A polícia da Espanha tem chamado a atenção para o que descreve como um processo de reinvenção de grupos criminosos na hora de transportar drogas da América Latina para a Europa pela rota atlântica. O episódio mais recente foi apelidado de "narcovacas".
No último dia 28, policiais espanhóis anunciaram a apreensão de 4.500 quilos de cocaína em um navio perto das ilhas Canárias com a bandeira de Togo, nação da África Ocidental, e tripulantes de países como Tanzânia, Síria, Quênia, Equador, Panamá, Colômbia e Nicarágua.
O fator curioso do caso é o local onde a droga estava escondida: em silos que armazenavam alimentos para as cerca de 1.700 vacas que também estavam na embarcação.
Em comunicado, a polícia informou que o navio Orión V já havia sido inspecionado em outra ocasião, mas que não foi possível encontrar os entorpecentes no interior. Ainda assim, ele entrou na mira da polícia.
Em 24 de janeiro, porém, um dispositivo aéreo capturou imagens das drogas em um silo supostamente usado para alimentar o gado.
O navio era conhecido por transportar grandes quantidades de gado da Colômbia para países como Líbia, Angola, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Israel, Líbia e Qatar.
Os 28 tripulantes do Orión V foram detidos e estão sendo investigados. O barco foi apreendido e levado para um porto de Las Palmas, e as vacas, colocadas em outra embarcação para o Líbano.
Segundo o que autoridades da Colômbia informaram ao jornal El País, o navio partiu de Cartagena, mas sem as drogas, que teriam sido introduzidas na embarcação durante uma parada nas ilhas Antilhas, na América Central. Já o gado seria de propriedade de uma empresa de Barbados.
A operação foi conduzida pela Polícia Nacional da Espanha e contou com a colaboração da Agência de Combate às Drogas (DEA, na sigla em inglês), dos EUA, além de autoridades togolesas. O caso é mais um no qual um navio procedente da América do Sul transporta substâncias ilegais até a metade do Atlântico com destino final na Europa.
Episódios do tipo têm se multiplicado na região. Seis dias antes da apreensão do Orión V, o cargueiro Blume, também com 4.500 quilos de cocaína, foi detido pelo departamento espanhol.
A Colômbia segue como o maior produtor mundial de cocaína. Em janeiro, o Ministério da Defesa do governo de Gustavo Petro disse ter apreendido um volume recorde de cocaína em 2022. Foram, ao todo, 671 toneladas.
"É preciso combater as receitas ilícitas provenientes do narcotráfico, que fazem mal ao nosso país", disse o ministro da Defesa, o jurista Iván Velásquez. A produção e o tráfico de cocaína são considerados o principal motor de um conflito armado de quase seis décadas no país.
O grupo armado Exército de Libertação Nacional (ELN), dissidentes das Farc e grupos criminosos formados por ex-paramilitares estão envolvidos nas redes de narcotráfico.
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