segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Leilão de ferrovia pode ter mudança de regras, Valor Econômico


17/02/2017 - Valor Econômico
Para evitar que bilhões de reais arrecadados com as outorgas das concessões de infraestrutura sejam integralmente absorvidos pelo Tesouro Nacional, o Ministério dos Transportes quer mudar as regras dos próximos leilões de ferrovias. A ideia é que o valor da outorga seja convertido em obras a serem executados pelos grupos vencedores dos leilões.
Segundo o Valor apurou, o primeiro teste será feito com a concessão da ferrovia Norte-Sul, prevista para este ano. Após ensaiar grande variedade de modelos para viabilizar a concessão da ferrovia, ficou decidido que todo o trecho construído até agora - que liga Estrela D'Oeste (SP) a Aliança do Tocantins (TO) - será concedido em lote único. O trecho não está 100% concluído, mas as obras se encontram bastante avançadas.
O critério para definir o vencedor do leilão será uma combinação de maior valor de outorga onerosa com menor tarifa para uso dos trilhos. O valor referente à outorga, no entanto, será convertido em uma obra ferroviária que o ministério irá indicar. "A gente quer que o dinheiro fique no setor. O país ainda tem muitos trechos de ferrovia para serem construídos", justificou uma autoridade que participa das discussões.
A mecanismo é uma evolução de uma tentativa feita anteriormente pelo governo, que pretendia atrelar o leilão do trecho existente à construção dos novos ramais da Norte-Sul, que estenderiam a ferrovia até Três Lagoas (MS) e Barcarena (PA). Esse plano, no entanto, foi abandonado.
Há quem defenda que as obras referentes à outorga não sejam limitadas a projetos ferroviários, mas também a melhorias em rodovias adjacentes às ferrovias. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) vai propor à VLI, empresa que administra o trecho da Norte-Sul entre Palmas (TO) e Açailândia (MA), que invista na pavimentação da rodovia BR-235, entre os municípios de Santa Filomena e Pedro Afonso, em Tocantins.
Os custos da obra, segundo o Valor apurou, seriam descontados do saldo da outorga que a empresa ainda tem a pagar. A obra poderia, inclusive, ajudar a escoar a produção agrícola da região conhecida como Mapitoba (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia) pela ferrovia Norte-Sul. A inclusão de outros modais, no entanto, ainda enfrenta resistências no Ministério dos Transportes, que vê pouco respaldo jurídico para essa solução.
Ainda sem data para ser lançado, o edital de concessão do trecho da Norte-Sul entre Estrela D'Oeste e Aliança do Tocantins vai incluir o cálculo do valor do direito de passagem nas ferrovias que acessam os principais portos brasileiros. Isso é importante para que os interessados em participar do leilão saibam previamente quanto vai pagar para passar pelos trilhos que levam aos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), por exemplo.
Existe atualmente grande preocupação no mercado em relação ao espaço que os trens vindos da Norte-Sul teriam para atravessar os trilhos da Malha Paulista, concessionária da Rumo Logística, que liga a divisa São Paulo-Mato Grosso do Sul ao porto de Santos.

Cartel do suco de laranja: acordo no CADE, por Flavio Viegas




14/02/2017
Em 23/11/2016 o CADE homologou sete TCCs com as empresas processadoras de citros investigadas por formação de cartel em um processo iniciado em 1999. As empresas confessaram a prática de cartel e se comprometeram a cessar a prática; colaboraram com o órgão antitruste na elucidação dos fatos e vão recolher, no total, R$ 301 milhões a título de contribuição pecuniária ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos.

Este cartel foi denunciado pela primeira vez em 1976 e, apesar de enormes evidências de cartelização, o processo foi arquivado em 1981. Nova denúncia em 1992 foi arquivada em 1993. Em 1994, uma nova denúncia é apresentada, acrescentando à prática de cartel a verticalização da produção. A Secretaria de Direito Econômico-SDE acatou as denúncias e encaminhou ao CADE um parecer favorável à condenação das empresas, porém o CADE optou por celebrar um Termo de Compromisso de Cessação –TCC, que nunca foi cumprido.

Em setembro de 1999, chega à SDE a denúncia de cartel contra as empresas e é aberto o PA 08012.008372/99-14. Apesar dos documentos, informações e do acompanhamento constante por parte da Associtrus, poucas diligências foram realizadas. Em meados de 2003, a SDE sinalizou o interesse em formalizar o recebimento dos documentos e a realização do contrato de leniência com um ex-participante do cartel, porém a questão só foi retomada em agosto de 2005, quando a diretora da SDE foi a Bebedouro para uma reunião com a Associtrus, na qual ficou acertado o compromisso de promover o acordo de leniência com o denunciante.

