Em 7 de outubro de 2006, a jornalista Anna Politkovskaya, que denunciou a violência de Vladimir Putin na Tchetchênia, foi abatida na escada do prédio onde morava, em Moscou. Era o dia do aniversário de 54 anos de Putin. Logo surgiu a tese segundo a qual o assassinato seria uma espécie de presente e teria sido encomendado pela FSB –serviço de segurança que atua nos moldes da antiga KGB.
A maioria da população não acreditou na tese. O escritor Emmanuel Carrère, que estava em Moscou na época, definiu a situação: "O país não se preocupa com as liberdades formais, contanto que cada um tenha o direito de enriquecer".
Fatos cada vez mais estranhos se sucederam. Em 2007, o espião Alexander Litvinenko –próximo ao magnata do petróleo Boris Berezovsky, inimigo de Putin– morreu em Londres, envenenado com polônio 210, substância controlada pelo Estado russo. O ex-prefeito de São Petersburgo Anatoly Sobchak –antes aliado do presidente, mas que começou a falar demais– também morreu envenenado.
Desde o início da invasão à Ucrânia nove oligarcas –por coincidência ligados às duas maiores empresas de energia do país– morreram em circunstâncias suspeitas ou misteriosas, como se fossem personagens de John Le Carré. São mortes atribuídas a suicídios ou acidentes, que fazem pensar em assassinatos disfarçados até para quem não é leitor de romances de espionagem. O último da lista foi o deputado Pavel Antov, que em dezembro caiu da sacada de um hotel, na Índia.
Em seu livro "O Homem sem Rosto" – que narra como um agente medíocre da KGB conseguiu dobrar a Rússia prometendo reconstruir o império –, a jornalista Masha Gessen afirma: "Meu maior problema com Putin não era que ele roubava e acumulava riqueza; era que ele matava pessoas, tanto travando guerras quanto encomendando assassinatos". Com dezenas de milhares de mortos na Ucrânia, Putin ainda não está satisfeito.
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