terça-feira, 15 de agosto de 2017

Câmara promove seminário em São Paulo sobre parcerias da Rede Legislativa de Rádio e TV

V

São Paulo - Evento será realizado nos dias 22 e 23 de agosto, na Assembleia Legislativa de São Paulo
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Estão abertas, até o dia 21 de agosto, as inscrições para o Seminário Legislativo de Rádio e Televisão Digital, promovido pela Secretaria de Comunicação da Câmara dos Deputados, em parceria com a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) e a Associação Brasileira de Televisões e Rádios Legislativas (Astral). O evento será realizado dias 22 e 23 de agosto, na Assembleia Legislativa de São Paulo com inscrição gratuita.
 
 
O seminário tem o objetivo de discutir questões comuns às emissoras da Rede Legislativa de Rádio e TV e apresentar seus resultados. As câmaras municipais também serão orientadas sobre a criação de suas próprias emissoras de rádio e TV, de forma a aproximar os parlamentos dos cidadãos.
 
Criada em 2012, a Rede Legislativa é uma iniciativa da Câmara dos Deputados que visa incentivar as casas legislativas de todo o Brasil a montarem suas próprias emissoras de rádio e TV, com sinal aberto e gratuito, e universalizar o acesso às programações. A inscrição para o seminário é gratuita e pode ser feita pelo e-mail gerencia@astralbrasil.org.
 
Com informações da Agência Câmara

PM ocupa audiência pública em universidade e intimida alunos e professores, Forum

