Minha coluna "Os extremistas do mercado" (11/2) provocou réplica grosseira do economista Alexandre Schwartsman (16/2). Em resumo, ele disse que o que escrevi "não é verdade", ou seja, menti, e que não fiz bem o meu trabalho ao não pesquisar as atas do Banco Central com críticas à política fiscal de Bolsonaro.
O economista mostrou-se particularmente agastado com a frase "O mercado e o BC de ‘Bob Neto’ [Roberto Campos Neto] não deram um pio sobre a farra fiscal de Bolsonaro", que considero perfeitamente cabível em contraste com os rugidos do mercado e do presidente do BC contra Lula. Impressionante a quantidade de vezes que "Bob Neto" associou Lula à palavra "incerteza" desde a eleição. Está tudo publicado.
Parece que o economista não entendeu o cerne político do debate. Lula tem legitimidade e fez bem em pautar a discussão sobre juros. Tanto é que "Bob Neto" modulou seu discurso. Disse que o investidor precisa ter "boa vontade" com o governo "que só tem 45 dias". Acrescento: e que enfrentou uma tentativa de golpe.
O economista disse que meu artigo "ecoa" a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e que tenho "políticos de estimação". Declarei meu voto em Lula por reconhecer seu compromisso com a democracia e ver nele o único candidato que poderia derrotar o fascismo. Diante da barbárie, neutralidade é covardia. Sim, escolhi um lado.
Também fiz isso por respeito ao leitor, que tem o direito de saber o que penso. Meu voto em Lula, contudo, não compromete minha independência como jornalista. Aqui neste espaço já critiquei decisões do presidente.
Outro tema crucial é a independência do BC. Questionei a relação de "Bob Neto" com o onipresente banqueiro André Esteves, revelada num áudio. O zeloso arquivista de atas do Banco Central bem que poderia ter mostrado em qual delas foi discutida a promiscuidade e o conflito de interesses de tal relação. Mas sobre esse assunto o economista não deu um pio.
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