O acordo foi assinado em dezembro de 2005 e em 24 de janeiro de 2006 foi desencadeada a denominada “Operação Fanta”, onde se procedeu à busca e apreensão nas dependências das empresas, da Abecitrus, e na residência de um dos diretores envolvidos.

O fato provocou uma enorme reação, as empresas iniciaram negociações com a Associtrus para discutir soluções para o conflito do setor. Logo a seguir, entrou em ação o Senador Aloízio Mercadante, que se propôs intermediar uma negociação entre as partes. Enquanto citricultores e indústria discutiam o setor, um acordo ilegal foi proposto para a SDE e o Cade para encerrar o processo e devolver os documentos apreendidos. A Associtrus tomou conhecimento da proposta de acordo e conseguiu, por meio de mandado de segurança e a efetiva cooperação do Ministério Público Federal, convencer o CADE de que os fortes indícios de prática de cartel por parte das empresas processadoras de suco de laranja, de forma reiterada, permanente, desde o início da década de 1990, impediam o acordo nos termos do que determinava o parágrafo 5º do art. 53 da Lei 8884/94[1].

Nesse período, um número enorme de fusões e aquisições foram submetidas e aprovadas pelo CADE, aumentando a concentração do setor e fortalecendo o cartel. Quase duas dezenas de processadoras foram inviabilizadas e muitas delas adquiridas e fechadas pela liderança do cartel. Apenas no estado de São Paulo, cerca de 20 mil citricultores foram eliminados do setor;a área plantada de laranjas que superava 860 mil hectares em 1999 foi reduzida a cerca de 400 mil ha em 2016. Cerca de 200 mil empregos diretos foram eliminados. O preço da caixa de laranja em dólares atualizado pelo CPI, índice de preço ao consumidor dos EUA, reduziu-se de US$5,92 no período de 1972 a 1990 para US$2,74 para o período 1991 a 2015, uma redução de US$3,18/cx.

Em decorrênciadisso, a produção brasileira de laranja e por consequência de suco de laranja vem sendo inferior à demanda nos últimos anos e os estoques que vinham suportando parte da demanda deverão zerar em junho, no final desta safra.

Uma parcela expressiva dos citricultores que sobreviveram até agora, não conseguiram renovar seus pomares e estão endividados,e, desta forma, apesar do aumento do preço da laranja nesta safra, deverão sair da citricultura e arrendar ou vender suas propriedades.

A negociação do acordo do CADE com os membros do cartel foi feita sem a necessária transparência e os termos do acordo estão sendo mantidos em sigilo, o que dificulta os processos para indenização dos citricultores.

A nosso ver osTCCs, nos termos em que estão, beneficiaram os participantes do cartel, que agora reduzido a praticamente três empresas, vai continuar a exercer o seu abusivo poder econômico e de mercado.

Flávio Viegas
Presidente da Associtrus

Secretários estaduais de agricultura querem juros 3% menores para o Plano Safra neste ano- pauta Arnaldo Jardim


