O objetivo não é recolher barracas, mas reconstruir vidas de parte de uma população empurrada para as ruas. Meu olhar não enxerga dignidade diante de crianças, jovens e idosos que vivem nas ruas em condições precárias. Como prefeito, essa indignação fez com que se tornassem imediatas ações pragmáticas para resolver o problema, tão complexo quanto necessário. Não vou medir esforços para mudar essa realidade de desigualdade em curva crescente por décadas.
Para isso, mais que vagas de abrigamento, estamos criando uma rede de atenção para quem está na rua. Nessa gestão, criar espaços nunca foi apenas somar números. É preciso entender o perfil de cada grupo e buscar soluções distintas. Sim, estamos fazendo diferente do que não deu certo lá atrás.
Atualmente, temos a maior rede socioassistencial da América Latina, com mais de 20 mil vagas de acolhimento e capacidade e planejamento para atendimento de quase 32 mil pessoas em situação de rua.
Além do acolhimento, procuramos engajar a sociedade no nosso projeto. Por exemplo, o programa Auxílio Reencontro, ou auxílio-aluguel, para quem pode abrir suas portas a famílias em situação de vulnerabilidade. Governar junto com a sociedade torna a caminhada mais assertiva e igualitária.
Temos ainda o programa Recâmbio, que auxilia na compra de passagens rodoviárias aos que não tinham condições de retornar às suas cidades ou estados de origem. Uma procura que saltou de 339, em 2021, para 1.954, em 2022. Somente um trabalho de campo, olho no olho, pode identificar a necessidade real de quem está nas ruas, muitas vezes em busca de uma oportunidade para voltar para casa.
Nem por isso deixamos de criar programas que vão além de oferecer um teto, como a Vila Reencontro, já na segunda unidade. Trata-se de um conjunto acolhedor de moradias transitórias, equipadas, mobiliadas e com privacidade às famílias. Com café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar, as unidades contam com playground, brinquedoteca, acompanhamento psicológico, capacitação profissional e busca ativa para intermediação de mão de obra, emprego e renda aos adultos.
É trabalho sério, sem maquiagem, com foco na autonomia e no desenvolvimento social como porta de saída para uma vida independente, digna e cidadã.
Também cerca de 3.500 vagas foram criadas em 31 hotéis voltados para acolhimento, sobretudo para idosos e famílias. Privacidade, dignidade e possibilidade de reaver valores perdidos pelos mais variados motivos, principalmente em uma crise econômica agravada pela pandemia de Covid-19.
Temos ainda buscado continuamente parcerias que possam resultar na qualificação do atendimento de nossa rede. Em 2022, por meio de Termo de Cessão de Uso, o governo do estado de São Paulo disponibilizou seis prédios da antiga Fundação Casa para a criação de mais 600 vagas para essa população, em ambiente totalmente readequado.
No total, foram 45 serviços para atendimento à população em situação de rua abertos nos últimos 12 meses. Criamos, ainda, os Centros de Acolhida Especiais (CAEs), destinados ao mais variados públicos: mulheres em situação de violência, gestantes, mães e bebês e idosos, além de homens e mulheres transexuais, pessoas em convalescença e imigrantes, numa política de atenção à diversidade em todas as suas formas. Olhamos e tratamos de forma individualizada cada situação que levou, quem quer que seja, a fazer da rua moradia. Rua não é endereço, e barraca não é lar.
O direito de aceitar acolhimento ou não tem de ser respeitado, assim como o direito de ir e vir de todos que vivem ou transitam na nossa cidade. É preciso findar o jogo de apontar defeitos e apenas tecer críticas para, de forma objetiva, unir esforços. Soluções efetivas são criadas a partir de ideias e conversas com vários setores da sociedade.
Não podemos ser míopes nem tapar o sol com a peneira para os problemas. Por isso, de cara limpa e alma tranquila, sei que estamos caminhando na direção certa. Não sou de discurso: sou de trabalho incansável e diário para, junto com uma grande equipe, executar ações que possam verdadeiramente melhorar a vida das pessoas!
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