Alunos e professores da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) do campus Baixada Santista (SP) estão assustados com o que aconteceu na última sexta-feira (11).  Foi realizada na universidade, sem muita divulgação, uma audiência pública, convocada pelo Conselho Estadual da Condição Humana, para discutir o texto do Plano Estadual de Educação em Direitos Humanos de São Paulo. A comunidade acadêmica, de acordo com relatos, foi surpreendida por uma presença massiva de policiais militares – eram cerca de 100 agentes, entre fardados e à paisana.
Segundo professores e alunos, muitos desses policias portavam placas com os dizeres “Bolsonaro 2018” e “Direitos humanos para humanos direitos”. Intrigados, estudantes e docentes resolveram participar da audiência e, então, constataram que os policiais estavam ali, na verdade, para aprovar pautas no plano que limitam o conceito de direitos humanos na educação. Entre as propostas dos policiais, estava “mudar a nomenclatura Ditadura Militar de 1964 para Revolução de 1964”, “retirar a discussão de gênero nas escolas”, entre outras medidas.
De acordo com a Associação dos Docentes da Unifesp (ADUNIFESP), que divulgou nota de repúdio sobre o caso, os policiais não queriam deixar os docentes e estudantes participarem da audiência sob o argumento de que eles não estavam lá desde o início. Como a comunidade acadêmica protestou, os PMs teriam começado a desferir xingamentos como “vagabundos” e fazer intimidações e ameaças, como filmá-los. Ainda mais grave, teriam disparado frases como “Depois morre e não sabe o porquê!” ou “Quando precisarem da polícia, chamem o Batman”.
A reportagem da Fórum entrou em contato com a secretaria de Segurança Pública, responsável pela Polícia Militar, para que se posicionasse quanto às denúncias aqui apresentadas mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
Confira, abaixo, a nota da ADUNIFESP detalhando o episódio.
Manifestamos nosso mais profundo repúdio ao que ocorreu na Universidade Federal de São Paulo, Campus Baixada Santista, na noite de 11 de agosto de 2017, durante a Audiência Pública convocada pelo Conselho Estadual da Condição Humana para discutir o texto do Plano Estadual de Educação em Direitos Humanos de São Paulo.
Desde às 18h o campus foi ocupado por policiais, muitos fardados e inicialmente armados (foi exigido que guardassem as armas). A calçada do portão principal ficou abarrotada de viaturas da Polícia Militar. A comunidade acadêmica que ali se encontrava para as atividades diárias tinha pouca informação a respeito e ficou estarrecida quando soube que se tratava de uma audiência em que seriam definidos os rumos da educação em direitos humanos e, mais ainda, quando compreendeu que os policiais militares (que a esta altura chegavam a quase cem) defendiam a proposta de eliminar conteúdos fundamentais à educação pública. Estes bradavam por “direitos humanos aos humanos direitos”, “mudar a nomenclatura Ditadura Militar de 1964 para Revolução de 1964”, “retirar a discussão de gênero nas escolas”, etc
Professores, técnicos e estudantes que estavam no campus, após tomarem conhecimento do que ocorria, decidiram participar da audiência e foram hostilizados pela tropa, que tentou impedir que votassem, sob o argumento de que não estavam lá desde o início. Houve até gritos de “vagabundos”. Se fazem isso contra quem estava no próprio espaço de trabalho e estudo (muitos descendo da sala de aula), o que não farão com pessoas mais vulneráveis em um país com cerca de treze milhões de desempregados?
Estudantes e professores que se manifestaram pacificamente com cartazes em defesa da Escola Pública e dos Diretos Humanos também foram hostilizados. Ouviram-se frase macabras, como “Depois morre e não sabe o porquê!” ou “Quando precisarem da polícia, chamem o Batman”. Além disso, um grupo de militares e seus apoiadores começou a fazer cartazes com “Bolsonaro 2018”, “Liberdade sem libertinagem”, “Pode confiar #”. Situação preocupante em que os que defendem a “escola sem partido” partidarizam sua atuação portando as vestes e as insígnias de uma corporação militar. Ainda mais lamentável: a alta patente fardada nada fez para controlar seus subordinados que, aliás, quase agrediram fisicamente algumas docentes e estudantes.
Feita a leitura do texto-base do Plano Estadual de Educação em Direitos Humanos de São Paulo, começou a “votação”. O que se viu foi um verdadeiro espetáculo de horror. Depois de perderem uma proposta, militares agrediram verbalmente professores e estudantes, chamando-os – mais uma vez – de “vagabundos”. Nas votações subsequentes, intimidaram-nos fazendo pessoalmente a contagem dos votos e filmando, fotografando e olhando de modo ameaçador cada um que votava contra a posição deles. Ao longo da noite, a comunidade acadêmica correu sérios riscos.
Foi aprovada a supressão de qualquer referência a direitos humanos no plano estadual; foi eliminado o item que obrigava o Estado a garantir a permanência e combater a evasão escolar das minorias; foi suprimida a obrigação de formar agentes de segurança pública com base nos princípios dos direitos humanos.
Apesar do temor, a comunidade acadêmica resistiu pacificamente. Externamos nossa forte preocupação com quem pretende, na base do grito, se sobrepor à produção de conhecimentos, à liberdade de pesquisa, à democracia e à autonomia universitária.
A Adunifesp-SSind entende que este ato abusivo e autoritário se insere num movimento maior de ataques à democracia e aos direitos humanos em curso em nosso país. Também o fato de que ele tenha ocorrido dentro da Unifesp escancara o processo de demonização e ataque às Universidades Públicas que é impetrado hoje em dia por setores reacionários da sociedade. 
Por fim, repudiamos veementemente o modo como ocorreu a votação e solicitamos que o Conselho Estadual da Condição Humana desconsidere o resultado desta “consulta”.
Queremos esclarecimentos sobre a utilização do espaço da Universidade Federal de São Paulo para episódios desta natureza. Manifestamos nossa preocupação com a integridade física dos professores, técnicos e estudantes que ali defendiam o ensino público e de qualidade, a escola sem mordaça, a permanência dos direitos humanos como princípio norteador da educação. Exigimos que as chamadas autoridades competentes manifestem posição urgente e clara sobre o ocorrido, especialmente no tocante às relações entre disciplina da tropa e Estado de direito.
ADUNIFESP – SSind
Foto: Reprodução/Rádio da Juventude 

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Brasil, o ocaso de uma nação, FSP


