terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Energia cara dá força para a geração solar, por Nayara Machado, EPBR

 

Componentes mais baratos, tarifas de energia mais caras e expansão da geração distribuída remota devem alavancar o segmento solar no Brasil em 2023, estima a Greener, consultoria do mercado de energia fotovoltaica.
 
No ano passado, a fonte solar fotovoltaica alcançou 23,9 gigawatts (GW) de capacidade instalada no Brasil, boa parte (16,5 GW) em painéis instalados pelos próprios consumidores.
 
Essas instalações para geração própria quase dobraram em 2022, motivadas pelo fim dos subsídios programado para o início deste ano.
 
Ainda assim, 2023 deve ser um ano aquecido. A entrada de equipamentos no país no primeiro semestre deverá movimentar investimentos superiores a R$ 35 bilhões para atender geração distribuída (GD) e grandes usinas solares, prevê a consultoria.
 
Os sistemas fotovoltaicos residenciais acumulam uma redução de preço de 44% entre junho de 2016 e de 2022. E a tendência é seguir em queda. 
 
“Vamos verificar em 2023 se essa tendência se concretiza, porque será um importante contraponto para as mudanças regulatórias e para a redução da parcela compensável dos créditos de energia para o consumidor”, comenta Marcio Takata, diretor da Greener.
 
Os módulos são fortemente influenciados pelo custo do polissilício, um componente das células solares, que após atingir pico de US$ 39/kg em meados do ano passado, experimentou uma queda vertiginosa para US$ 17/kg em janeiro de 2023.
 
“O que vai definir o preço [dos equipamentos] é o balanço entre oferta e demanda no mercado mundial, mas esse indicador [de volatilidade da matéria-prima] deverá ser importante para entender como os preços vão se comportar”, explica. 
 
Na geração centralizada, o aço é outro insumo de grande peso que também ficou mais barato no último ano.

Por outro lado, o aumento na taxa de juros está reduzindo o percentual de vendas financiadas de equipamentos para geração própria de energia – de 57% em 2021 para 54% em 2022.
 
“Grande parte dos sistemas fotovoltaicos no segundo semestre de 2022 e início de 2023 foram adquiridos de forma não financiada. Um fator que dificulta o volume de negócios no Brasil”. 
 
Outros fatores que influenciarão o mercado este ano são as tarifas de energia, em trajetória de elevação e o avanço da GD remota.
 
Segundo Takata, tarifas mais altas tornam os investimentos na geração própria mais atrativos. 
 
E a geração distribuída remota aparece como um condutor desse crescimento – já que o consumidor não precisa instalar um sistema. No ano passado, a consultoria mapeou 1,2 GW de usinas em operação, 1,1 GW em construção e outros 3,8 GW em desenvolvimento.
Os consumidores residenciais estão tentando economizar na conta de energia. Pesquisa da consultoria EY mostra que quase 85% dos brasileiros estão tomando medidas para reduzir o consumo energético e 84% dizem priorizar decisões com foco na diminuição dos custos de energia.
 
Globalmente, o estudo revela que somente 15% da população está satisfeita com o preço da energia elétrica e acessibilidade em termos financeiros.
 
a indústria solar quer ampliar ainda mais o mercado, pegando carona na agenda de reindustrialização verde do governo Lula (PT). Na semana passada, a Absolar esteve com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pedindo “maior protagonismo” para a fonte.
 
Entre as propostas do setor, está a instalação de painéis em habitações de interesse social, como o programa Minha Casa Minha Vida, além de escolas, hospitais, postos de saúde, entre outros – algo que já está no radar do governo
 
Também querem posicionar a fonte como estratégia de transição, de olho no embrionário mercado de hidrogênio verde (H2V).
 
“Para o Brasil se tornar a potência sustentável, é preciso inverter a lógica de políticas públicas no setor de energia: diminuir subsídios, incentivos e desonerações às fontes fósseis e aumentar o apoio às fontes limpas e renováveis, bem como às novas tecnologias de armazenamento energético e o próprio H2V”, defende Rodrigo Sauaia, presidente executivo da Absolar.

Vale trocar a Uber pelos Correios? O problema é ficar uns 60 dias parado em Curitiba, Pedro Fernando Nery - OESP

 Um milhão e meio de brasileiros gera renda por meio de aplicativos. Motoristas e entregadores em que, segundo o Ipea, predominam jovens negros sem nível superior. Um desafio para os governos: de um lado o potencial de geração de renda para os periféricos, de outro, a exposição a riscos com pouca proteção estatal. O ministro do Trabalho teve uma ideia.

Como os taxistas antes deles, esses profissionais trabalham de forma autônoma. Não há nem os direitos nem as amarras da CLT, tampouco o custo da pesada tributação do trabalho no Brasil. Podem trabalhar quando quiserem, em qual plataforma quiserem, até mais de uma ao mesmo tempo.

