quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Governo Lula permitia que partidos indicassem dirigentes para obter 'ajuda', afirma Sauer



ANTONIO PITA E FERNANDA NUNES - O ESTADO DE S. PAULO
03 Setembro 2014 | 16h 46

Segundo ex-diretor da Petrobrás, dizia-se na estatal que ex-presidente estava impressionado com atuação de Paulo Roberto Costa, preso por suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro

Envolvido no processo que investiga a polêmica compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, o ex-diretor de Gás e Energia da Petrobrás Ildo Sauer quebrou o silêncio e admitiu ao Broadcast que "o governo de coalizão" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva permitia que partidos indicassem dirigentes para obter "ajuda". Segundo ele, "o folclore" na Petrobrás era que Lula estava impressionado com a contribuição do ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa, atualmente preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro. 
O ex-diretor classifica ainda como "piada" o argumento da presidente Dilma Rousseff, que, na época presidia o conselho de administração da estatal, de que aprovou a aquisição de Pasadena com base em um resumo executivo falho, conforme a própria presidente afirmou ao Estado, em março, por meio de nota. Na entrevista, Sauer afirma que a presidente Dilma se notabiliza por procurar um culpado sempre que aparece um problema e conta que a relação entre a direção da Petrobrás e o governo era tensa.
EVELSON DE FREITAS/ESTADÃO - 18/10/2013
Ildo Sauer, ex-diretor da Petrobrás
O senhor teve acesso ao resumo executivo para compra da refinaria de Pasadena feito por Cerveró?
O sumário executivo serve como notícia de que há uma pauta. Os membros do conselho e mais ainda o presidente (do órgão) têm acesso a toda documentação. E o estatuto permite a ele pedir qualquer informação adicional à diretoria ou contratar consultoria externa. Ninguém decide com base em resumo. Isso é uma piada.
A presidente Dilma Rousseff diz que se baseou em um resumo executivo "falho" para aprovar a compra da refinaria. 
Eu conheço a senhora Rousseff há pelo menos 14 anos. Ela se notabiliza por procurar um culpado sempre que aparece um problema. Essa é a competência dela. Ela deve ter visto que havia algum problema e chutou na canela do Nestor(Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional). Como presidente do conselho, ela dizer que o resumo executivo era falho é uma piada. O estatuto diz que é privativa do conselho a decisão sobre aquisição e participações em empresas. 
Como era a relação da presidente com o ex-diretor Nestor Cerveró?
O diretor é subalterno ao conselheiro. A presidente dizer que era tutelada pelo diretor, que lhe faltou informações completas, é uma inversão completa da lógica. Mas não me surpreende. Por que a conduta histórica dela é essa, muito errática. Quem impediu que a Petrobrás aceitasse o resultado da primeira arbitragem contra a Astra, quando os belgas fizeram a put option, foi o conselho. Isso está nos autos.
Mas todo o conselho ou só a presidente?
O presidente do conselho representa o governo dentro da empresa. Os demais conselheiros são eleitos pelos votos do majoritário, o governo, e pelos minoritários. Há um ritual de aceitação da superioridade do governo. Quando há divergência de interesses entre a empresa e a política do governo gera conflito. 
Havia conflitos?
São notórias as divergências. Primeiro, as minhas com ela quanto à conduta do setor elétrico, que virou esse desastre. Também dela com o Gabrielli (José Sergio Gabrielli, ex-presidente da estatal). O ambiente ficava pesado. Não vou falar dos outros. Havia uma nítida situação de quem representava quem lá dentro. Eu e Estrella tínhamos convicção de que éramos apenas representantes dos interesses da Petrobrás, seus acionistas e da população brasileira. Nenhum interesse estava atrás de nós.
E dos demais diretores?
