terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Prefeito sinaliza que poderá remover barracas de moradores de rua em SP, FSP

 Carlos Petrocilo

SÃO PAULO

Incomodado com as barracas de moradores em situação de rua espalhadas pela cidade, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), sinalizou que a sua gestão poderá removê-las.

Para isso, Nunes deverá contar com o novo subprefeito da Sé, o coronel Álvaro Batista Camilo, que foi empossado nesta terça-feira (7).

"Existe legislação, as pessoas não podem ter barraca montada em nenhum lugar, na Sé ou não. Houve uma exceção por conta da pandemia [de Covid]", afirmou Nunes durante a cerimônia de posse de Camilo, na prefeitura, região central.

"A partir do momento em que ofereço condições da pessoa ir para um abrigo, ou hotel, ou receber o auxílio-aluguel, por que vai ficar na rua? Não podemos permitir que as pessoas montem barracas para fazer mendicância na rua."

Barracas sob o viaduto do Glicério, no centro de São Paulo, em abril do ano passado - Zanone Fraissat - 13.abr.2022/Folhapress

A reportagem observou, na manhã desta terça, o momento em que uma equipe da Guarda Civil Metropolitana preparava a remoção de uma delas na avenida Sumaré, zona oeste da capital.

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O argumento de Nunes é que a prefeitura tem oferecido condições para a população deixar de morar nas ruas. De acordo com ele, 9.800 pessoas deixaram as ruas entre janeiro e novembro do ano passado.

O último censo da população de rua, encomendado pela prefeitura, apontou 31.884 pessoas sem-teto na capital em 2021.

"Como São Paulo é uma cidade que acolhe muito bem, recebemos gente de outros municípios, estados e muitos países", disse o prefeito.

Segundo ele, a gestão investe R$ 1,5 bilhão em assistência social. "Desse total, R$ 40 milhões vêm do governo federal, estamos fazendo com o orçamento da prefeitura."

O subprefeito da Sé disse, em entrevista à Globo, que as barracas não deverão ser montadas durante o dia. "Vamos começar um trabalho gradativo, não é simplesmente ir lá e tirar a barraca, nós vamos oferecer lar para que as pessoas tenham acolhimento", afirmou Camilo.

A fala do secretário recebeu o apoio de 11 Conselhos Comunitários de Segurança da região central: 25 de Março, Bela Vista, Bom Retiro, Brás, Cambuci, Centro, Consolação, Jardins, Liberdade, Pari e Santa Cecília.

Em nota conjunta, eles declararam que as regras de civilidade urbana devem valer para todos e pede para que Camilo "tenha todas as condições de realizar os regaste do centro de São Paulo".

"O espaço público é de todos e justamente por isso é necessário que ele possa ser usufruído por todos os cidadãos que nele estão morando, trabalhando ou em turismo, de modo livre e seguro", afirma o texto.

O decreto que veta a instalação de barracas está em vigor desde março de 2020, e foi assinado pelo então prefeito Bruno Covas.

A deputada federal Erika Hilton (Psol) entrou com representação na Comissão Nacional dos Direitos Humanos após as declarações de Camilo.

Ao tomar posse nesta terça, Camilo fez um breve discurso e se comprometeu em revitalizar o centro da cidade.

"Pretendemos trazer dignidade à vida das pessoas que moram no centro. O centro merece isso. Vamos revitalizá-lo, trabalhar para que seja um lugar de qualidade de vida para todos", afirmou o subprefeito.

Na Sé, Camilo irá suceder Marcelo Vieira Salles, que tomou posse como vereador.

A Subprefeitura da Sé reúne oito bairros —Bela Vista, Bom Retiro, Cambuci, Consolação, Liberdade, República, Santa Cecília e Sé— e cartões-postais da cidade como avenida Paulista e o Mercadão.

Também nesta terça, Nunes empossou mais cinco nomes do primeiro escalão da prefeitura. São eles, Bruno Lima (secretário de Inovação e Tecnologia), Fernando Chucre (secretário executivo de Planejamento e Entregas Prioritárias da Secretaria de Governo), Enrico Misasi (secretário executivo de Relações Institucionais da Secretaria Municipal da Casa Civil), João Cury (diretor-presidente da Cohab) e Taka Yamauchi (diretor-presidente da SPObras).

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