quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Vereador e bombeiro estão entre 19 presos em operação do MPSP contra fraudes em licitações OESP



Ação do grupo de combate ao crime organizado teve foco em quadrilha que direcionava editais para o fornecimento de módulos de arquivos, com superfaturamento, para prefeituras e câmaras municipais de SP, MG e RS; prejuízo foi de mais de R$ 8 milhões






José Maria Tomazela, O Estado de S.Paulo
14 Setembro 2017 | 16h07
SOROCABA - Ao menos 19 pessoas, entre elas um vereador e um bombeiro aposentado, foram presos nesta quinta-feira (14) em operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, contra uma quadrilha que fraudava licitações. A Justiça de Piracicaba, onde a investigação começou em 2015, expediu 22 mandados de prisão temporária e 28 de busca e apreensão em cidades dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Alguns mandados de prisão ainda eram cumpridos à tarde.
As fraudes focavam principalmente licitações para fornecimento de módulos de arquivos para prefeituras e câmaras, daí a operação ter recebido o nome de 'Arquivos Deslizantes". Em São Paulo, 23 promotores e 90 agentes das polícias Militar e Civil cumpriram mandados na capital, em cidades do ABC e nas regiões de Piracicaba, Franca, Campinas e São José do Rio Preto. Foi apurado que ao menos 15 empresas que atuavam na fabricação, representação e comercialização dos arquivos fraudavam as licitações simulando disputas entre si. No entanto, havia um ajuste prévio para que uma delas se sagrasse vencedora.
De acordo com o Gaeco, havia alternância entre as empresas que deveriam ganhar cada licitação e ficou demonstrada a participação de agentes públicos que sabiam dos ajustes entre as empresas e colaboravam direcionando os editais. "Os preços eram superfaturados e os editais eram direcionados para afastar outros concorrentes", disse o promotor Alexandre de Andrade Pereira, do Gaeco de Piracicaba. Foram identificadas mais de 70 licitações fraudadas nos três Estados, com prejuízo de mais de R$ 8 milhões aos cofres públicos.

Crime organizado
Um dos 19 detidos na operação foi o vereador Daniel Palmeira de Lima (PR), ex-presidente da Câmara Municipal de Catanduva (na foto), onde cumpre o sexto mandato; foram feitas buscas no gabinete do parlamentar que, segundo o Gaeco, comandava o esquema - empresários da cidade também foram presos. Foto: Google Maps
Em Catanduva, foi preso o vereador Daniel Palmeira de Lima (PR), ex-presidente da Câmara. Ele cumpre o sexto mandato e, segundo o Gaeco, comandava o esquema. Foram feitas buscas em seu gabinete no Legislativo. Empresários e advogados da cidade também foram detidos. Em Tabapuã, o Gaeco aprendeu documentos e computadores numa fábrica de arquivos que funciona atrás da prefeitura. O bombeiro aposentado foi preso em Franca, no bairro Jardim Aeroporto, e seria levado para o presídio militar Romão Gomes, na capital. Ele é suspeito de intermediar as negociações entre prefeituras e câmaras e fornecedores de arquivos.
Outro lado. Procurado, o advogado do vereador Lima informou que se manifestaria só após ser constituído formalmente para a defesa. A Câmara divulgou nota atribuindo a prisão a uma investigação do Gaeco que ainda estava em curso. A Associação Comercial de Catanduva confirmou a detenção do presidente, mas informou que não tinha informações suficientes para se manifestar a respeito da prisão.

