quinta-feira, 1 de junho de 2023

Ministro de Minas e Energia eleva o tom contra Samarco e diz que 'paciência acabou', FSP

 Juliana Braga

BRASÍLIA

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, elevou o tom em reunião com o presidente da Samarco, Rodrigo Vilella. O encontro aconteceu na última quinta-feira (25) e não constou da agenda oficial.

Segundo relatos, Silveira afirmou entender que a Samarco é a responsável objetiva pelos danos causados pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG). A empresa é uma joint venture entre a BHP Billiton e a Vale.

Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, dá coletiva em frente ao ministério (FOTO: Gabriela Biló /Folhapress) - Folhapress

Ele criticou a falta de transparência das ações de reparação levadas a cabo pela Fundação Renova, criada para executar esse trabalho, e cobrou a prestação de contas dos R$ 25 bilhões que já teriam sido aplicados na reconstrução das áreas atingidas.

Em dado momento, o ministro disse que "a paciência acabou", e pediu mais proatividade para avançar nas negociações do acordo em discussão sob a coordenação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Silveira argumentou que a inércia da Samarco, definida por ele como irresponsabilidade, pode comprometer ainda mais todo o setor nacional.

O acordo de Mariana, considerado o maior da história, enfrenta entraves para ser concluído, apesar da pressão das vítimas e dos entes federados que devem ser indenizados. Até o final de 2022, as partes já haviam realizado mais de 260 encontros, sem chegar a consenso sobre ações de reparação, valores a serem ressarcidos e prazos para os pagamentos.

Procurada, a Samarco disse que não iria se pronunciar.

Flávio Dino foi estopim da irritação de Lira com o governo, OESP

 


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Não foram apenas os comentários do senador Renan Calheiros (MDB-AL) que estimularam o mau humor de Arthur Lira (MDB-AL) com o governo nos últimos dias. Lira também não gostou nada do fato de o ministro Flávio Dino (Justiça) ter ido nesta semana a Alagoas sem tê-lo convidado para acompanhar a comitiva ao Estado.

Flávio Dino e Paulo Dantas, durante agenda em Alagoas.
Flávio Dino e Paulo Dantas, durante agenda em Alagoas. Foto: Divugação

A irritação se refletiu em plenário. Ontem, Lira quase deixou caducar a medida provisória do governo que promove a reestruturação dos ministérios. Como mostrou a Coluna, foi demovido por aliados que acharam que a ação iria longe demais.

O objetivo de Lira era dar o recado de que o governo precisa dele para aprovar qualquer matéria em plenário e por isso precisa “tratá-lo com mais respeito”.

Dino cumpriu agenda na última segunda-feira (20) com o governador de Alagoas, Paulo Dantas, para a entrega de viaturas policiais. Também anunciou investimentos de R$ 20 milhões na área da segurança pública.

Na conversa com Lula por telefone, ontem, Lira relatou ao presidente que parlamentares estavam incomodados por não serem chamados por ministros nas agendas pelos Estados.

Autores processam Record e dizem que foram demitidos por não serem evangélicos, FSP

 A Record está sendo processada sob a acusação de ter demitido ao menos dois roteiristas por eles não serem evangélicos, religião do bispo Edir Macedo, proprietário da emissora e líder da igreja Universal do Reino de Deus.

Em nota enviada à Folha, a emissora diz que é contra qualquer forma de intolerância, inclusive a religiosa, e que tomará providências judiciais contra as acusações.

Juliano Laham no papel de José na novela 'Gênesis', cujo autor processa a Record por intolerância religiosa
Juliano Laham no papel de José na novela 'Gênesis', cujo autor processa a Record por intolerância religiosa - Blad Meneghel/Divulgação

Camilo Pellegrini, que escreveu a novela "Gênesis", é um dos autores que estão processando a emissora por intolerância religiosa. Consta no processo que ele foi demitido em 2021 após ter feito uma publicação nas redes sociais divulgando um curso sobre religiões com matriz africana ministrado por um amigo.

A ação diz que, um dia após a publicação, Pellegrini recebeu uma ligação de Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo e líder do núcleo de dramaturgia da emissora. No telefonema, ela teria dito que ele não escreveria mais a novela "Reis", para a qual ele já havia sido escalado.

"Em seu lugar entrou Raphaela Castro, amiga íntima de Cristiane Cardoso e evangélica alinhada aos preceitos da Igreja Universal", diz a ação. "É notório o interesse de a reclamada manter em seu quadro de funcionários apenas profissionais ligados à religião protestante e o reclamante foi dispensado porque não se converteu à religião evangélica."

Folha tentou agendar uma entrevista com Cardoso, mas não recebeu uma resposta até a publicação desta reportagem.

A roteirista Paula Richard, de "Os Dez Mandamentos", também está processando a empresa com a alegação de ter sido demitida por intolerância religiosa. Ela também acusa a Record de desrespeitar leis trabalhistas, o que Pellegrino também faz.

Consta no processo que o roteirista era contratado como pessoa jurídica, mas matinha uma rotina semelhante à de profissionais que trabalham em regime de CLT, com a obrigação de cumprir um horário fixo de trabalho.

Pellegrini também alega que costumava trabalhar de manhã até de madrugada para entregar os roteiros, razão pela qual pede que a emissora pague agora suas horas extras.