SÃO PAULO
Se depender de Douglas Garcia, 24, deputado estadual eleito pelo PSL-SP e fundador do Direita São Paulo, também a Assembleia Legislativa do estado terá seu canal de denúncias para que pais e alunos denunciem professores que considerarem estar fazendo "doutrinação ideológica" em sala de aula.
Douglas segue, assim, a colega de partido Ana Caroline Campagnolo, eleita para a mesma cadeira, só que em Santa Catarina.
O Ministério Público Federal instaurou inquérito civil para apurar a “suposta intimidação" a docentes do estado após a futura parlamentar conclamar estudantes catarinenses a dedurar professores que façam "queixas político-partidárias em virtude da vitória do presidente [Jair] Bolsonaro".
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Tanto ela quanto Douglas defendem o Escola Sem Partido, projeto que deseja expurgar o que for considerado "propaganda político-partidária" em colégios —uma proposta abraçada por conservadores que dizem temer conteúdo de viés esquerdista nas redes escolares.
Os textos, multiplicados por casas legislativas do país, também preveem veto a conteúdos “que possam estar em conflito com as convicções religiosas ou morais dos estudantes ou de seus pais”.
Douglas diz à Folha que só oficializará a proposta do canal paulista em fevereiro, quando for diplomado como parlamentar. Assim teria "imunidade parlamentar para me proteger do que está acontecendo agora". Ele considera o inquérito aberto contra Ana Caroline como uma "perseguição por parte do MP".
A ideia, segundo ele, é receber denúncias via e-mail, telefone e WhatsApp. "Assim como existe hoje o SOS Racismo, no gabinete da Leci Brandão, a gente vai ter um canal para doutrinação no meu gabinete."
A equipe da deputada do PC do B afirma que, na verdade, o SOS Racismo, que tem um disque-denúncia contra o preconceito, a discriminação e a intolerância racial e cultural, é uma iniciativa do deputado Vicente Cândido (PT) —negro, assim como Leci e Douglas.
Defensora de varrer ideologias para fora da escola, a professora e agora política Ana Caroline posou em 2017 para foto em sala de aula vestindo camisa nas cores da bandeira nacional e com o rosto do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).
Para Douglas, isso nada tem a ver com o projeto que endossam. "Ela ganhou esta camiseta no final, de um aluno que trabalhava vendendo camisetas. Não estava usando enquanto dava aula", afirma o parlamentar de primeira viagem, que disse à reportagem antes de ser eleito ter adorado ver a “esquerda em polvorosa” após criar o bloco carnavalesco Porão do Dops.
A Justiça proibiu a Direita São Paulo de fazer “apologia à tortura”, e o bloco acabou não saindo.
Uma das marchinhas parodiava o clássico “Cachaça Não É Água”: “Você pensa que bandido é gente/ Bandido não é gente, não/ Bandido bom tá enterrado/ Deitado dentro de um caixão”.
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