terça-feira, 4 de outubro de 2022

PL e PT crescem e terão as maiores bancadas da Assembleia Legislativa de SP, FSP

 Rafael Balago

SÃO PAULO

O PL (Partido Liberal) e o PT (Partido dos Trabalhadores) ampliaram suas bancadas na Assembleia Legislativa de São Paulo nas eleições deste domingo (2). Com 100% das urnas apuradas, o partido do presidente Jair Bolsonaro passará a ter 19 assentos na Casa, ante os 17 atuais.

Já o PT, que somava 10 assentos na composição atual, terá 18 vagas. O partido aderiu ao modelo de federação com PV e PC do B, que soma 19 assentos. Além dos nomes petistas, foi eleita Leci Brandão (PC do B).

Plenário da Assembleia Legislativa de SP - Divulgação - 19.out.21/Alesp

O Plenário paulista tem ao todo 94 assentos. Veja aqui a lista de votos de todos os candidatos a deputados estaduais de SP e quem foi eleito.

O PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), que governou o estado de São Paulo desde 1995 e que atualmente preside a Alesp, terá queda no total de deputados de 13 para 9. Os tucanos também aderiram ao modelo de federação, com o Cidadania. Em grupo, somam 11 cadeiras.

O Palácio dos Bandeirantes será disputado, em segundo turno, por Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT). Os partidos que apoiam Tarcísio terão vantagem na casa: somarão 33 deputados, sendo que apenas o Republicanos deve eleger oito nomes. O grupo inclui ainda PL, PSD, PTB, PSC e PMN.

Já a coligação de Haddad, que inclui PSB, PSOL, Rede, PC do B, PV e Agir, ficará com 28 representantes. Entre os candidatos mais votados, há um trio de nomes de esquerda. O veterano Eduardo Suplicy, 81, liderou e teve 807 mil votos, seguido por Carlos Giannazi (PSOL) e a Bancada Feminista (PSOL). E o deputado eleito com menos votos foi Guilherme Cortez (PSOL), com o aval de 45.094 eleitores.

Com isso, Suplicy voltará ao cargo no qual começou sua carreira política. Ele foi eleito pela primeira vez para deputado estadual em 1978, ainda pelo MDB, e ficou no cargo até 1982. Na época, ele fez oposição à ditadura militar e pressionou pela investigação do paradeiro de desaparecidos políticos.

O petista defende, há décadas, a criação de uma renda básica de cidadania, a ser dada pelo governo a todos os cidadãos. Em junho, teve um atrito com a campanha de Lula, ao fazer uma cobrança pública pela inclusão de suas propostas no futuro plano de governo durante um ato partidário.

Em entrevista à Folha na noite deste domingo, o petista agradeceu o apoio que recebeu durante a campanha que, segundo ele, foi a mais modesta que fez. Ele disse que agora deve se empenhar nas ações do PT para o segundo turno.

"Fico muito alegre, mas agora devo acompanhar Lula e Haddad em suas campanhas, é muito importante demonstrar todo o meu apoio. Elegê-los é seguir com o meu projeto de vida, a renda básica universal. É esse projeto que guia minha vida na política, por ele estou nela até hoje."

Segundo na lista de mais votados, Carlos Gianazzi, 60, chega ao quinto mandato seguido, após receber 276 mil votos. Ele foi professor de escola pública e atua em questões de educação. Está na Alesp desde 2007 e teve várias votações expressivas. Em 2018, havia registrado 218 mil votos.

Se os dois mais votados são veteranos da esquerda, a terceira posição foi para um modelo novo: a Bancada Feminista. O grupo é formado por cinco mulheres negras: Paula Nunes, Simone Nascimento, Carolina Iara, Mariana Souza e Sirlene Maciel. Elas somaram 259 mil votos e dividirão um mandato na Alesp depois de conquistar uma vaga na Câmara Municipal de São Paulo, em 2020, de modo similar.

Depois dos nomes de esquerda, a lista dos mais votados traz vários nomes de direita, como Bruno Zambelli (PL), com 235 mil votos, Major Mecca (PL), com 224 mil, e Tomé Abduch (Republicanos), com 221 mil.

Bruno é irmão de Carla Zambelli, deputada federal que foi reeleita neste domingo. Apoiador de Jair Bolsonaro, Zambelli repetiu o lema utilizado pelo presidente e declarou que seu trabalho será guiado por "por Deus, pela pátria, pela família e pela liberdade"

Abduch é coordenador do Movimento Nas Ruas, iniciativa de direita que ajudou a organizar vários atos em São Paulo, incluindo motociatas em apoio a Bolsonaro.

Esta é a segunda eleição estadual seguida em que apoiadores do presidente conseguem boa votação para a Alesp. Em 2018, o PSL, então legenda de Bolsonaro, foi o mais votado e levou 15 assentos.

Naquele ano, Janaína Paschoal, que integrava o PSL, recebeu 2,03 milhões de votos, um recorde. Janaína optou por disputar o Senado em 2022, mas não se elegeu.

O segundo mais votado de 2018, Arthur do Val (União Brasil), teve o mandato cassado após dizer, em um áudio, que as mulheres ucranianas "são fáceis porque são pobres". Ele não poderá disputar cargos públicos até 2030.

Nos últimos anos, o PSL teve um racha interno. A legenda se fundiu com o DEM, formando o União Brasil, e isso fez com que seus integrantes tomassem rumos diversos. Apoiadores de Bolsonaro migraram para o PL. Outra ala do partido migrou para o União Brasil, que elegeria oito deputados neste domingo, de acordo com a projeção do TSE.

Apesar da onda bolsonarista de 2018, o PSDB manteve a presidência da Casa sob controle, primeiro com Cauê Macris e, desde 2021, com Carlão Pignatari.

