quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Futuro deputado do PSL quer canal de denúncias contra 'ideologia em escolas' em SP, FSP

SÃO PAULO


    Se depender de Douglas Garcia, 24, deputado estadual eleito pelo PSL-SP e fundador do Direita São Paulo, também a Assembleia Legislativa do estado terá seu canal de denúncias para que pais e alunos denunciem professores que considerarem estar fazendo "doutrinação ideológica" em sala de aula. 
    Douglas segue, assim, a colega de partido Ana Caroline Campagnolo, eleita para a mesma cadeira, só que em Santa Catarina.
    O Ministério Público Federal instaurou inquérito civil para apurar a “suposta intimidação" a docentes do estado após a futura parlamentar conclamar estudantes catarinenses a dedurar professores que façam "queixas político-partidárias em virtude da vitória do presidente [Jair] Bolsonaro". 
    O deputado estadual eleito Douglas Garcia, do PSL-SP
    O deputado estadual eleito Douglas Garcia, do PSL-SP - Zanone Fraissat/Folhapress
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    Tanto ela quanto Douglas defendem o Escola Sem Partido, projeto que deseja expurgar o que for considerado "propaganda político-partidária" em colégios —uma proposta abraçada por conservadores que dizem temer conteúdo de viés esquerdista nas redes escolares.
    Os textos, multiplicados por casas legislativas do país, também preveem veto a conteúdos “que possam estar em conflito com as convicções religiosas ou morais dos estudantes ou de seus pais”.
    Douglas diz à Folha que só oficializará a proposta do canal paulista em fevereiro, quando for diplomado como parlamentar. Assim teria "imunidade parlamentar para me proteger do que está acontecendo agora". Ele considera o inquérito aberto contra Ana Caroline como uma "perseguição por parte do MP".
    A ideia, segundo ele, é receber denúncias via e-mail, telefone e WhatsApp. "Assim como existe hoje o SOS Racismo, no gabinete da Leci  Brandão, a gente vai ter um canal para doutrinação no meu gabinete."
    A equipe da deputada do PC do B afirma que, na verdade, o SOS Racismo, que tem um disque-denúncia contra o preconceito, a discriminação e a intolerância racial e cultural, é uma iniciativa do deputado Vicente Cândido (PT) —negro, assim como Leci e Douglas. 
    Defensora de varrer ideologias para fora da escola, a professora e agora política Ana Caroline posou em 2017 para foto em sala de aula vestindo camisa nas cores da bandeira nacional e com o rosto do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).
    Para Douglas, isso nada tem a ver com o projeto que endossam. "Ela ganhou esta camiseta no final, de um aluno que trabalhava vendendo camisetas. Não estava usando enquanto dava aula", afirma o parlamentar de primeira viagem, que disse à reportagem antes de ser eleito ter adorado ver a “esquerda em polvorosa” após criar o bloco carnavalesco Porão do Dops.
    A Justiça proibiu a Direita São Paulo de fazer “apologia à tortura”, e o bloco acabou não saindo.
    Uma das marchinhas parodiava o clássico “Cachaça Não É Água”: “Você pensa que bandido é gente/ Bandido não é gente, não/ Bandido bom tá enterrado/ Deitado dentro de um caixão”.

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