quinta-feira, 10 de agosto de 2023

'Desertos de notícia' já não são maioria no Brasil, diz estudo, FSP

 Nelson de Sá

TAIPÉ

Pela terceira vez consecutiva, o Atlas da Notícia, um estudo anual sobre jornalismo local no Brasil, apontou queda no número de municípios sem veículos de informação, os chamados desertos de notícias.

A redução foi de 8,6% em um ano, próxima do ritmo de queda no levantamento anterior, identificando-se 271 novas cidades com pelo menos um site, jornal, página de mídia social ou outro formato de cobertura local.

Com isso, pela primeira vez, agora há menos desertos de notícias do que "não desertos", áreas com acesso a informação local, ainda que limitada, no Brasil.

Mulher caminha pela calçada ao lado de uma banca de jornais com toldo azul
Banca de jornais no bairro de Higienópolis, em São Paulo - Marcelo Justo - 20.abr.2017/Folhapress

No total, são 2.712 desertos, somando uma população de 26,7 milhões. E foram levantados 2.858 "não desertos", somando 176,3 milhões de habitantes. Desses, porém, 1.643 municípios têm apenas um ou dois, configurando o que o Atlas chama de "quase desertos".

"O que mais tem ocorrido é o surgimento desses veículos individuais, blogs, perfis", diz Sérgio Lüdtke, presidente do Projor - Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo, que realiza o Atlas.

Ele alerta porém que "é uma expansão frágil, que não traz tanto otimismo porque já se vê o fechamento de muitas dessas iniciativas online", por falta de sustentação financeira. "A pessoa consegue no máximo um anúncio via Google ou um acerto com o comércio local."

PUBLICIDADE

A mudança é encabeçada pelas regiões Norte e Nordeste, onde foram identificados 95 e 87 novas cidades, respectivamente, com os novos veículos digitais ou, em medida menor, notícias em emissoras comunitárias de rádio. Os estados mais favorecidos foram Pará e Pernambuco, com 36 cada um.

Ainda assim, o Nordeste é a região do país com mais municípios sem cobertura local, proporcionalmente.

Nesta edição do levantamento, foram identificados 14.444 veículos em atividade no Brasil, 5,2% a mais do que no ano passado, sendo 5.245 online, 36% do total --dos quais 1.671 blogs ou páginas de mídia social, de empreendedores individuais, como descreve o estudo.

O levantamento é financiado pela Meta, dona de Facebook, Instagram e WhatsApp, plataformas presentes no levantamento de perfis noticiosos locais, assim como o YouTube, do Alphabet. Outras, como TikTok, Twitter e Telegram, também são registradas, mas em grau menor.

O trabalho envolveu 303 colaboradores voluntários e estudantes de 80 organizações e universidades, nos últimos dez meses, em todo o país.

Desde 2017, quando foi lançado, o levantamento é atualizado regularmente, descreve Sérgio Spagnuolo, coordenador de dados do Atlas da Notícia. Saltou o ano de 2020, devido à pandemia, mas "tem a mesma metodologia e o mesmo rigor desde 2019, com comparabilidade".

Lula e Paes fecham acordo para destravar Porto Maravilha, FSP

 Italo Nogueira

RIO DE JANEIRO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o prefeito do Rio de JaneiroEduardo Paes (PSD), assinam nesta quinta-feira (10) um acordo para encerrar o litígio apontado como principal trava para o avanço do projeto de revitalização da zona portuária.

Pelo acordo, os títulos imobiliários adquiridos por um fundo da Caixa Econômica Federal a serem usados na região poderão servir também para a construção de prédios em São Cristóvão, bairro colado à área portuária. O acordo também ampliou o prazo de uso em 25 anos, atingindo o ano de 2064.

O prefeito Eduardo Paes e o presidente Lula durante inauguração do Supercentro de Saúde no Rio de Janeiro - Ricardo Moraes - 6.fev.2023 / REUTERS

A prefeitura enviou nesta quarta-feira (9) projeto de lei para a Câmara Municipal a fim de viabilizar o acordo.

"Visando retomar o pleno desenvolvimento do projeto de requalificação e revitalização da região portuária, amplamente aprovado por moradores e turistas, o município iniciou tratativas administrativas com a Caixa Econômica Federal, na qual as partes identificaram a necessidade de, dentre outros pontos, expandir a área e o prazo da operação, como forma de conferir condições para a efetiva absorção de Cepacs pelo mercado imobiliário", escreveu Paes em mensagem à Câmara.