Alexandre Frota (PSDB), que havia sido eleito deputado federal em 2018 em meio à onda bolsonarista, mas que depois deixou de apoiar o presidente, não conseguiu se eleger representante estadual. Ele teve cerca de 24 mil votos e obteve vaga de suplente.

"Eu já esperava o resultado adverso da minha campanha. O PSDB se esfacelou nessa eleição, e não foi por falta de aviso. O Rodrigo [Garcia] não conseguiu dar continuidade ao trabalho, mesmo com a máquina na mão. O PSDB sai praticamente liquidado, e essa quebra do partido respinga em todos nós", disse Frota à Folha.

Protagonista de um caso de assédio que marcou a última legislatura da Alesp, o deputado Fernando Cury (União Brasil) teve 35 mil votos e também será suplente. Ele foi suspenso por seis meses após ser acusado de apalpar os seios da parlamentar Isa Penna (PC do B), em dezembro de 2020. Penna disputou o cargo de deputada federal, recebeu 31 mil votos e não foi eleita.

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Após caso de assédio no plenário, Alesp bate recorde de mulheres eleitas, oesp

 A população paulista verá para o próximo ano uma maior representatividade feminina na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). No domingo, 2, o número de mulheres eleitas foi de 25 - há quatro anos, foram 19. A nova composição é significativa após a última legislativa, marcada por um caso de assédio sofrida por uma parlamentar em plenário.

Em dezembro de 2020, a deputada estadual Isa Penna (PCdoB) foi assediada sexualmente pelo deputado Fernando Cury, na época filiado ao Cidadania, durante sessão plenária. No vídeo, transmitido ao vivo pelo canal da Alesp, Isa aparece conversando com o presidente da Casa quando Cury se aproxima da Mesa Diretora e se posiciona atrás da deputada, colocando a mão na lateral de seus seios. Em seguida, ela empurra o deputado para afastá-lo de seu corpo.

Deputada Isa Penna (PSOL) em foto de abril de 2020 na Alesp.
Deputada Isa Penna (PSOL) em foto de abril de 2020 na Alesp. Foto: Mauricio Garcia de Souza/Agência Alesp

Isa Penna chegou a entrar com pedido de cassação do deputado, mas Cury, em decisão inédita, teve seu mandato suspenso por 180 dias. O parlamentar voltou a atuar na Alesp após o fim da suspensão e, assim como Isa, concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados, sem sucesso.

Perfil

As três mulheres mais bem votadas neste ano são novas da Alesp. A liderança é da estreante na política, a deputada Paula da Bancada Feminista (PSOL), que obteve 259 mil votos. Na sequência, a estreante Ana Carolina Serra (Cidadania) conquistou 198 mil votos, seguida da já deputada federal Bruna Furlan (PSDB) com 195 mil.

As deputadas eleitas estão espalhadas por 13 partidos, sendo o PT, o PSDB e o PL as siglas com mais eleitas - 5, 4 e 4, respectivamente. O equilíbrio racial entre as mulheres eleitas ainda é uma questão. A maioria - 19 - se autodeclarou branca durante candidatura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Outras 5 se identificam como pretas e uma como parda.

Críticas de Haddad a Rodrigo Garcia promoveram ‘reação antipetista’ em SP, diz Márcio França, OESP

 O ex-governador Márcio França (PSB) avalia que a estratégia de Fernando Haddad (PT) de concentrar críticas no governador Rodrigo Garcia (PSDB) pode ter ajudado na virada de Tarcísio de Freitas (Republicanos) na disputa pelo governo de São Paulo. Segundo ele, esse movimento promoveu uma “antecipação do voto útil à direita”.

“Não sei se o excesso da pancada no Garcia não provocou uma antecipação do processo de reação antipetista”, disse França. “O normal seria que a maioria das pessoas que votassem em Rodrigo iria para Tarcísio. É normal isso. É um cara que já tem certo antipetismo. Mas se o Haddad vai na frente para o turno, o porcentual que precisa é menor”, emendou.

Segundo França, o fato de Garcia ter concentrado críticas a Haddad também contribuiu para este cenário. “Acabou que Rodrigo perdeu um tempo de falar dele”, afirmou.

Diferentemente do que mostravam as pesquisas, o resultado das eleições no Estado mostrou Tarcísio na frente, com 42,32% dos votos, seguido por Haddad, com 35,70%. Garcia acabou com 18,40%. O cenário gerou um “estado de choque” na campanha do PT.

Fernando Haddad e Tarcísio de Freitas disputam segundo turno em São Paulo
Fernando Haddad e Tarcísio de Freitas disputam segundo turno em São Paulo Foto: Werther Santana/Estadão

O discurso de França foi feito após a reunião do conselho político do PT. Segundo o ex-governador, no encontro foi abordada a necessidade de ampliar diálogo com outros nomes, como Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT). Ele citou ainda a ideia de abrir conversas com José Luiz Datena para alavancar a candidatura de Haddad. “É um cara que está solto, influente…”, avaliou.

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França afirmou que a nova composição do Congresso, com perfil mais de direita e conservador, não será problema para a governabilidade de Lula em um eventual novo mandato. França, por exemplo, citou o caso do senador eleito Marcos Pontes (PL) que, segundo ele, em um mês de governo, estaria aliado ao Lula.

“Marcos Pontes foi filiado do meu partido durante 10 anos, então ele não tem nada a ver nem com Bolsonaro nem com coisa nenhuma. Estava lá naquele momento, quis tirar casquinha e pegou o finalzinho da casquinha”, disse. “Daqui um mês Lula eleito presidente, ele vai estar com Lula. Não há problema com relação a isso”, emendou. França perdeu para Pontes na disputa pelo Senado de São Paulo.