À medida que foram sendo nomeados despachantes de interesses... É uma pequena ironia. Quando fui demitido, diz o folclore que o Lula (ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva) se queixou a um deputado que eu não ajudava e que ele estava muito impressionado com a ajuda de Paulo Roberto, que ajudava muito. Eu não ouvi dele, ouvi de intermediários.
Como assim despachante de interesses?
O governo de coalizão do presidente Lula passou a permitir que grupos de parlamentares e partidos se reunissem para indicar dirigentes.  Não sei por que eles  estavam lá, se é para fazer gestão eficaz não precisa ter apoio de partido. Não me envolvia com isso por que não achava que era pertinente. Acabei demitido por que diziam que eu não ajudava. O que seria 'ajudar', até hoje eu não sei.
Quando esse processo começou?
O ambiente na Petrobrás começou a ficar envenenado, em primeiro lugar, nessa relação conflituosa com o TCU, na definição clara dos papeis de cada um para evitar a zona de sombra que envolve recursos. Depois, quando o petróleo explodiu de preço, a Petrobrás passou a investir US$ 30 bilhões, 40 bilhões, 50 bilhões por ano. Então ela virou foco de interesse da chamada base de apoio político. Leia-se partidos e políticos. Que passaram cada vez mais a querer indicar dirigentes. O governo de coalizão do Lula aprofundou aquilo que já vinha do governo Fernando Henrique.
Você percebia essa influencia no dia a dia da empresa?
Não só sentia como me manifestei publicamente. Em dezembro de 2006 dei uma entrevista e depois recebi uma ligação do então ministro de Minas e Energia (Silas Rondeau) dizendo que o presidente da República tinha ficado injuriado e que teria consequências. Era o período de auge de divergências. Eu disse (na entrevista) que quem criticava minha gestão é quem não entendia o papel do dirigente de uma empresa pública. Aqueles que me criticam, exigindo a venda gás pela metade do custo para fazer uma usina no Ceará, como era a pressão do governo na época, na verdade queriam converter o dirigente num despachante de interesses.
O que disseram após a entrevista?
Avisaram que isso não era tolerável. Fiz isso publicamente, pois internamente não tinha mais sentido manifestar a minha convicção. Ouvi da própria Rousseff: 'O Ildo não é do governo, ele é um petroleiro'. Que lambança é essa? Não tem divergência nenhuma entre defender a Petrobrás, para que funcione como empresa, e ajudar o governo, desde que o governo queira fazer o que precisa ser feito.
O senhor tinha conhecimento de irregularidades?
Quando isso acontece, acontece com muita sutileza. O despachante é bom quando faz tudo e nada transparece. Parecia que aquilo de fato era o que precisava ser feito. Examinei Pasadena com todo rigor em termos técnicos e empresariais. Agora se havia alguma coisa escondida... Cabia ao conselho fiscalizar os diretores. Não os diretores olhar com desconfiança os colegas. É evidente que tendo em vista a história anterior dos gestores, tinha que olhar com todo o rigor.
As indicações políticas influenciaram o negócio de Pasadena?
Quem pode responder são os próprios gerentes que fizeram as negociações ou uma investigação policial entorno das negociações, e eu sugiro lá fora. Se houve algo de errado, então o Ministério Público e a Polícia Federal tinham que investigar quem fez, e não generalizar.
Há politização das investigações de Pasadena?
O que não entendo é por que abrir uma questão sete anos depois do ocorrido? Esse procedimento abre um precedente extremamente grave na gestão de empresas públicas. Nenhum dirigente sério e competente vai querer assumir em um ambiente desse tipo e vão para lá os despachantes de aluguel, os que alugam crachá para fazer qualquer coisa, como aquele que está na cadeia hoje.
É um desafio diferenciar a sua conduta à do ex-diretor Paulo Roberto Costa?
Não há nenhuma dificuldade. Quem junta os diferentes em um lugar só é esse relatório do TCU, que não examinou individualmente a responsabilidade de cada um.  Eu e o Estrella (Guilherme Estrella, ex-diretor de Exploração e Produção)estamos muito mais distantes do assunto do que o Conselho de Administração(eximido de responsabilidade pelo Tribunal)

