segunda-feira, 12 de junho de 2017

Ibope, internet e voto, José Roberto de Toledo, O Estado de S.Paulo



Web virou maior influência para eleger um presidente




12 Junho 2017 | 05h00
Pela primeira vez, uma pesquisa extraiu da boca do eleitor o que urnas e ruas sugeriam mas faltavam elementos para provar: a internet virou o maior influenciador para eleger um presidente. Sondagem inédita do Ibope revela que 56% dos brasileiros aptos a votar confirmam que as mídias sociais terão algum grau de influência na escolha de seu candidato presidencial na próxima eleição. Para 36%, as redes terão muita influência.
Nenhum dos outros influenciadores testados pelo Ibope obteve taxas maiores que essas. Nem a mídia tradicional, nem a família, ou os amigos - o trio que sempre aparecia primeiro em pesquisas semelhantes. Muito menos movimentos sociais, partidos, políticos e igrejas. Artistas e celebridades ficaram por último.
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TV, rádio, revistas e jornais atingiram 35% de "muita influência" e 21% de "pouca influência", somando os mesmos 56% de peso da internet. A diferença é que seus concorrentes virtuais estão em ascensão - especialmente junto aos jovens: no eleitorado de 16 a 24 anos, as mídias sociais têm 48% de "muita influência" eleitoral, contra 41% da mídia tradicional. 
No total, conversa com amigos chega a 29% de "muita influência" para escolha do candidato a presidente, contra 27% das conversas com parentes. Movimentos sociais alcançaram 28%. A seguir aparecem partidos (24%), políticos influentes (23%), líderes religiosos (21%) e artistas e celebridades somados (16%).
Por que a internet tem um peso tão grande na eleição? A constatação do Ibope é importante por levantar essa questão, mas, sozinha, não é suficiente para respondê-la. Outras pesquisas baseadas em resultados eleitorais e estudos empíricos ajudam a entender o fenômeno, mesmo que indiretamente.
Lançado em 2016 nos EUA, o livro "Democracy for Realists" vem provocando polêmica por contestar o conceito popular de que, na democracia, o eleitor tem preferências claras sobre o que o governo deve fazer e elege governantes que vão transformá-las em políticas públicas. Para os autores, e dezenas de fontes que eles compilam, não é bem assim. O "do povo, pelo povo, para o povo" funciona na boca dos políticos, mas não na prática.
No mundo real, pessoas elegem representantes mesmo cujas ideias e propostas estão em desacordo com o que elas pensam. Não fosse assim, os congressistas brasileiros deveriam sepultar em vez de aprovar as reformas da Previdência e trabalhista, rejeitadas pela maioria dos que os enviaram para Brasília.
Segundo Achens e Bartel, o eleitor não vota em ideias, mas em identidades. Elege quem ele imagina que representa o seu lado contra o outro - sejam quais forem os lados. É aquela piada irlandesa. "Você é católico ou protestante? Ateu. Mas você é ateu católico ou ateu protestante?". Ou seja: de que lado está?
Nos EUA, essa linha é mais fácil de traçar porque as identidades se resumem, eleitoralmente, a duas legendas. Mesmo na disruptiva eleição de Trump, 95% tanto de republicanos quanto de democratas votaram nos candidatos de seus partidos. E no Brasil, onde dois em cada três eleitores dizem não ter preferência partidária?
Nas eleições de 2004 a 2014, a geografia separou petistas de antipetistas. Bairros, cidades e Estados mais pobres ficaram majoritariamente de um lado; enquanto moradores dos locais mais ricos, em geral, ficaram do outro. Em 2016, não mais. A internet misturou e segue confundindo essas fronteiras. A construção de identidades virtuais via Facebook e Twitter aproxima forasteiros e afasta vizinhos. Proximidade física importa, mas menos.
Quanto mais tempo ele passar online, mais a internet influenciará o eleitor. O celular bateu a TV também na urna.

