terça-feira, 3 de julho de 2018

Eike pega 30 anos de prisão e Cabral, 22, OESP

O juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Criminal Federal do Rio, condenou o empresário Eike Batista a 30 anos de prisão por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Bretas impôs a Eike, ainda, multa de R$ 53 milhões.

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Na mesma sentença, o magistrado condenou o ex-governador do Rio Sérgio Cabral(MDB) a 22 anos e oito meses de reclusão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão divisas. A ex-primeira-dama Adriana Ancelmo foi sentenciada a 4 anos e seis meses de prisão no regime semiaberto.
Bretas também condenou o ex-vice-presidente do Flamengo Flávio Godinho a 22 anos de prisão.
A informação foi divulgada pelo jornalista Lauro Jardim, de O Globo, e confirmada pelo Estadão.
Eike chegou a ser preso na Operação Calicute em janeiro de 2017, sob acusação de pagar propinas de US$ 16,5 milhões a Cabral. Na denúncia, oferecida em fevereiro de 2017, o Ministério Público Federal assinalou, sobre Eike, ‘sua contemporânea disposição de ludibriar os órgãos estatais de investigação’.
“Uma prática que tem se mostrado comum ao mesmo, que é a de simular atos jurídicos formalmente perfeitos para dar foros de legalidade a operações que, em verdade, traduzem pagamento de propina e lavagem de dinheiro”, afirma a denúncia sobre Eike.
Sobre o ex-governador a acusação da Procuradoria diz que ele “tinha o poder de praticar atos de ofício para beneficiar o empresário em seus empreendimentos no Estado, sendo efetivamente paga por Eike Batista em janeiro de 2013 a propina solicitada em contraprestação à influência a ser exercida pelo então governador do Estado do Rio de Janeiro quanto aos interesses privados das empresas do grupo X”.
A reportagem está tentando contato com a defesa dos sentenciados por Bretas. O espaço está aberto para manifestações.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Governo quer que Vale e MRS construam trechos de ferrovias como contrapartida por prorrogações, FSP

BRASÍLIA
A Vale terá de investir cerca de R$ 4 bilhões de reais na construção de um trecho da chamada Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico) como contrapartida pelas prorrogações de seus contratos de concessão envolvendo a ferrovia dos Carajás e a ferrovia Vitória-Minas, disse nesta segunda-feira (2) o ministro dos Transportes, Valter Casimiro.
Valter Casimiro Silveira, ministro dos Transportes - José Cruz/Agência Senado
Outra concessionária do setor, a MRS Logística, também terá de investir cerca de R$  bilhões na construção do trecho norte do Ferroanel de São Paulo, como contrapartida pela renovação de sua malha, afirmou Casimiro.
As condições para a renovação dos contratos foram aprovadas em reunião do Conselho do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), realizada nesta segunda-feira.
No caso da Fico, o investimento consiste na construção de 383 quilômetros de ferrovia entre Campinorte (GO) e Água Boa (MT), proporcionando uma conexão do Mato Grosso à malha da Ferrovia Norte-Sul.
"A Fico é uma prioridade nacional. Em contrapartida pelas suas renovações, a Vale vai fazer a obra", disse o secretário Especial do PPI, Adalberto Vasconcelos.
Em comunicado divulgado mais cedo, a Vale afirmou que está participando do processo de prorrogação antecipada de suas concessões ferroviárias, que expiram em 2027, mas não deu detalhes.
"A aprovação para a prorrogação antecipada das concessões será submetida ao conselho de administração, após a análise das contrapartidas requeridas pelo Governo Federal", disse a Vale.
Já no caso da MRS Logística, a contrapartida para a renovação dos contratos será a construção de 53 quilômetros do trecho norte do Ferroanel de São Paulo, entre Perus e Itaquaquecetuba.
A obra desviará os trens de carga que hoje dividem os trilhos com os trens de passageiros da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Além das duas obras como contrapartidas, o PPI aprovou nesta reunião a 5ª Rodada de licitação de áreas de exploração e produção de petróleo e gás no pré-sal, que deve ocorrer no quarto trimestre do ano, gerando uma arrecadação de bônus de assinatura de R$ 6,82 bilhões.
O PPI aprovou ainda a concessão de trecho rodoviário de 515 quilômetros em Santa Catarina, entre Navegantes e a divisa com o Rio Grande do Sul, envolvendo trechos de três rodovias federais: BR-153, BR-282 e BR-470. Segundo o PPI, essa é uma rota para escoamento de mercadorias do Mercosul ao porto de Itajaí, bem como importante ligação para o turismo entre Brasil e Argentina.
Ainda segundo o PPI, na terça-feira deverá ser publicado o edital do leilão da chamada Rodovia de Integração do Sul, formada por trechos das BRs 101/290/386/448. O concessionário terá de investir cerca de 8,5 bilhões de reais na via ao longo dos 30 anos de contrato, além de outros 6,6 bilhões de reais em gastos operacionais. O governo não citou prazo para a realização do leilão.
O plano, que contempla projetos do governo da ex-presidente Dilma Rousseff, foi divulgado alguns meses antes das eleições de outubro, mas os representantes do Ministério dos Transportes, em breve entrevista coletiva a jornalistas, não mencionaram qual a viabilidade dele diante da mudança de equipe de governo até o início de 2019.