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Produção de petróleo aumenta 14,8% e a de gás natural 12% em julho

or favor, corrijam a informação abaixo, em negrito e sublinhada, no release do boletim da produção. A comparação correta é com o mês de julho de 2013.
Queima de gás
O aproveitamento do gás natural no mês foi de 94,9%. A queima de gás natural em julho foi cerca de 4,5 milhões de metros cúbicos por dia, um aumento de aproximadamente 5,6% em relação ao mês anterior e de 54,4% em relação a julho de 2013. O principal motivo para o aumento da queima de gás natural foi o comissionamento da plataforma P-58, que iniciou operação nos campos de Baleia Azul, Baleia Franca e Jubarte.




Produção de petróleo aumenta 14,8% e a de gás natural 12% em julho
A produção total de petróleo e gás natural no Brasil no mês de julho atingiu 2,82 milhões de barris de óleo equivalente (BOE) por dia, sendo 2,267 milhões de barris diários de petróleo e 87,9 milhões de metros cúbicos de gás natural. O volume é o maior já registrado, superando o do mês anterior, quando a produção de petróleo e gás natural totalizou 2,79 milhões de barris de óleo equivalente por dia. A produção de petróleo também superou a marca de 2,246 milhões de barris por dia, alcançada no mês anterior. Houve aumento de 1% na produção de petróleo em relação a junho de 2014 e de 14,8% na comparação com julho de 2013. A produção de gás natural superou em 1,5% a do mês anterior, de 86,6 milhões de metros cúbicos por dia, e em 12% a de julho de 2013. As informações são do Boletim da Produção da ANP, disponível em http://www.anp.gov.br/?pg=71248.
Pré-sal
A produção no pré-sal diminuiu 0,1% em relação ao mês anterior, totalizando 582,8 mil barris de óleo equivalente por dia, sendo 480,8 mil barris diários de petróleo e 16,2 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. A produção teve origem em 34 poços, localizados nos campos de Baleia Azul, Baleia Franca, Jubarte, Barracuda, Caratinga, Búzios, Linguado, Lula, Marlim Leste, Pampo, Sapinhoá, Trilha e nas áreas de Iara e Entorno de Iara. Os poços do “pré-sal” são aqueles cuja produção é realizada no horizonte geológico denominado pré-sal, em campos localizados na área definida no inciso IV do caput do art. 2º da Lei nº 12.351, de 2010.
Queima de gás
O aproveitamento do gás natural no mês foi de 94,9%. A queima de gás natural em julho foi cerca de 4,5 milhões de metros cúbicos por dia, um aumento de aproximadamente 5,6% em relação ao mês anterior e de 54,4% em relação a junho de 2013. O principal motivo para o aumento da queima de gás natural foi o comissionamento da plataforma P-58, que iniciou operação nos campos de Baleia Azul, Baleia Franca e Jubarte.
Campos produtores
Em torno de 90,7% da produção de petróleo e gás natural foram provenientes de campos operados pela Petrobras. Aproximadamente 92,5% da produção de petróleo e 73,5% da produção de gás natural do Brasil foram extraídos de campos marítimos. O campo de Roncador, na bacia de Campos, foi o de maior produção de petróleo, com média de 273,1 mil barris por dia. O maior produtor de gás natural foi o campo de Mexilhão, na bacia de Santos, com média diária de 6,8 milhões de metros cúbicos.
A plataforma P-52, localizada no campo de Roncador, produziu, através de 14 poços a ela interligados, cerca de 133,3 mil barris de óleo equivalente por dia e foi a unidade com maior produção. Os campos cujos contratos são de acumulações marginais produziram um total de 94,5 barris diários de petróleo e 2,2 mil metros cúbicos de gás natural por dia. Dentre esses campos, Bom Lugar, operado pela Alvopetro, foi o maior produtor de petróleo e gás natural, com 35,4 barris de óleo equivalente por dia.
A produção procedente das bacias maduras terrestres (campos/testes de longa duração das bacias do Espírito Santo, Potiguar, Recôncavo, Sergipe e Alagoas) foi de 171,7 Mboe/d, sendo 141,6 Mbbl/d de petróleo e 4,8 MMm³/d de gás natural. Desse total, 4,2 Mboe/d foram produzidos por concessões não operadas pela Petrobras, sendo 351 boe/d no Estado de Alagoas, 2.109 boe/d na Bahia, 35 boe/d no Espírito Santo, 1.438 boe/d no Rio Grande do Norte e 247 boe/d em Sergipe.
Outras informações
Em junho, 306 concessões, operadas por 23 empresas, foram responsáveis pela produção nacional. Destas, 85 são concessões marítimas e 221 terrestres. Vale ressaltar que, do total das concessões produtoras, duas encontram-se em atividade exploratória e produzindo através de Teste de Longa Duração (TLD) ou Teste de Formação (TFR), e outras seis são relativas a contratos de áreas contendo acumulações marginais.
O grau API médio do petróleo produzido no mês foi de aproximadamente 24,5°, sendo que 9,7 % da produção é considerada óleo leve (>=31°API), 60% é óleo médio (>=22°API e <31 09="" 30="" a="" acordo="" anp="" classifica="" com="" da="" de="" e="" font="" leo="" n="" o="" pesado="" portaria="">
A produção de petróleo e gás natural no Brasil foi oriunda de 9.050 poços, sendo 813 marítimos e 8.237 terrestres. O campo com o maior número de poços produtores foi Canto do Amaro, bacia Potiguar, com 1.110 poços. Marlim, localizado na bacia de Campos, foi o campo marítimo com maior número de poços produtores, 62 no total.

