ID. Buzz, a Kombi elétrica. É assim que a Volkswagen vai chamar no Brasil a van que, ao mesmo tempo, é retrô e futurista.
Os saudosistas até podem defender o nome "Nova Kombi", mas não dá. Há um abismo de 70 anos entre os dois projetos, e a montadora sabe que são propostas tão diferentes como energia solar e combustível de origem fóssil.
Duas unidades vieram para o Brasil, ambas com pintura bicolor. Uma delas é a amarela e branca disponibilizada para um teste dentro da fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo).
A antiga Kombi foi produzida por lá de setembro de 1957 a dezembro de 2013. O fim veio junto com a obrigatoriedade de airbags e freios com ABS (sistema que evita o travamento das rodas em frenagens de emergência). Nada disso era compatível com um projeto tão antigo.
O desenho da ID. Buzz remete à primeira geração, chamada T1, mas com detalhes da T2 (feita no Brasil a partir de 1975). Essas foram as únicas produzidas e vendidas no Brasil, enquanto outros países tiveram modelos subsequentes. A atual se chama T6.1 —o "t" é de Transporter— e é vendida regularmente na Europa.
Ao entrar na Kombi elétrica, contudo, o passado se acomoda na memória. O pequeno painel digital e as entradas USB-C já mostram que se trata de outra era.
Há poucos botões na ID. Buzz, e essa é uma característica comum ao modelo antigo. Se antes a falta de comandos simbolizava a lista pífia de equipamentos, hoje representa o avanço tecnológico. Todas as funções podem ser comandadas a partir da tela central sensível ao toque, com imagens coloridas.
A Kombi do futuro tem ainda bancos com ajustes elétricos, aquecimento e massageadores, ar-condicionado digital, rodas de 20 polegadas e muito espaço. Cinco ocupantes viajam bem, embora o modelo do passado pudesse levar até nove pessoas.
E até os saudosistas que votariam no nome "Nova Kombi" deverão reconhecer que a experiência ao volante é muito melhor agora.
A ID. Buzz tem dirigibilidade similar à dos SUVs de luxo. O motorista vai em posição elevada, com um volante bastante vertical à sua frente. Antes era horizontal, com a coluna de direção passando no meio das pernas.
Após pressionar o botão de partida, basta girar a haste localizada à direita do quadro de instrumentos para engatar a marcha única. O freio de estacionamento eletrônico é desacoplado assim que se pisa no acelerador.
A Kombi elétrica entra em movimento sem fazer barulho. O único ruído perceptível vem do console central, que pode ser removido. Para um carro que já foi desmontado e refeito durante análises do departamento de engenharia da VW no Brasil, esperava-se sons por todos os lados.
As rodas aro 20 não prejudicam o conforto. A ID. Buzz parece um carro premium, muito diferente dos antepassados. Os bancos acomodam bem o corpo e têm parte da forração feita de garrafas PET recicladas.
Uma subida é o único ponto em que é possível testar o motor com potência equivalente a 204 cv. Não há surpresa: a Kombi elétrica avança sem sufoco.
De volta ao ponto de partida, vale dar mais uma olhada no modelo. O formato van preserva aquele aspecto de pão de forma da linha original, mas os faróis de agora são triangulares e com LEDs.
As portas laterais seguem corrediças, mas agora o acionamento é elétrico. O porta-malas traz suportes para adicionar uma terceira fila de assentos, que ainda não está disponível.
A capacidade chega a 600 quilos na versão Cargo. Nesse ponto, a antiga Kombi leva vantagem. Era possível carregar quase 1 tonelada, seja de gente ou de coisas.
Mas e o preço? A ID. Buzz só deve chegar ao Brasil em 2024 e não vai custar menos de R$ 300 mil. Sim, é um valor alto, mas alinhado ao de carros elétricos comercializados hoje no país.
Além da necessidade de adaptar a rede concessionária aos novos tempos, há o problema das filas de espera mundo afora. Há 20 mil clientes aguardando a entrega do modelo, que é produzido em Hannover.
A estratégia de eletrificação da Volkswagen no Brasil passa primeiro pelo hatch ID.3 e pelo SUV ID.4, que podem estrear ainda neste ano ou em 2024. Ambos têm qualidades, mas a Kombi elétrica é o modelo que interessa.
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