Brasil, o ocaso de uma nação

Zanone Fraissat/Folhapress
Moradores de rua procuram abrigo na praça da Sé, no centro de SP
Moradores de rua procuram abrigo na praça da Sé, no centro de SP

Como todos, estou desconcertado. Até há pouco ouvia que a prosperidade e a felicidade tinham se espraiado pela nação, mas o que vejo hoje são notícias e números aflitivos que desfilam impiedosamente nos textos e nas telinhas que habitam o nosso cotidiano.
Multidões de oprimidos pela pobreza vão dormir sem saber se disporão de um prato de comida ao amanhecer. Milhões sem acesso à educação, condenados a perecer num mundo inviável para quem não domina o conhecimento. Legiões de famílias encurraladas pelo caos e pela violência urbana, que esfacelam o porvir e a vida de seus filhos.
Amontoados humanos despencando nas portas impenetráveis dos hospitais públicos. Enfim, a banalização da vida em cada beco, por aqueles que nunca tiveram a chance de compreender o valor e os encantos da existência humana.
Pedindo desculpas por repetir essas obviedades, explico porque me manifesto nestas linhas. Explico apoiado em ideias dos economistas Daron Acemoglu e James Robinson, contestadas por alguns, mas que satisfazem meu intelecto.
Segundo eles, a prosperidade de uma nação tem menos a ver com planos econômicos lustrosos e mais com a existência de instituições robustas, comprometidas com o bem-estar da sociedade. Esses mesmos países costumam ser governados por agentes que representam e respondem genuinamente às aspirações dos seus cidadãos.
Nesse ambiente florescem as empresas e os sistemas políticos "inclusivos", que distribuem as riquezas da nação, atenuam a desigualdade e permitem que a existência possa ser usufruída com dignidade.
Em contraposto, as nações regidas por instituições e dirigentes avacalhados e pervertidos tendem a submergir de forma inapelável.
Por inoperância do Estado, proliferam as empresas "extrativistas", que na sua voracidade concentram ainda mais a renda e aumentam a desigualdade. Nesse ambiente, os agentes públicos e as corporações privadas estabelecem relações promíscuas para alimentar a ganância e se perenizarem.
Por falta de modelos, disseminam-se na sociedade a amoralidade, a corrupção e a desagregação. Ao final as nações derretem e são levadas pela enxurrada; os desvalidos, como sempre, arrastados na frente.
Daron Acemoglu e James Robinson não precisam ser convocados para nos dizer em qual cenário o Brasil está inserido. As poucas estrelas reluzentes na nossa infindável noite de breu não amenizam o meu sentimento de que a nação sucumbiu de maneira irremediável.
Obviamente, não me refiro a todos os brasileiros. O grupo dos 6,5 milhões de "incluídos", no qual Deus me inseriu antes mesmo de saber se eu merecia, sempre conseguirá aumentar a altura dos seus muros e desfrutar da pátria amada e seus lindos campos.
Falo do grupo dos 115 milhões de "extraídos", que talvez nunca mais poderão declamar que são filhos de uma mãe gentil.
Sem poder consertar o escangalho produzido na nossa sociedade pela degradação dos três Poderes de governança e pela ascensão de agentes e grupos equivocados, algumas vezes criminosos, só nos resta, como membros da ala dos "incluídos", estender a nossa asa protetora sobre os desvalidos que habitam o nosso entorno.
É urgente promover ações que possam amenizar seu sofrimento, já que salvá-los não dá mais. Procurar, também e até onde possível, impregná-los com os sentimentos da consciência crítica e da cidadania.
Mostrar a todos uma realidade que Albert Einstein tão bem soube descortinar: "O mundo é um lugar perigoso para se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer".
PARTICIPAÇÃO
MIGUEL SROUGI, pós-graduado em urologia pela Universidade Harvard (EUA), é professor titular de urologia da Faculdade de Medicina da USP e presidente do conselho do Instituto Criança é Vida
PARTICIPAÇÃO