sábado, 18 de julho de 2020

WASHINGTON OLIVETTO* PUBLICITÁRIO 'AS EMPRESAS VÃO TER DE IR PARA O SPA', OESP

Já há alguns anos vivendo na Europa, converso com pessoas do continente inteiro e percebo que diferentes empresas, de diferentes tamanhos, estão reduzindo os obstáculos de comunicação durante a pandemia. Em vez de falar com o assistente do assistente de alguém, hoje o cliente exige falar com quem resolve. E isso é especialmente verdade para as agências de publicidade: o cliente quer hoje ser atendido pelo criativo ou pelo chefe. Ou seja: com quem manda.

E isso mostra uma realidade clara: as empresas precisam ir para o spa. Podem ficar mais magras, leves. Na publicidade, esse debate antes se dava porque era bonito falar que a empresa era “lean”. Agora, trata-se de uma questão de necessidade: ou as empresas perdem peso, cortam gorduras, fazem uma prolongada estadia no spa, ou morrem. Simples assim: não é mais uma questão estética, é de sobrevivência.

E a pandemia também descortinou que tudo o que antes parecia necessário – escritórios chiques, um bando de assistentes, muita dificuldade de se falar com quem resolve – revelou-se supérfluo. Com a necessidade de ir para o home office, ficou claro que muita coisa poderia simplesmente ser feita, independente do espaço físico. Daí o sucesso do trabalho à distância, no Brasil e no mundo.

Sem dúvida isso coloca a necessidade dos grandes escritórios em xeque. É uma coisa muito óbvia. As empresas vão provavelmente ter menos pessoas fixas, e muitas delas vão trabalhar de casa. Será que, dessa forma, as companhias vão precisar de escritórios tão grandes? Eu não acho que isso vá mudar de uma hora para outra, de um jeito radical. Mas que vai mudar, vai.

E isso vai mexer com a arquitetura e a engenharia. As grandes construtoras vão, a partir de agora, investir em grandes edifícios corporativos? E as pessoas, ao comprar uma nova casa ou apartamento, vão pensar no home office, na criação de um espaço que também sirva como local de trabalho? Provavelmente sim. Até escolher um cachorro vai exigir reflexão: se você passar muito mais tempo em casa, vai querer uma raça que não passe o dia todo latindo. Os ventos da mudança, trazidos infelizmente pela pandemia, vão modificar hábitos e tornar tudo mais direto, enxugar estruturas, obrigar a busca pela eficiência. É o ser humano, mais uma vez, lutando pela sobrevivência./*DEPOIMENTO A FERNANDO SCHELLER


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