Porém, estão a um acidente de uma desgraça. Basta ainda um bloqueio do app para a renda colapsar. Um caminho seria a proteção via MEI, que é barata. Mas o Estado continua perdendo arrecadação e, apesar de direitos previdenciários, não há FGTS e seguro-desemprego.

Os Correios foram citados pelo ministro do Trabalho como um possível substituto para os apps de transportes no caso de saída da Uber do País
Os Correios foram citados pelo ministro do Trabalho como um possível substituto para os apps de transportes no caso de saída da Uber do País Foto: Hélvio Romero/Estadão

Já a alternativa de colocar todos como contratados pelos aplicativos, com os encargos, poderia inviabilizar a atividade. Consumidores não estariam dispostos a pagar. Empresas fechariam ou sairiam do Brasil, como a UberEats já fez. As operações podem ficar reduzidas ou informais. Risco, então, de queda de ocupação e da renda de jovens negros. A Espanha da Lei Rider é uma referência das consequências da regulamentação, com taxa de pobreza 10 vezes menor do que a nossa.

As plataformas não costumam dar lucro, e as tech demitem pelo mundo. O ministro do Trabalho, em entrevista, reconheceu que a regulamentação dos apps poderia levar a Uber a sair do País. Neste caso, o governo criaria novo aplicativo, operado pelos Correios.

Mas o know-how não é simples de replicar: se é difícil para o Vale do Silício, será difícil para a estatal. Apps de prefeituras mantêm os profissionais como autônomos, continuando a precarização que o ministro quer combater. E com motoristas concursados o serviço será mais caro (para consumidores ou contribuintes).

Melhor seria argumentar que a falência de empresas não deve ser impedida. É a lógica da “destruição criativa”: se a Americanas ou uma plataforma não são economicamente viáveis na legislação escolhida, que quebrem e liberem para outros setores mais promissores os recursos físicos e humanos que ocupam de forma ineficiente (ex: construção civil).

É um argumento que os críticos dos apps ainda não conseguem admitir. Vale trocar a Uber pelos Correios? “O problema é que você pode parar em Curitiba e ficar uns 60 dias lá”, ironizou o economista Caio Augusto.

Polícia de Paris investiga denúncia de estupro de brasileira aos pés da Torre Eiffel, FSP

 


TOULOUSE (FRANÇA)

A polícia de Paris investiga uma denúncia de estupro de uma turista brasileira ocorrido na madrugada do último domingo (5), nos jardins da Torre Eiffel. Ela estava com sua irmã mais velha, alvo de agressão sexual no mesmo local. O caso, confirmado pela Folha, está sendo apurado pela 3ª delegacia de polícia judiciária da capital francesa, que agora levanta informações e imagens de câmeras da região.

Segundo informações atribuídas a fontes policiais e publicadas na imprensa francesa, as irmãs viajaram a turismo para Paris. Elas saíram à noite no sábado e conheceram dois homens, com quem estavam durante um passeio pelo extenso gramado diante da torre ícone de Paris, chamado Campo de Marte.

Vista da torre Eiffel, com o Campo de Marte à frente, em Paris
Vista da torre Eiffel, com o Campo de Marte à frente, em Paris - Mariana Agunzi/Folhapress

Ali, elas teriam se afastado, cada uma com um dos homens como acompanhante. Ao ser tocada contra a sua vontade, a irmã mais velha teria se desvencilhado do agressor, que fugiu. Ela então teria partido em busca da irmã mais nova e a encontrado no chão do mesmo Campo de Marte, com o outro homem em cima dela, com as calças abaixadas. Surpreendido, o homem teria fugido em um carro preto.

Levadas à delegacia por volta das 5h30, as irmãs teriam denunciado o caso, que passou à polícia judiciária para investigação. Seguindo os protocolos para vítimas de crimes sexuais, elas teriam sido encaminhadas ao serviço de medicina legal, para atendimento médico e coleta de potenciais vestígios.

"O estupro aos pés da Torre Eiffel destaca outra vez o perigo do Campo de Marte", afirmou na segunda a subprefeita do bairro, Rachida Dati, ministra da Justiça entre 2007 e 2010, na gestão de Nicolas Sarkozy.

Desde 2020, a política do Partido Republicano tem criticado o "aumento da delinquência e da insegurança endêmica" no local, um dos com a maior incidência de crimes do centro de Paris, ao lado de Trocadero.

Dati propõe que o local seja fechado durante a noite, uma força policial municipal dedicada seja implantada, e um centro de vigilância para o monitoramento com câmeras, instalado. Até agora, nenhuma das propostas foi acolhida pela Prefeitura de Paris, sob o comando de Anne Hidalgo, do Partido Socialista.