Brasil: campeão mundial na violência contra professores


Publicado por Luiz Flávio Gomes - 21 horas atrás
O Brasil que pegou o caminho errado (estamos falando do Brasil fundado na “filosofia” de Valesca Popuzuda: “tiro, porrada e bomba”) está levando os brasileiros a conhecerem as profundezas do inferno descrito por Dante, na Divina Comédia. Que falta nos faz um estadista com sentido moral, absolutamente comprometido com sua não reeleição, que promova mudanças estruturais radicais!
Pesquisa divulgada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econônico (OCDE) apontou o Brasil como o país com o maior número de casos de violência contra professores. O estudo, chamado Talis (Teaching and Learning International Survey), foi baseado em um questionário internacional de larga escala que focava as condições de trabalho dos professores e da aprendizagem nas escolas, com o objetivo de formular políticas públicas a respeito do tema. Foram entrevistados mais de 100 mil professores e diretores de escolas do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio em 34 países.
A pesquisa revelou que 12,5% dos professores entrevistados no Brasil disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana, ocupando a pior posição nessa área dentre todos os países pesquisados, que apresentam a média de 3,4%. Colados no Brasil estão a Estônia (11%) e a Austrália (9,7%). Coréia do Sul, Malásia e Romênia aprensentaram índice zero de violência contra os professores. O Brasil, com sua cultura de tolerância zero, se transformou no campeão mundial em violência contra professores; a Coreia do Sul tem violência zero. Por que somos tão diferentes?
Em 1964 o Brasil, por meio de um golpe de estado, tomava a decisão de mergulhar no inferno da política do “tiro, porrada e bomba”. Resultado: milhares de desaparecidos, centenas de mortos, estupros, tortura, exílios, 21 anos de regime militar, perda do poder aquisitivo do salário mínimo, aumento na concentração de renda e da desigualdade, freio nas liberdades, escolaridade baixíssima etc. Com a redemocratização do país (1985), os novos donos do poder se livraram da vida militarizada, mas a filosofia da violência não saiu de dentro deles. Resultado: não conseguimos sair do atraso socioeconômico e educacional: 95º lugar no IDH (computando a desigualdade), campeão mundial em homicídios (em números absolutos: 57 mil por ano), ¾ da população são de analfabetos funcionais, taxa de 29 assassinatos para cada 100 mil pessoas, aqui estão 16 das 50 cidades mais violentas do planeta, aqui acontecem 11% de todos os assassainatos do mundo etc.
No mesmo ano (1964) a Coreia do Sul (que tinha renda per capita muito inferior ao Brasil) tomava a decisão de colocar todo mundo nas escolas (desde o jardim da infância até às universidades). Aqui, “tiro, porrada e bomba”; lá, “civilização, conhecimento, tecnologia e cidadania”. Resultado: lá não existe violência contra os professores, 2/3 da população têm formação superior, renda per capita 3 vezes maior que a brasileira, 2 assassinatos para cada 100 mil pessoas, 15º no IDH etc.
Cada país tem sua história, é verdade, mas essa história não brota da terra como produto da natureza. Ela é construída pelas decisões de suas lideranças. Algumas são competentes e têm visão de futuro, outras não. Os resultados entre os vários países mostram as diferenças (os erros e acertos).
A pesquisa da OCDE ainda indicou que, apesar dos problemas, a grande maioria dos professores no mundo se diz satisfeita com o trabalho; eles são apoiados e reconhecidos pela institutição escolar assim como pela sociedade em geral. Com relação à satisfação dos professores brasileiros na carreira, apenas 12,6% acreditam que exista uma valorização da profissão pela sociedade. Nesse item estamos entre os dez últimos no ranking. A média global de satisfação dos professores é de 31%. A Eslováquia é a última: apenas 3,9% dos entrevistados acreditam serem respeitados pela sociedade, seguida de França e Suécia com 4,9%. Os professores brasileiros recebem 1,9 mil reais por mês, três vezes menos que a média total dos países da OCDE, de 5,7 mil reais. Entra governo e sai governo e os professores continuam mal pagos, maltratados, desestimulados e desesperançados.
Os donos do Brasil, invertendo a máxima de Pitágoras (grego, filósofo), preferem punir os adultos (sempre seletivamente) a educar as suas crianças. O que é isso? Falta de educação dos donos do país. Eles não sabem que “Educação é uma descoberta progressiva de nossa própria ignorância” (Voltaire, francês, filósofo).
Luiz Flávio Gomes
Professor
Jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). [ assessoria de comunicação e imprensa +55 11 991697674 [agenda de palestras e entrevistas] ]