Em "Superabundance", Marion Tupy e Gale Pooley defendem uma tese contraintuitiva. Afirmam que quanto mais gente houver no planeta, melhor. Mais população, dizem, é sinônimo de mais ideias inovadoras e mais riqueza. Não devemos nos preocupar (não muito ao menos) com o esgotamento de recursos naturais e outras mazelas ecológicas.
O alvo de Tupy e Pooley são os neomalthusianos, que sustentam que a população humana precisa ser reduzida, sob risco de experimentarmos fome e outras restrições. Um dos mais veementes deles é o biólogo Paul Ehrlich, autor de "A Bomba Populacional", livro de 1968 que botou medo em muita gente.
Já a inspiração da dupla é o economista Julian Simon, que formulou com todas as letras a tese de que riqueza é, em última análise, ideias, que brotam das cabeças de pessoas. E essas ideias se traduzem em avanços tecnológicos capazes de nos fazer escapar da armadilha malthusiana, que vale para outras espécies.
Na parte original do livro, Tupy e Pooley atualizam a célebre aposta entre Ehrlich e Simon e mostram, de forma bastante convincente, que o preço de mais de 50 commodities e de vários produtos finais, como TVs e bicicletas, está caindo. Eles calculam os preços não com base em moedas (estimar inflação é sempre controverso), mas em horas trabalhadas para adquirir a mercadoria.
Na parte não original, a dupla recorre a autores como Kahneman, Pinker e McCloskey, para mostrar por que temos uma leve obsessão por más notícias e como o mundo se tornou, nos últimos dois séculos, muito mais próspero e talvez até mais civilizado.
A minha impressão é que Tupy e Pooley em alguns momentos se deixam levar por exageros (o subtítulo do livro fala em "planeta de recursos infinitos") e se distraem com bate-bocas ideológicos, mas oferecem uma boa demonstração de sua tese central: a humanidade está ficando mais rica e isso tem a ver com mais pessoas tendo mais ideias.
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