

O Brasil não apenas já tem a maior carga tributária entre os emergentes como possui renda média per capita muitas vezes menor do que os países citados por Lula.

No conjunto, as declarações do presidente são mais uma facada pelas costas no ministro Fernando Haddad (Fazenda), que vem ensaiando discussões —com medidas impopulares, mas necessárias— sobre ajustes mais duradouros na Previdência e na vinculação de gastos em saúde e educação. Ao que parece, o ministro vai ficar falando sozinho.

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