Neste 26 de fevereiro, faço 16 anos como colunista da Folha. Foi quando saiu a primeira coluna, em 2007, "Outro bom dia para nascer". O título era uma referência à crônica inaugural de Otto Lara Resende neste espaço, em 1991, "Bom dia para nascer". A data de estreia de Otto no jornal, 1º de maio, era também o dia do seu aniversário e, por coincidência, comigo acontecia o mesmo. E contei que, entre outras efemérides de 26 de fevereiro, estava o Dia do Comediante. "Mas, no Brasil, qual não é?", perguntei.
Dias antes, Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha, me telefonara aqui no Rio convidando-me a revezar com meu amigo Carlos Heitor Cony na coluna Rio da página 2. Otto morrera em 1992 e fora sucedido por Cony, que escrevia então quatro vezes por semana. Otavio me oferecia as outras três. O desafio de escrever coisas curtas e em cima do laço, tipo guerra de guerrilha, me fisgou.
Aceitei no ato e, sendo a coluna "do Rio" (as de cima eram "de São Paulo" e "de Brasília" —não há mais essas rubricas), perguntei a Otavio se seria uma coluna sobre assuntos do Rio. Ele respondeu: "Não. Escreva sobre o que quiser. Só quero que seja de um ponto de vista carioca". O que Cony fazia como ninguém e eu teria de rebolar para estar à altura.
E assim se passaram os primeiros anos. Em 2010 ou 11, Cony propôs à Folha reverter o quadro: eu passaria a escrever quatro vezes por semana e ele ficaria com três. Cony morreu em 2018 e, em seu lugar, entraram os brilhantes Mariliz Pereira Jorge e Alvaro Costa e Silva. Eu continuo aqui.
Ontem, com uma maquininha, multipliquei 52 por 16, ajustei as semanas de três ou quatro crônicas e, descontando as semanas em que não escrevi, constato que produzi cerca de 3.000 colunas nesses 16 anos. Seria uma aritmética de assustar, se eu não tivesse hoje o mesmo prazer de escrevê-las que em 26 de fevereiro de 2007.
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