Para o fim do impasse que se arrasta há seis anos, o município vai abrir mão de cerca de R$ 4 bilhões que ainda seriam repassados pelo fundo da Caixa à prefeitura para custear serviços públicos e obras ainda previstas na região.

A expectativa da prefeitura é que o acordo acelere o lançamento de empreendimentos na região. As novas unidades habitacionais são uma premissa do projeto de reabitar a área atualmente abandonada. Novos empreendimentos residenciais começaram a ser planejados para o porto nos últimos meses, mas o objetivo é ampliar o interesse do mercado, reduzindo o custo para os investimentos.

Zona portuária é alvo de projeto de revitalização desde 2009; crise financeira atrasou desenvolvimento dos empreendimentos - Tércio Teixeira - 6.ago.2021 / Folhapress

A negociação não soluciona o impasse na maior PPP (parceria público-privada) firmada no país. Um acordo com a concessionária Porto Novo, responsável pelas obras e serviços na região suspenso desde o início do imbróglio jurídico-financeiro.

revitalização da zona portuária foi iniciada em 2011 quando o Fundo da Investimento Imobiliário Porto Maravilha (FIIPM), gerido pela Caixa, comprou 400 mil metros quadrados de terrenos na zona portuária e 6,4 milhões de Cepacs, títulos imobiliários que autorizam a construção de prédios altos na região.

Ele pagou à vista R$ 3,5 bilhões, com dinheiro do FGTS, e se comprometeu a repassar outros R$ 6,5 bilhões —em valores atualizados— por 15 anos.

Era com a revenda desses terrenos e papéis que o banco manteria o cronograma de repasse acertado com o município até 2026. Esse valor seria repassado pela prefeitura para a Porto Novo realizar as obras e a manutenção da área.

Contudo, a crise econômica afetou o setor imobiliário e menos de 20% dos Cepacs foram vendidos.

Em 2015, o FGTS teve de aportar mais R$ 1,5 bilhão para manter o cronograma das obras e serviços. O objetivo era não afetar as inaugurações às vésperas da Olimpíada de 2016.

O fôlego extra só foi o suficiente até 2017, quando o FIIPM declarou insolvência, interrompeu os repasses e formou o impasse sobre o financiamento do projeto. Atualmente, a concessionária não atua mais na prestação dos serviços públicos da área, assumidos pelo município até a solução do caso.

A Prefeitura do Rio de Janeiro afirma que a maior parte dos repasses ainda pendentes se referem a esses serviços públicos tocados pela concessionária Porto Novo. A avaliação é que o poder público pode assumir de vez esse trabalho, desonerando o fundo da Caixa de realizar novos repasses.

Cerca de 90% das novas obras previstas no projeto já foram finalizadas. A única ainda pendente tem como objetivo realizar melhorias na avenida Francisco Bicalho, área com maior potencial construtivo no projeto. A prefeitura estuda executar essa obra com recursos municipais.

Chinesa BYD já vendeu quase toda a produção de carros elétricos, FSP

 A chinesa BYD anuncia, nesta quarta (9), ter atingido a produção de cinco milhões de veículos elétricos e híbridos. Até julho, as vendas acumuladas globais desses modelos ultrapassaram 4,8 milhões de unidades.

A marca foi anunciada por Wang Chuanfu, presidente e CEO da fabricante, em uma cerimônia realizada na sede global da BYD, em Shenzhen, na China.

"Hoje chegamos a um momento histórico para a BYD ao testemunharmos o lançamento do nosso veículo número 5 milhões da linha de produção", disse.

Chinesa BYD apresenta compacto 100% elétrico Dolphin, que deverá ser produzido na Bahia - 28.jun.2023-Eduardo Sodré/Folhapress

Os carros elétricos impulsionaram significativamente o ritmo da indústria automobilística da China nos últimos anos. Foram 14 anos para a indústria chegar ao patamar de 10 milhões de veículos de energia limpa e menos de 18 meses para dobrar esse número e chegar aos 20 milhões de veículos produzidos.

Em 2022, os veículos de energia limpa da BYD tiveram um crescimento expressivo. Foram vendidos ao longo do ano quase 1,9 milhão de unidades.

A produção entre janeiro e julho de 2023 foi de 1,5 milhão de unidades. Deste total, 92.469 carros vendidos foram comercializados em outros países, um recorde para a empresa que em apenas sete meses superou o número de unidades vendidas em todo o ano passado.

PUBLICIDADE

No fim de junho, a fabricante anunciou sua intenção em se instalar em Camaçari (BA), no lugar do antigo complexo industrial da Ford para produzir alguns modelos no Brasil.

Com Diego Felix