REUTERS

Governo vê dificuldade em acordo com elétricas sobre risco hidrológico, diz secretário, FSP

Luciano Costa
SÃO PAULO
Uma tentativa de acordo entre o governo e empresas do setor de energia para encerrar uma longa e bilionária guerra judicial relacionada ao chamado "risco hidrológico" na operação de usinas hídricas tem encontrado dificuldades para avançar, admitiu à Reuters nesta segunda-feira (2) o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Marcio Félix.
Uma primeira proposta do governo para um acordo que poderia solucionar a disputa exigiria uma alteração legislativa para a qual não parece existir consenso no momento, enquanto uma busca por medidas para resolver a briga jurídica sem a necessidade de mudanças na legislação também tem seus riscos, explicou Félix.
 
"As pessoas acham que a gente fala um negócio e o Congresso vai lá e vota o que a gente pediu. Isso não existe, tem que construir, articular, abrir mão, e esse é o ponto. É uma coisa que ainda não foi resolvida e a gente tem todo o interesse em resolver. Se a gente pudesse decidir, era simples, a gente faria, mas tem que combinar com muito russo", disse o secretário.
As empresas que operam hidrelétricas começaram a ir à Justiça ainda em 2015 para evitar custos com o risco hídrico, quando precisam comprar energia no mercado para cumprir seus contratos devido à menor produção das usinas por questões como o baixo nível dos reservatórios.
A briga gerou uma série de liminares que hoje protegem essas empresas de cerca de R$ 6 bilhões em cobranças nas liquidações financeiras mensais realizadas pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica  (CCEE), que promovem pagamentos e recebimentos entre as empresas do mercado de eletricidade.
Em troca do pagamento dessa conta e da retirada das ações judiciais, o governo previa garantir às elétricas a renovação dos contratos de suas usinas por um período adicional. O período extra de concessão dependeria de um cálculo sobre quanto das cobranças tem origem em fatores não associados somente à hidrologia, mas a prorrogação contratual exige mudança legislativa.
Associações que representam investidores em energia querem aprovar uma emenda que permita esse acordo por meio de um projeto de lei em tramitação na Câmara sobre a venda de distribuidoras da Eletrobras, mas o governo é contra a ideia porque avalia que a discussão extra dificultará ainda mais a aprovação da matéria, vista como urgente.
leilão de privatização das distribuidoras está agendado para 26 de julho, e o governo tem buscado mobilizar parlamentares para apreciar o projeto antes do recesso legislativo ainda neste mês.
Félix disse que, nesse sentido, foi proposto às empresas do setor que não buscassem influenciar parlamentares a colocar emendas sobre o risco hídrico no projeto da Eletrobras, mas isso não impediu a aparição de diversas proposições nesse sentido.
"A gente não tem controle, depois querem que a gente vá mediar", provocou o secretário.
Ele não descartou que a emenda desejada passe junto com o projeto, mas ressaltou que no momento é difícil garantir sequer a aprovação da matéria, quanto mais com mudanças no texto original.
"Vamos ver amanhã se vai ter quórum, se vai votar urgência. Mas a Câmara tem poucas sessões, e uma discussão dessas, cheia de emendas, vai levar 3, 4 dias... E aí já não resolve. O momento não ajuda. Estamos num momento de 44 minutos do segundo tempo", afirmou.
"O governo não tem todo esse poder de mediação que o pessoal acha que tem, vivemos numa sociedade plural", adicionou Félix.

ACORDO INFRALEGAL

O governo e representantes de empresas do setor também passaram, em paralelo, a buscar a negociação de um eventual acordo sobre o risco hídrico que não exigisse mudanças legislativas e pudesse ser viabilizado por meio de decretos ou decisões da Aneel, por exemplo, conforme publicou a Reuters no final de junho.
Mas mesmo esse caminho tem se mostrado difícil, segundo Félix.
"A gente está analisando todas medidas infralegais... Estamos ouvindo várias associações para ver o que se pode ser feito de maneira infralegal, mas não sei se é assim que o caso vai ser resolvido", apontou.
"Você teria que fazer um pacto, mas você não tem como pactuar com todo mundo. Alguém sempre pode entrar na Justiça e a solução continuar sem ir para a frente, sem ser implantada."
O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia acrescentou que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) tem buscado mediar esse acordo, mas um dos pontos-chave que travam avanços é o fato de que com isso as elétricas precisarão assumir custos dos quais hoje estão livres devido às liminares vigentes.
"Eu sei que a EPE está procurando fazer um movimento... Está procurando propor uma solução negociada. Agora, tudo alguém vai ter que pagar uma conta, e ninguém quer pagar conta nenhuma. Isso não fecha. A União não tem dinheiro, as empresas não podem arcar com tudo e o consumidor também não", afirmou.
Ele acrescentou, no entanto, que a pasta de Minas e Energia seguirá em busca de uma solução para a briga judicial sobre o risco hidrológico e afirmou que "tem gente jogando a toalha antes da luta".
O governo e as empresas têm pressa nas conversas porque existe uma previsão da CCEE de que os valores envolvidos na disputa judicial podem mais que dobrar, para 13 bilhões de reais até o final do ano caso não seja negociada uma saída para o impasse.