Postado em: 16/02/2017 ás 18:31 | Por: Hélio Filho
Secretários de Agricultura querem redução de 3% nos juros
Secretários de Agricultura querem redução de 3% nos juros
O Conselho Nacional de Secretários de Estado de Agricultura (Conseagri) quer do Governo Federal a redução de três pontos percentuais nas linhas gerais dos juros para o Plano Safra 2017/2018. Reunidos nesta quinta-feira, 16, na sede da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, na capital paulista, os 12 titulares estaduais presentes elegeram como seu novo presidente Ernani Polo, do Rio Grande do Sul, e Rômulo Araújo Montenegro, da Paraíba, como vice-presidente.
A reunião na Secretaria paulista coordenada pelo secretário Arnaldo Jardim resultou em encaminhamentos importantes - como o pedido para que o Governo Federal reduza os juros do Plano Safra em 3%, diminuição possível devido à queda na inflação apontada no mês de janeiro e da taxa Selic promovida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Há também necessidade de redução das taxas nas linhas dos fundos constitucionais acessados pelos produtores rurais.
Para o Conseagri, o Governo Federal precisa disponibilizar pelo menos R$ 200 bilhões para o Plano Safra, da agricultura empresarial, e R$ 22 bilhões para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Representantes do Conselho irão a Brasília no mês de março levar o pedido de redução à Casa Civil, ao Congresso nacional e aos ministérios da Fazenda e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Os 12 secretários elegeram como novo presidente do Conselho Ernani Polo e Rômulo Araújo Montenegro como vice-presidente. “Farei tudo o que estiver ao meu alcance para conseguirmos nossos objetivos. Precisamos criar uma agenda institucional, compartilhar as funções entre os membros. Criar essa dinâmica é fundamental”, defendeu o novo titular do Conseagri.
Os eleitos terão mandato de seis meses, sendo que o vice assume a presidência ao fim do período – sendo eleito um novo vice-presidente para os próximos seis meses. José Guilherme Tollstadius Leal, do Distrito Federal, foi escolhido secretário do Conselho, com a missão de auxiliar presidente e vice-presidente.
Também foram eleitos os diretores regionais e os respectivos temas a serem trabalhados por eles. Também com mandato de um semestre, Francisco das Chagas Limma, do Piauí, é o da Região Nordeste – responsável pelos temas agricultura irrigada e crédito rural. Clemente Barros Neto, do Tocantins, na Região Norte, assume pontos como regularização fundiária, piscicultura e harmonia com o meio ambiente.
Moacir Sopelsa, de Santa Catarina, foi eleito o diretor da Região Sul e fica responsável pela defesa animal e vegetal e as inspeções sanitárias. Com a pesquisa como tema a ser tratado, o Sudeste tem agora como diretor Octaciano Gomes de Souza Neto, do Espírito Santo. O Centro-Oeste ainda definirá seu diretor regional, mas tem a responsabilidade de cuidar da assistência técnica.
Para o governador Geraldo Alckmin, devido às proporções continentais do País, deve haver uma maior delegação de ações do Governo Federal aos Estados para que possam contribuir para o desenvolvimento do setor agropecuário no País. "O segmento tem mostrado eficiência, competitividade e importância econômica e social, pois é o que está segurando o emprego e a renda do País, contribuindo para a balança comercial, principalmente para a exportação. Temos um potencial fantástico para crescer ainda mais", disse.
Trânsito livre
Outro ponto discutido foi a integração do sistema de fiscalização e inspeção sanitária, uma proposta já colocada em andamento pelos Estados da Região Sul. O objetivo é criar uma livre circulação interestadual de produtos da agroindústria, com a validação de um Estado aceita em toda essa região onde vigora a parceria entre os governos estaduais.
Os Estados sulistas já têm um Projeto de Lei pronto para ser enviado aos seus respectivos Legislativos autorizando a prática, que é aberta também a outras unidades da Federação. “Vamos mandar esse projeto para a Assembleia para abrir esse sistema que hoje está engessado. Enquanto isso, pagamos o preço alto de não poder expandir”, apontou Ernani Polo, adicionando que “ou a gente busca um caminho ou a gente padece”.
Nos próximos dias 22 e 23, haverá uma reunião técnica em Florianópolis (SC) para construir um regulamento alinhado entre os Estados, levando em conta este reconhecimento mútuo da equivalência da inspeção – o que poupa pessoal para atuar em outras áreas, como a defesa animal e vegetal.
A preocupação com a pesquisa também ganhou espaço na reunião. Os integrantes do Conselho querem retomar a discussão para aplicação do projeto Aliança Para a Inovação Agropecuária no Brasil, que fortalece a parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e os sistemas estaduais de pesquisa.
O secretário Arnaldo Jardim destacou que no Estado de São Paulo a aproximação entre pesquisa e produção é uma das principais diretrizes do governador Geraldo Alckmin para a Pasta. Ele citou como exemplo da atenção do Governo estadual a criação dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) no âmbito dos institutos de pesquisa da Secretaria paulista.
“Precisamos mudar os parâmetros”, opinou Arnaldo Jardim, enumerando que “antes dos NITs, apenas 5% dos recursos para as pesquisas vinham da iniciativa privada. No ano passado já passamos a ter 17% de recursos privados, e minha meta é que neste ano chegue a 28%”.