Falhou 1ª fase da conspiração golpista; aguardam-se as próximas da dupla Janot-Fachin - REINALDO AZEVEDO


REINALDO AZEVEDO - 10/06

Todos viram a “Blitzkrieg” Janot-Fachin-PF para derrubar Temer. Deveria ter sido uma coisa fulminante. E, no entanto, não foi. O governo se segurou, inclusive fazendo avançar a reforma trabalhista no Congresso. Esses que chamo “conspiradores” não contavam com a resiliência de Temer



Por quatro a três, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou a cassação da chapa que elegeu Dilma-Temer. Esse resultado, em si, para ela, é irrelevante. Foi impichada por motivos alheios a essa conversa. Caiu porque cometeu crime de responsabilidade e porque tinha como aliados menos de um terço da Câmara e menos de um terço do Senado. Adicionalmente, havia conduzido o país à maior crise econômica da história. Para Temer, o resultado é relevantíssimo: a cassação também lhe tiraria o mandato.

Votaram contra a punição os ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Admar Gonzaga, Tarcísio Vieira e Gilmar Mendes. Propugnaram pela punição o relator, Herman Benjamin, Rosa Weber e Luiz Fux — estes dois últimos são ministros do STF,

O julgamento no TSE havia se transformado numa etapa da sanha golpista. Ela saiu derrotada. Mas não está conformada. Uma explicação rápida e necessária: o julgamento no TSE nasceu de uma iniciativa legítima do PSDB e nada tinha a ver, originalmente, com o que considero uma conspiração para derrubar o presidente, que une de maneira explícita Rodrigo Janot e Edson Fachin. Procurador-geral da República e ministro do Supremo receberam as bênçãos de Cármen Lúcia, presidente do Supremo.

Todos viram a “Blitzkrieg” Janot-Fachin-PF para derrubar Temer. Deveria ter sido uma coisa fulminante. E, no entanto, não foi. O governo se segurou, inclusive fazendo avançar a reforma trabalhista no Congresso. Esses que chamo “conspiradores” não contavam com a resiliência de Temer.

Então se armou o cerco que pretendeu tornar reféns também os ministros, a saber:

1: prisão preventiva de Rocha Loures três dias antes do início do julgamento. Junto com o fato, o boato: “Ele vai delatar Temer”;
2: no dia 5, véspera do início do julgamento, a PF manda 82 perguntas ao presidente — com autorização de Fachin, é claro! — que valem por um libelo acusatório. A falta de rigor técnico é vergonhosa;
3: prisão do ex-ministro Henrique Eduardo Alves no dia em que começou o julgamento. A alegação da preventiva é frouxa. A razão: é considerado um aliado de Temer;
4: vazamento da informação, também no dia 6, de que o presidente, então vice, viajara, em 2011, num avião que pertence a Joesley. Há nisso algum crime? Não. O que se queria era evidenciar a intimidade entre os dois;
5: vazamento, no dia 7, da falácia segundo a qual Temer teria repassado R$ 500 mil de propina da OAS a Alves. Isso é o que se noticiou, não o que aconteceu. A campanha do então candidato a vice recebeu doação registrada da OAS e fez transferência, também legal, para o diretório do PMDB do Rio Grande do Norte;
6: no dia 8, fontes da PGR afirmam que Janot pretende denunciar Temer por chefiar organização criminosa!

Para lembrar: Janot é aquele que garantiu avida folgazã a Joesley, o homem que admite ter cometido 245 crimes e comprado quase 2 mil políticos. Mas o chefe, ora vejam!, é Temer.

