quarta-feira, 24 de julho de 2024

Corregedor da Polícia Militar condecorou ex-presidente do TJ-SP, Frederico Vasconcelos, FSP

 O novo corregedor da Polícia Militar, coronel Fábio Sérgio do Amaral, condecorou em dezembro de 2022 o então presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Ricardo Mair Anafe, com uma medalha da Rota (Ronda Tobias de Aguiar).

Então comandante do batalhão, Amaral dividiu os holofotes com o governador eleito Tarcísio de Freitas e o então deputado federal Capitão Derrite, que viria a assumir a secretaria de Segurança.

Ex-presidente do TJ-SP, desembargador Ricardo Mair Anafe, à direita, em cerimônia de entrega da Medalha Tobias de Aguiar. No centro e no destaque, o então comandante do Batalhão da Rota, tenente-coronel PM Fábio Sérgio do Amaral, novo corregedor da PM; à esquerda, o governador Tarcísio de Freitas - Comunicação Social TJ-SP / KS e AOPM / Divulgação

Recentemente, o corregedor da PM compartilhou nas redes sociais manifestação contra o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, como revelou Rogério Pagnan, na Folha.

Parece inconvincente a alegação de que a mensagem foi "compartilhada em caráter temporário, no perfil particular do oficial", como sustentou a PM.

A imagem circulou atribuída ao "Coronel Fábio Corregedor PM".

A sequência dos fatos sugere um passo adiante na política traçada antes da posse de Tarcísio: linha dura nas ações policiais e falta de transparência.

A interferência do corregedor no processo eleitoral coincide com a decisão da Polícia Militar, revelada pelo Estadão, de impôr sigilo de 100 anos sobre os processos administrativos disciplinares abertos contra o coronel Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo.

Ex-comandante da Rota, Araújo foi indicado por Bolsonaro vice na chapa do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição.

Homenageado pela PM, Anafe derrubou liminar que obrigava o uso de câmeras corporais nas operações Escudo, deflagradas no litoral, após a morte de um soldado da Rota. A decisão foi chancelada pelo Órgão Especial do TJ-SP.

Organizações de direitos humanos protestaram. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Roberto Barroso, apostou na conciliação e negou rever a decisão do TJ-SP.

Barroso sugeriu "virar as páginas da vida". Tarcísio seguiu a cartilha bolsonarista e fez uso político da PM.

Derrite montou um exército de 241 assessores militares na Secretaria de Segurança. Considerou apenas "falha procedimental" PMs agredirem um cadeirante e um jovem. Prometeu enviar "policiais de elite" ao interior para "treinar a abordagem".

Na prática, seria levar o modelo de "neutralização" de suspeitos a possíveis redutos eleitorais do bolsonarismo.

O atual corregedor foi um dos militares ligados ao secretário Derrite que ganharam poder em fevereiro deste ano, com a movimentação de 34 coronéis.

Tarcísio trocou coronéis da PM considerados legalistas. Disse, na ocasião, que estava satisfeito com a violência da tropa de choque e que não estava "nem aí" para os protestos internacionais e as denúncias de violação de direitos humanos.

A ação da PM no litoral paulista foi uma chacina anunciada. É considerada a segunda operação mais letal da história da Polícia Militar.

A Justiça recebeu denúncia contra um capitão e um cabo da PM paulista acusados de adulterar a cena do crime na morte de um homem na Operação Escudo.

A homenagem a Anafe coincidiu com os 30 anos do massacre do Carandiru. Nenhum policial militar foi alvejado, enquanto 90% dos presos mortos receberam tiros na cabeça. Foram eliminados de cócoras, em posição de rendição.

Tarcísio condecorou Bolsonaro com uma medalha da Rota. O ex-presidente concedera indulto natalino aos autores do massacre.

O desembargador aposentado Ivan Sartori, ex-presidente do TJ-SP, usou a chacina de Carandiru como apelo em sua frustrada campanha à Câmara Federal. Ainda vestia a toga quando publicou foto no Facebook com o slogan de Bolsonaro: "Brasil acima de tudo; Deus acima de todos".

"‘Fui o desembargador-relator do caso Carandiru", foi o mote da campanha. Sartori ficou no 860º lugar. Ele sustentou que "não houve massacre", mas "legítima defesa".

Sartori foi condecorado pela tropa de choque da PM pelos "relevantes serviços prestados" […] para a elevação do nome da Polícia Militar".

Tribunal de Justiça não presta serviços à polícia. É o contrário.

O excesso de honrarias pode sugerir na corporação a ideia equivocada de que os desmandos da tropa são aprovados pela corte.