Estiveram presentes na reunião na capital paulista, além dos citados, os secretários de Agricultura de Mato Grosso do Sul, Fernando Mendes Lamas; Pará, Giovanni Queiroz; Paraná, Norberto Anacleto Ortigara; Rio de Janeiro, Jair Bittencourt; Rio Grande do Norte, Guilherme Moraes Saldanha; e Tocantins, Clemente Barros Neto, além do secretário-adjunto Airton Spies, de Santa Catarina.
Avaliações:
“É muito importante discutir a revisão de juros para o Plano Safra, porque o Governo Federal precisa oferecer condições de financiamento compatíveis com a realidade do produtor rural, justamente para não comprometer a produção por falta de recursos. Nós estamos alinhados com a reivindicação do Conselho para criarmos condições de investir no setor agropecuário, para que possa ajudar o País a retomar o crescimento econômico e social.”
Jair Bittencourt – Rio de Janeiro
“Em 2015 e 2016, o setor agropecuário sofreu um impacto negativo com o custo de produção, por causa da elevação da taxa de juros, o que, por consequência, elevou a Selic. Por isso, ficou difícil para a União equalizar os recursos para a agricultura. Mas agora a situação é oposta. Consideramos que a queda da taxa de juros, puxando para baixo a Selic, possibilitará que o Governo Federal privilegie o agronegócio, o que é importante para aumentar o investimento no setor, que foi o único a crescer em meio à crise econômica e um dos únicos que crescerá em 2017.”
Norberto Ortigara – Paraná
“Tivemos uma elevação dos juros para o Plano Agrícola em 2016, por causa do aumento da Selic. Para 2017, precisamos lutar para conseguir a redução de juros e manter o setor agropecuário como a chave para a recuperação econômica do País.”
Airton Spies – adjunto de Santa Catarina
“A Reunião do Conselho Nacional de Secretário de Estado de Agricultura (Conseagri) é muito produtiva, pois traz pautas que são altamente relevantes para o desenvolvimento do setor agropecuário, e a reunião de hoje não poderia ser diferent6e, ao discutirmos a importância da redução da taxa de juros para o custeio da safra 2017/2018. O agronegócio foi o segmento que respondeu positivamente à crise econômica que o País vive, e no momento que que a inflação aponta queda, juntamente com a taxa Selic, é preciso reduzir o suto para o Plano Safra para incentivar o investimento o setor.”
Clemente Barros Neto – Tocantins
“Essas reuniões do Conselho Nacional de Secretário de Estado de Agricultura (Conseagri) são importantes. E nós precisamos ter uma regularidade nesses encontros, para sermos fortes em Brasília. O Conselho representa o Brasil e o Governo Federal precisa dessas informações para trabalhar no fortalecimento do agronegócio. E uma dessas pautas discutidas hoje foi a necessidade de baixar os juros do produtor rural. O produtor não pode fazer um investimento a longo prazo em um país onde a inflação está baixando, as taxas Selic e dos bancos estão baixando e a taxa de juros para o Plano Safra não. Precisamos adequar a taxa de juros para o setor agropecuário às condições atuais do País. E isso precisa ser feito para esse Plano Safra 2017/2018.”
Guilherme Moraes Saldanha – Rio Grande do Norte
“Há disponibilidade financeira da União para o financiamento da Safra. Batemos recordes anuais com tantos juros, que ainda machucam muito o produtor, porque esta é a indústria a céu aberto, sujeita a intempéries, com risco muito grande na produção É importante que haja um estimulo maior e juros menores para esta atividade de alto risco”, afirmou.
Giovanni Correa Queiróz – Pará
“A disponibilidade de recursos contribuiu para que o produtor possa se programar, tenha mais flexibilidade e condição de antecipar a compra de insumos, ter uma melhor colocação em termos de preço, o que influencia nos custos de produção”
José Guilherme Tollstadius Leal - Distrito Federal
“Com a queda da taxa Selic, o Pré-Custeio de Safra ainda está com juros muito altos. É importante que o conselho formado pelos secretários de agricultura do País faça um manifesto em defesa da queda dos juros, defendendo a volta do patamar existente há três anos”
Octaciano Neto, Espírito Santo
“Precisamos, acima de tudo, que entendam que a agricultura não suporta o excesso de burocracia, pois além de sofrer as intempéries econômicas, o produtor sofre com as climáticas. Os planos de financiamento de fomento da agricultura vinham sendo anunciados muito tardiamente”.
Rômulo Araujo Montenegro, Paraíba
“É necessário ampliar o crédito disponibilizado com juros menores, abaixo da Selic, ou não conseguimos apoiar e estimular a produção.”
Francisco das Chagas Limma - Piauí
“É preciso buscar uma redução de juros para diminuir o custo de produção, pois ao mesmo tempo em que aumentamos a produtividade, os custos também aumentam muito, fazendo com que o agricultor não tenha renda.”
Ernani Polo - Rio Grande do Sul
“Precisamos avançar na redução dos juros e também numa estratégia plurianual, na qual o agricultor trabalha hoje, mas já pode se antecipar às situações futuras. É preciso formular uma política de médio e longo prazo e ao longo do percurso, seriam feitos os ajustes necessários a uma atividade tão dinâmica como a agropecuária.”
Fernando Mendes Lamas - Mato Grosso do Sul
Por Hélio Filho
Fotos João Luiz