Eleitor não é idiota, por José Roberto de Toledo OESP



Você não poderá saber quem está na frente e quem está atrás nas pesquisas






José Roberto de Toledo, O Estado de S.Paulo
14 Setembro 2017 | 03h00
“É um bosta, é um merda.” Estádio de futebol? Longe disso. Após a “gourmetização” das arenas futebolísticas, é mais comum ouvir frases do tipo em palácios brasilienses. Os impropérios foram dirigidos ontem pelo vice-presidente da Câmara dos Deputados justamente ao responsável por zelar pelas boas relações do governo Temer com... os deputados. O ministro fez que não ouviu e deixou o deputado xingando sozinho, o que só aumentou sua ira.
Nada de muito anormal para uma turma que, a cada legislatura, bate recorde de processos, investigações, prisões e cassações. O único risco de chamar o atual Congresso brasileiro de o pior da história é ser desmentido pelo próximo Congresso. Risco alto.
Mas cusparadas e palavrões parlamentares são incômodo – se são – apenas para os próprios. Para quem não frequenta o Congresso, o problema não é o que eles dizem, mas o que eles fazem. Em especial, o que eles votam. Esta legislatura está caprichando.
Em uma sessão esvaziada, na terça-feira à noite, a comissão que urde a impropriamente chamada reforma política aprovou a proibição da divulgação de pesquisas eleitorais na semana anterior à eleição. Isso mesmo: você, eleitor, não poderá saber quem está na frente e quem está atrás, se seu candidato tem chances de chegar ao segundo turno ou não, nem se há uma onda de votos nulos e brancos se aproximando. Você não pode saber.
Não pode saber porque os deputados pressupõem que você é um idiota. Que você é incapaz de pensar por si próprio. Que você é um ser manipulável como um peão. Não se trata de julgarem os outros por si próprios, mas de projetarem nos adversários o que eles mesmos possam fazer. Sim, porque a proibição da divulgação de pesquisas não vai afetar as picaretagens nem os picaretas.
Em tempos de mídias sociais universais, abundarão mais pesquisas apócrifas, falsas e fictícias tanto menos pesquisas registradas, científicas e de institutos conhecidos puderem circular. A proibição pretendida pelos deputados não vai produzir um deserto informativo. Vai, sim, plantar um canavial de desinformação. 
Acabar com a oferta de pesquisas cuja metodologia é verificável, que se sabe quem pagou por elas e qual foi o questionário aplicado não suprimirá a demanda do eleitor por informação. Vai criar um mercado paralelo de produtos sem fiscalização, com a mesma qualidade e confiabilidade de quem aprovar essa lei.
A cada eleição a decisão do voto é mais tardia. Proibir a divulgação de pesquisas a uma semana do pleito é proibir as pesquisas mais importantes e determinantes para o eleitor. Submeter a medição das preferências do eleitorado a uma espécie de Lei Seca justamente quando o eleitor mais precisa de informação terá os efeitos da proibição de bebidas alcoólicas nos EUA de um século atrás: reservará mercado para mafiosos. 
“Ah, mas as pesquisas influenciam o resultado da eleição.” Claro que influenciam, assim como o noticiário sobre as campanhas e a propaganda eleitoral dos candidatos na TV influem no que sai das urnas. Por essa lógica, o jornalismo devia ser proibido. Foram notícias da investigação do FBI sobre os e-mails de Hillary Clinton que ajudaram a eleger Donald Trump nos EUA.
Felizmente, o Supremo vem derrubando todas as tentativas de censura das pesquisas eleitorais no Brasil. A última foi em 2006, como lembra nota da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) contra a mais recente tentativa do Congresso de cercear o direito à informação.
O eleitor não é idiota. Ele tem o direito de saber o que quiser – e fazer o que bem entender com essa informação. Inclusive eleger deputados que xingam e escarram uns nos outros.

O fim do congestionamento, FSP


PETER FERNANDEZ



Cheguei ao Brasil há quase sete anos. Amo este país. Mas sofro com este trânsito maluco, os 12 milhões de moradores de São Paulo e eu.
Passamos sufoco porque as cidades se planejaram para os carros. Na capital paulista, 25% da área construída é dedicada a estacionamentos.
Todo cidadão sente o custo do transporte no Brasil. As famílias gastam 20% da renda com isso, despesa equivalente a 17% do salário mínimo em São Paulo e no Rio -em Xangai, por exemplo, o número é de 4%. O alto custo se soma à falta de segurança. Em São Paulo, 35% das mulheres já sofreram assédio no transporte público.
A missão do aplicativo 99 é tornar a mobilidade urbana mais barata, rápida e segura. Somente no primeiro semestre, recebemos centenas de milhões de dólares em investimentos. As grandes cidades brasileiras estão atraindo o capital internacional porque o problema do trânsito vai ser resolvido.
Sim, as cidades podem ser mais vivas, agradáveis e seguras. Temos sinais concretos de que passamos por uma revolução em termos de mobilidade urbana.
A transformação começa com as próprias pessoas. Elas não precisam possuir as coisas para desfrutá-las. Cada vez mais os indivíduos vão preferir utilizar carros, em vez de ser donos deles.
O carro não é mais símbolo de liberdade. Ao contrário: tem se tornado um fardo. Pesquisa da Box 1824 mostrou que só 3% dos jovens do Brasil, entre 18 e 24 anos, desejam comprar carros e motocicletas.
Pedir um transporte por um aplicativo sempre que quiser e onde estiver, e chegar aonde você precisa da melhor maneira possível. Esta é a opção mais rápida e mais barata.
Como consequência, quanto mais usarmos carros (em vez de comprá-los), menos carros circularão. Para cada duas pessoas que compartilharem suas rotas, teremos um carro a menos por aí .
Em dez anos, as grandes cidades brasileiras terão menos trânsito, poluição e estacionamentos. E serão mais seguras. A segurança precisa ser construída com o esforço de todos. A 99 mapeia áreas de riscos, envia alerta aos motoristas e tem um 0800 dedicado para apoiar os usuários 24 horas por dia, 7 dias por semana. Monitoramos corridas e investimos pesado em tecnologias que previnem a violência.
Empresas como a 99 podem e devem colaborar com os governos. Hoje, em Jinan, na China, nosso parceiro DiDi Chuxing já opera semáforos inteligentes, melhorando a velocidade do trânsito em 20%.
Sonhamos em fazer algo assim nas grandes cidades brasileiras. Questões que afetam a vida de milhões de brasileiros serão resolvidas de forma colaborativa por empresas de tecnologia, governos e sociedade. O futuro já começou.
PETER FERNANDEZ é presidente da 99