Paris ainda e sempre Saint Laurent e a subversão da moda, Betty Milan - FSP

 Como Aristide Maillol, Yves Saint Laurent exaltou continuamente a mulher. Já aos dezessete anos foi trabalhar com Christian Dior. Aos vinte um, quando Dior faleceu, assumiu o controle da empresa e evitou a ruína financeira da mesma. Sua primeira coleção como estilista da grife foi um sucesso. Graças ao vestido trapézio, mereceu ser chamado de Christian 2.

Pouco depois, no entanto, durante a Guerra de Independência da Argélia, foi convocado para o exército francês. De tão maltratado e ridicularizado pelos colegas por ser homossexual, teve um esgotamento nervoso.

De volta à vida civil, saiu da Dior e, em 1962, fundou com Pierre Bergé a própria marca. Os dois foram amantes até 1976 e parceiros nos negócios durante três décadas.

Fotografia em preto e branco de um desfile de moda. No centro, um homem de óculos, terno e gravata listrada sorri enquanto duas modelos o beijam nas bochechas. A modelo à esquerda usa um vestido escuro com detalhes florais, enquanto a modelo à direita usa um vestido claro e volumoso. Ao fundo, outras pessoas estão desfocadas.
Yves Saint Laurent é beijado por modelos ao final de seu desfile na semana de moda de Paris - Luc Novovitch - 21.out.1987/Reuters

Nos anos 60 a marca se tornou conhecida no mundo inteiro graças ao smoking feminino, que mudou a vida das mulheres. Além de empoderá-las, dando a elas um direito que só os homens tinham, o direito à calça comprida, introduziu na moda uma ambivalência inexistente. Sou mulher, mas posso me vestir como homem. Isso tem a ver com a liberdade do estilista em relação à fantasia.

Yves Saint Laurent foi subversivo também no plano social. Além de ter lançado o prêt à porter, que tornou a elegância acessível a um número maior de mulheres, apresentou, pela primeira vez, manequins negras num desfile de moda.

Possível não amar o estilista que ousou se opor ao preconceito sexual, social e racial? Com Pierre Bergé, ele criou uma fundação em Paris, que mostra toda a história da produção. São mais de 15 mil objetos e 5 mil peças de vestuário num palacete da Avenue Marceau. Nunca me esqueço dos diferentes vestidos de noiva de cor e particularmente do preto. Como Manet, Saint Laurent sabia que o preto também é uma cor.

Motorista é preso com 'carro do golpe' na zona leste de São Paulo, FSP

 

SÃO PAULO

Um homem de 21 anos foi preso em flagrante na noite desta terça-feira (23), em São Paulo, sob suspeita de operar uma central clandestina para aplica golpes de dentro de um carro.

Ele foi preso pela Polícia Militar enquanto dirigia um Jeep Renegade com as luzes apagadas, na avenida Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello, no Parque São Lucas, zona leste da capital. No veículo havia computador, baterias e um aparelho transmissor de sinais no porta-malas.

Segundo o soldado Guilherme Borges, do 21º Batalhão de Polícia Militar, a central clandestina bloqueava o sinal de celular nas proximidades de onde o veículo estava, deixando os aparelhos sem funcionar. Em seguida, o equipamento disparava mensagem de texto para os números afetados.

A imagem mostra o interior do porta-malas de um veículo branco. No fundo, há bancos de couro escuro. No chão, estão visíveis uma bateria, um equipamento eletrônico em uma caixa preta, e um objeto cilíndrico prateado. Também há fios conectando os dispositivos
Diversos equipamentos usados no golpe foram encontrados no porta-malas do Jeep Renegade - Reprodução/TV Globo

A mensagem indicava que havia pontos de um suposto cartão de crédito que poderiam ser trocados por benefícios e levava a uma página similar a de um banco e pedia dados pessoais.

"Caso a pessoa entrasse no link, ela passaria a ter seu celular e contas bancárias saqueados pelos delinquentes", explicou o PM.

Em outra etapa do golpe, segundo o policial, os estelionatários chegavam a entrar em contato com os donos dos celulares solicitando mais informações pessoais, incluindo senhas.

O suspeito preso confessou, segundo a polícia, que recebia R$ 1.000 por semana para circular com o veículo entre de oito a doze horas por dia. Ele aplicava o golpe havia duas semanas e costumava circular por bairros de alto padrão, como Itaim Bibi e região da Paulista. Ele não tinha CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

Os valores desviados das vítimas eram depositados na conta da namorada do suspeito, que é adolescente.

Ele não apresentou defesa e deve passar por audiência de custódia nesta quarta-feira (24).

O caso foi registrado como associação criminosa, invasão de dispositivo informático, dirigir sem permissão ou habilitação, desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicações e corrupção de menores no 42° DP (Parque São Lucas).

Polícia Civil agora tenta identificar quem seriam os demais integrantes da quadrilha.