segunda-feira, 3 de junho de 2013

Ex-gerente da Microsoft lança ‘Starbucks da maconha’

SEATTLE - "Esse negócio vai criar mais milionários do que criou a Microsoft", afirma Jamen Shively , um ex-gerente da Microsoft que trabalhou na área de estratégias industriais da gigante de softwares entre 2003 e 2009.
Baseado em estudos sobre o tamanho do mercado mundial, Shively está lançando uma nova empresa que pretende tornar-se tão grande quanto a sua ex-empregadora. A diferença é que ao invés de trabalhar com informática, ela vai atuar no comércio de maconha.
O empreendedor pretende arrecadar US$ 100 milhões com o lançamento de ações da nova companhia, conforme anunciou para uma plateia de jornalistas e potenciais investidores em Seattle, na sexta-feira, 31.
O dinheiro será usado para comprar terras nos estados onde é permitido plantar e comercializar a erva, seja para fins terapêuticos e recreativos. E também para abrir uma rede que pretende ser a 'Starbucks da marijuana'.
Nos Estados Unidos, 18 Estados já aprovaram o uso da maconha para fins médicos. Em Colorado e Washington, a planta também está liberada para 'entretenimento'.
O projeto da start-up deShively inclui um plano de cultivo no Colorado e o estabelecimento de uma rede de distribuição que poderia chegar a 100 lojas.
Shively já sonha com o mercado internacional. Na apresentação do seu projeto, o empresário estava sentado ao lado de Vicente Fox, ex-presidente do México, que será o porta-voz de uma proposta de regulamentação do comércio de maconha no México.
"Eu prefiro estar sentado falando sobre essas coisas com um empresário como Shively do que discutir isso com os comandantes dos cartéis de drogas", disse Fox, ex-executivo da Coca-Cola que presidiu o México entre 2000 e 2006.
O potencial econômico de uma multinacional da maconha é inegável. De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas, em 2005 o mercado global movimentava cerca de US$ 142 bilhões.
No entanto, existem obstáculos jurídicos. Nos Estados Unidos, em 32 estados a substância permanece ilegal.
Por enquanto, Shively já conta com o valioso apoio de um membro do Governo do Estado de Washington, o democrata Reuven Carlyle, que promete apoiar o projeto dizendo que compartilha com o espírito empreendedor típico dos habitantes de Seattle.

Metrô de São Paulo faz Brasil poupar R$ 19,3 bilhões por ano, calcula pesquisa

03/06/2013
Por José Tadeu Arantes
Agência FAPESP – Além de facilitar a vida das pessoas, o metrô pode dar uma grande contribuição à economia. Caso São Paulo não tivesse metrô, por exemplo, a economia brasileira perderia R$ 19,3 bilhões por ano. Esse valor corresponde a dois terços do custo de construção de toda a rede de metrô da cidade. Se a quantia salva fosse investida no próprio sistema metroviário, seria possível duplicá-lo com o dinheiro poupado em menos de um ano e meio.
A conclusão é do estudo “The Underground Economy: Tracking the Wider Impacts of the São Paulo Subway System” (A Economia Subterrânea: Rastreamento dos Impactos mais Amplos do Sistema de Metrô de São Paulo), coordenado por Eduardo Amaral Haddad, professor titular do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP).
A pesquisa econométrica teve apoio da FAPESP e do CNPq no âmbito do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT Clima).
Os principais tópicos e temas correlatos do estudo serão apresentados em um workshop no dia 7 de junho na FEA-USP, aberto a todos os interessados.
“O metrô atende diariamente a 4 milhões de passageiros. Setenta por cento das viagens correspondem a idas e vindas de trabalhadores de suas residências aos locais de trabalho. A maior velocidade dos deslocamentos proporcionada pelo metrô contribui diretamente para o aumento da produtividade desses trabalhadores e, consequentemente, para o melhor desempenho econômico das firmas nas quais estão empregados”, disse Haddad à Agência FAPESP.
Para quantificar o impacto econômico do sistema metroviário paulistano, os pesquisadores utilizaram o conceito de “tamanho efetivo de mercado de trabalho”. Essa grandeza é definida pelo número de empregos que, a partir de seu local de residência, um trabalhador pode alcançar em determinado intervalo de tempo.
Quanto maior o “tamanho efetivo de mercado de trabalho”, maior a oferta de empregos para o referido trabalhador e maior a sua disponibilidade para trabalhar nas firmas possíveis de alcançar no intervalo de tempo considerado.
“Mercados maiores e mais densos tendem a pagar salários melhores por efeito da concorrência entre as firmas. É o que chamamos de ‘economia de aglomeração’. E o tamanho e a densidade do mercado dependem, obviamente, da infraestrutura de transportes, entre outros fatores. Esses foram os princípios que orientaram a captação dos microdados, posteriormente integrados no sistema como um todo”, explicou Haddad.
Com as equações montadas, os pesquisadores fizeram uma simulação eliminando o metrô, para determinar a influência específica dessa variável. Os cálculos mostraram que, nesse caso, o Produto Interno Bruto (PIB) municipal decresceria em 1,7%. E o PIB nacional, em 0,6%. A partir daí, chegou-se ao número de R$ 19,3 bilhões por ano.
“Simulamos também uma situação na qual o metrô foi substituído por uma infraestrutura alternativa de alta eficiência, o BRT (Bus Rapid Transit), no qual ônibus articulados ou biarticulados trafegam em alta velocidade por canaletas específicas. Trata-se de um sistema de transporte como aquele implantado em Curitiba no fim da década de 1970. Mesmo nesse caso, a simulação mostrou que o metrô é uma opção melhor, apresentando benefício anual de R$ 6,4 bilhões comparativamente ao BRT”, disse Haddad.
Outras vantagens
Haddad ressaltou que o estudo se ateve estritamente ao impacto econômico associado à produtividade dos trabalhadores – por sua vez influenciada pela mobilidade, isto é, pelo tempo médio de permanência no deslocamento diário de casa para o trabalho. Vantagens outras como a não emissão de poluentes atmosféricos também devem ser consideradas para uma avaliação global.
A rede metroviária da cidade de São Paulo possui, atualmente, 74,3 quilômetros de extensão, distribuídos em cinco linhas, com 64 estações.
“Esse sistema tornou-se indispensável tanto para o transporte dos paulistanos quanto de uma importante parcela do 1 milhão de trabalhadores que afluem diariamente à cidade, provenientes de outros municípios. As regiões que mais atraem esses trabalhadores de fora são a Central (180 mil) e a Oeste (300 mil) – ambas parcialmente servidas pelo metrô”, ponderou Haddad.
No entanto, a rede metroviária de São Paulo é a terceira em extensão no ranking da América Latina, ficando atrás não apenas da rede da Cidade do México, mas também da rede de Santiago, do Chile, cuja população é praticamente a metade da paulistana. Enquanto isso, as ruas e avenidas da cidade encontram-se, a cada dia, mais travadas por uma frota de veículos que alcançou, em abril de 2013, a cifra de 7.429.805 unidades. 

