Parece a volta de um pesadelo. Depois de uma desastrada carga de cavalaria em cima da Vale, Lula avançou sobre a Petrobras e derrubou seu valor de mercado em R$ 55 bilhões. Diante das más notícias, a repórter Malu Gaspar revelou que o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, mostra uma carta na manga: o anúncio de um "Mar de Oportunidades", com um programa de investimentos de até R$ 80 bilhões em plataformas, navios sonda e barcos de apoio.
Tudo isso já aconteceu. Deu na Operação Lava Jato, com roubalheiras confessas, dezenas de prisões, a deposição da presidente Dilma Rousseff e um clima de descrença que desembocou na eleição de Jair Bolsonaro em 2018.
Lá atrás, as coisas pareciam simples e fáceis, comprou-se uma refinaria nos Estados Unidos, criaram-se estaleiros virtuais e, no escurinho do Planalto, adotou-se uma "contabilidade criativa" depois chamada de "pedalada". Deu no que deu. O pesadelo voltou semanas depois da falência da Sete Brasil, a joia da coroa que produziria 28 navios-sonda para a Petrobras.
O senador Rodrigo Pacheco tem sido um sereno aliado do governo. Diante dos avanços do Planalto disse uma valiosa obviedade: "Se a União é parte interessada como acionista, em tese é legítimo ao governo se posicionar, mas deve compreender seus limites de atuação considerando a governança das empresas e a independência delas. Não digo que o governo os ultrapassou porque não conheço a situação. Digo apenas que eles precisam ser observados".
Pacheco não falou na tentativa de empurrar o ex-ministro da Fazenda goela abaixo do conselho da Vale para presidir a empresa. Também não quis ser específico com o caso dos dividendos da Petrobras.
Lula entrou em campo com duas afirmações. Numa, repetiu que a Petrobras deve servir ao Brasil. Nada mais certo e, desde sua fundação, ela tem feito isso. A crise que a empresa viveu há dez anos foi produzida pelos larápios que dela se apropriaram.
Na outra, julgou o desempenho de seu governo, disse que estava "muito aquém" do que prometeu e elaborou: "Até agora, preparamos a terra, aramos, adubamos e colocamos a semente. Cobrimos a semente. Este é o ano em que vamos começar a colher o que plantamos".
Lula prometeu devolver um clima de normalidade à política brasileira e cumpriu. Faz mais de um ano que o presidente da República não xinga governador da oposição nem ministro do Supremo. Isso não é pouca coisa.
Todas as lombadas surgidas em seu governo saíram do Planalto. Para piorar, quase todas foram inúteis: Mantega na Vale, Hitler em Gaza e Nicolás Maduro em Caracas criaram crises sem maior propósito. Isso num governo que conseguiu elevar em 11,7% a renda dos brasileiros. Esse resultado foi conseguido pela boa administração dos instrumentos existentes.
É como se existisse uma alma penada no Planalto. Hoje, há 60 anos, ela disse a João Goulart para ir ao comício da Central do Brasil, depois, soprou a ideia do Acordo Nuclear com a Alemanha ao general Ernesto Geisel, o Plano Collor ao referido senhor e as "campeãs nacionais" a Dilma Rousseff.
Lula disse que está em tempo de semeadura. Pelo andar da carruagem, semeia a erva daninha que já destruiu sua lavoura.
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