Apesar de tanto planejamento, falhou. E vem, sim, mais coisa por aí.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

O apoio à produção do campo, OESP


Um recorde mensal de exportação foi batido em maio, com receita de US$ 19,79 bilhões. As vendas do agronegócio renderam pelo menos US$ 9,25 bilhões, 46,7% de todo o faturamento

O Estado de S.Paulo
09 Junho 2017 | 03h04
Um recorde mensal de exportação foi batido em maio, com receita de US$ 19,79 bilhões. As vendas do agronegócio renderam pelo menos US$ 9,25 bilhões, 46,7% de todo o faturamento. O setor tem garantido números positivos no comércio exterior, compensando com folga o déficit de outros segmentos da economia. Pelo último balanço detalhado, até abril o agronegócio acumulou um excedente de US$ 24,34 bilhões, bem maior que o saldo total do comércio, de US$ 21,37 bilhões. A diferença é o resultado em vermelho dos outros itens. A importância do setor como fonte de dólares seria suficiente para justificar a solenidade, repetida na quarta-feira no Palácio do Planalto, de anúncio do plano de financiamento à produção agropecuária, desta vez com um total previsto de R$ 190,25 bilhões.
O setor dá uma injeção de otimismo no País, disse o presidente Michel Temer ao apresentar o Plano Agrícola e Pecuário de 2017/18. Ele se referiu principalmente ao crescimento da produção registrado no primeiro trimestre, o mais poderoso motor da economia nesse período. O Produto Interno Bruto (PIB) contabilizado entre janeiro e março foi 1% maior que o registrado nos três meses finais de 2016 e isso se deveu basicamente à atividade rural. Um dia depois da cerimônia, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) publicou a nova estimativa da safra de grãos e oleaginosa do ano agrícola 2016/17. O levantamento de junho apontou 234,32 milhões de toneladas, um total 25,6% maior que o da temporada anterior.
O volume estimado em maio havia chegado a 232,02 milhões de toneladas. A maior parte da diferença, de 2,3 milhões de toneladas, provém de uma reestimativa da safra de verão, de 225,63 milhões para 227,94 milhões de toneladas. O resto se refere às culturas de inverno, como trigo, aveia e cevada, com colheita prevista para o segundo semestre.
O aumento da produção de grãos e oleaginosas neste ano é explicável, em parte, pela quebra da safra anterior, consequência das más condições de tempo. Mas o vigor das principais lavouras tem sido, há algumas décadas, garantido essencialmente pelos ganhos de eficiência resultantes da modernização de processos e insumos.
O aumento das colheitas tem dependido essencialmente da maior produção por hectare e muito menos da expansão da área cultivada. Além de ser uma das mais eficientes do mundo, a agricultura brasileira é também poupadora de terras e, portanto, conduzida de forma favorável à preservação da natureza. Esse detalhe tem sido com frequência ignorado, por incompetência ou má-fé, por barulhentos porta-vozes de movimentos ecologistas.
No Brasil, a importância da agropecuária ultrapassa amplamente a contribuição do setor para as exportações e o abastecimento do mercado interno. Essas duas funções são centrais, mas, além disso, a produção rural movimenta uma importante indústria fornecedora de insumos e de equipamentos e supre um poderoso setor de processamento de alimentos e de matérias-primas destinadas a outras finalidades.
O valor total de financiamentos para a temporada 2017/18 é apenas 3,5% maior que o do ano agrícola anterior. Nem chega a compensar a inflação medida pelo índice oficial, mas foi o possível, nesta fase de aperto, como indicou o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Representantes da agropecuária reclamaram dos juros, mais baixos que os da safra 2016/17, mas com redução menor que a da Selic, definida pelo Banco Central. Taxas inferiores às do mercado dependem de subsídios oficiais, mais escassos, naturalmente, numa fase de contenção das despesas públicas.
Créditos para custeio e comercialização terão taxas de 7,5% e 8,5%, um ponto inferiores às da safra anterior. Uma redução de dois pontos valerá para os empréstimos destinados a armazenamento e inovação tecnológica. O governo também dará uma grande contribuição se revitalizar os investimentos em rodovias e ferrovias. Boa parte da eficiência produtiva é anulada quando se trata de levar a produção ao mercado interno e aos portos.
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