O jornalista e escritor francês Gilles Lapouge, colunista do Estadão, morreu nessa quinta-feira, 30, em Paris. Segundo familiares, Lapouge não resistiu a uma infecção pulmonar. Correspondente do jornal na capital francesa há mais de 50 anos, ele tinha 97 anos.
Gilles era um apaixonado pelo Brasil, onde chegou em 1951, a convite do jornalista Júlio Mesquita Filho, diretor de O Estado de S.Paulo. O jornalista francês então se mudou para o Brasil e passou a visitar os lugares recomendados pelo editor, colocando em cada um deles a visão social e econômica pelo ponto de vista de quem visitava o País pela primeira vez.
Entre as suas coberturas marcantes, está a da morte do general francês Charles De Gaulle.
Em 2013, o mais antigo colaborador do jornal visitou o Acervo Estadão, onde pôde ver a edição original com o seu primeiro texto assinado no jornal: “A vocação industrial de São Paulo”.
Publicado em 25 de janeiro de 1954, o texto fazia parte do caderno especial sobre o 4º centenário da cidade. A colaboração de Gilles Lapouge, no entanto, começara exatos três anos antes, com “A situação econômica na França”, texto que saiu sem assinatura na edição de 25 de janeiro de 1951. Nessas quase sete décadas, Lapouge publicou mais de 10 mil textos no jornal. O último deles foi no começo de junho deste ano: As coincidências da raiva. "Ele tinha muito orgulho de trabalhar no Estado por 70 anos", disse Jerôme Garro, um de seus quatro filhos.
Em junho, os filhos de Lapouge informaram que o pai havia passado por uma cirurgia e se recuperava lentamente no hospital. Nesse período, segundo contaram já em julho, Lapouge passou a rever no Twitter seus textos publicados no Estadão. Tinha planos de criar uma conta na rede social e de voltar a escrever logo.
“O Gilles foi um intelectual completo, um humanista, um progressista, preocupado com as questões do mundo. A gente sempre saía melhor das leituras dos textos dele”, disse o jornalista Roberto Gazzi, que hospedou o colega francês em visitas ao Brasil. “Tinha um amor especial pelo Brasil, com uma visão crítica do País. Era um patrimônio do jornal”, afirmou Gazzi.
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