domingo, 2 de junho de 2013

1,5 milhão de paulistanos trabalham em casa

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO , RODRIGO BURGARELLI - O Estado de S.Paulo
São Paulo tem uma cidade inteira, maior que qualquer outro dos 645 municípios paulistas, gerando riqueza sem sair de casa. Segundo o último Censo, 1,5 milhão de paulistanos - ou 27% dos que têm emprego - trabalham no mesmo local onde vivem. Segundo especialistas, esse contingente ajuda a criar empregos perto de áreas residenciais, o que reduz engarrafamentos e estimula o comércio local.
Os dados fazem parte de estudo do Ibope em parceria com o Estadão Dados, com base nos questionários detalhados do Censo 2010. O levantamento integra série 96xSP, que traz reportagens sobre temas como migração e deslocamento nos 96 distritos da capital.
Os números mostram que há basicamente três perfis de pessoas que trabalham no mesmo local onde vivem. O primeiro são as empregadas domésticas que moram na casa do patrão. Outro são os profissionais liberais, que normalmente têm curso superior e trabalham fazendo serviços esporádicos, como advogados, consultores ou artistas. Além disso, há os proprietários de bares, vendas e restaurantes em bairros de menor renda que moram no mesmo imóvel onde funciona o comércio.
Como os perfis são variados, a porcentagem de trabalhadores que não sai de casa é relativamente homogênea pela cidade. Há, porém, um grupo de 11 distritos onde um em cada três paulistanos trabalha no mesmo local onde vive. Mais do que a renda média, eles têm em comum o fato de serem bairros residenciais de ocupação antiga, como Pinheiros, Ipiranga e Penha.
Para o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) Lúcio Gomes Machado, uma das hipóteses para esse fenômeno é que esses locais foram ocupados antes do Plano Diretor de 1972, que proibiu a existência de prédios de uso misto - onde há comércio no térreo e moradias em cima. "Foi uma decisão urbanisticamente equivocada. Imóveis onde a pessoa pode morar em cima e trabalhar embaixo trazem vida 24 horas à cidade", diz.
Deslocamento. Outro benefício desse tipo de ocupação, segundo ele, é diminuir o número de pessoas que têm de atravessar a cidade todos para trabalhar. Algo que o artista plástico Fernando Velasquéz, de 43 anos, já não faz há três anos. Ele largou o escritório coletivo que alugava na região da Paulista para focar no seu ateliê que fica na própria casa, na Vila Mariana.
"Você ganha qualidade de vida. Mas, ao mesmo tempo, tem de se cuidar para sair de casa de vez em quando para conversar com pessoas", diz. Ele aproveita o tempo extra que agora sobra para ficar com os filhos e diz que é preciso foco para administrar melhor seus horários. "Quem trabalha em casa tem de administrar seu próprio tempo, e minha geração não foi educada para isso. Aprendi na marra, de tanto errar."