Morreu o sambista Germano Mathias nesta quarta-feira (22) aos 88 anos. A informação foi confirmada por sua filha, Eliana, a este jornal. O músico havia sido internado em um hospital para tratar uma anemia e contraiu pneumonia, causa de sua morte.
Chamado de "o catedrático do samba", fez fama com canções como "Senhor Delegado" e "Guarde a Sandália Dela". É conhecido pelo estilo sincopado e por usar uma tampa de lata na percussão —técnica que diz ter aprendido com engraxates que frequentavam a praça da Sé no passado, quando a Catedral ainda não tinha sido aberta.
Germano é considerado um ícone do samba paulistano. Surgiu na música brasileira em outubro de 1955, quando ganhou um concurso de calouros na rádio Tupi. No ano seguinte, a música "Minha Nega na Janela", de sua autoria, estourou nas rádios. Havia deixado de cantar música, de letras polêmicas que hoje causariam alvoroço, nos últimos anos.
Nos anos 60, sofreu a primeira desilusão da carreira. Um empresário alemão o contratou para uma turnê na Europa, mas morreu um mês antes do embarque. a este jornal que ainda guardava o passaporte tirado à época. A foto registra seus 26 anos de idade. "Era o Marlon Brando dos pobres."
Na mesma conversa, contou sobre uma segunda desilusão que viveu pouco depois. "O iê-iê-iê [apelido do rock brasileiro] estourou, e sambista não tinha mais valor". Sem dinheiro, Mathias virou oficial de Justiça. Desistiu da profissão quando acompanhou a polícia num mandado de prisão e foi recebido a tiro. "Ser sambista é difícil, mas menos perigoso."
Foi embora para o Rio, onde foi acolhido pela Mangueira, mas logo voltou para São Paulo. No final dos anos 70, voltou à cena com o disco "Antologia do Samba-Choro", gravado com Gilberto Gil.
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