sábado, 9 de maio de 2020

Márcio Rachkorsky Condomínios nunca mais serão os mesmos depois da pandemia, FSP


Há quase dois meses confinados nos apartamentos, moradores de condomínios fizeram descobertas incríveis, mudaram conceitos e quebraram paradigmas. Certamente, a percepção sobre o direito de vizinhança e a forma de morar nunca mais será como antes.
Dentre tantas novidades, algumas bastante singelas e outras mais profundas, valendo destacar:
1) Os funcionários da portaria e da limpeza não são mais invisíveis. Eles exercem atividades essenciais e merecem todo respeito e valorização;
2) O isolamento acústico é terrível, sobretudo nas construções mais novas e, muitas vezes, a culpa pelo barulho não é apenas do vizinho, que precisa viver em seu imóvel;
3) Há pessoas absolutamente mal-educadas, cujos hábitos desrespeitosos, por vezes insanos, se agravaram durante a pandemia. Para estes, é necessária a aplicação de multas pesadas;
4) Os síndicos exercem um papel primordial de liderança e merecem todo apoio e valorização;
5) Investir no aconchego de casa, cuidar da decoração, ter um lar equipado não é luxo algum, tampouco frescura, mas algo essencial para a dignidade. Depois que tudo isso passar, as pessoas investirão mais em suas moradias;
6) Adotar hábitos disciplinares simples de limpeza e higiene devem ser incorporados à rotina pós-quarentena, tais como limpar sapatos, tirar as roupas sujas assim que entrar em casa, lavar mais as mãos, não acumular louça na pia, guardar a bagunça, manter armários em ordem;
7) Comprar ou alugar um apartamento apenas em razão das áreas comuns (piscina, academia, quadras), sem avaliar as dimensões do imóvel e suas funcionalidades, pode ser uma furada. Os imóveis com cômodos mais espaçosos e arejados ganharam importância e isso é muito bom;
8) O boleto de condomínio é despesa prioritária, e pagar em dia é fundamental para manter o funcionamento a contento. Ficou evidente a importância de morar num condomínio com manutenção em ordem e contas saudáveis;
9) Há muita gente boa na vizinhança, pessoas educadas, conscientes, solidárias, talentosas. Aquele péssimo hábito de não falar com ninguém, de não conhecer ninguém, de só balançar a cabeça no elevador dará espaço, ao final desta jornada, ao fortalecimento das relações entre vizinhos;
10) É possível organizar atividades em grupo com os outros moradores, de forma a otimizar espaços e economizar dinheiro, como grupos de dança, de corrida, de ginástica e compras coletivas;
11) Reuniões e assembleias podem ser realizadas em ambiente virtual, de forma segura e civilizada, sem as famosas brigas e baixarias tão comuns em condomínios.
Quando tudo acabar e, apesar de toda tristeza e dificuldade, os condomínios estarão mais humanizados e viveremos dias melhores.
Márcio Rachkorsky
Advogado, é membro da Comissão de Direito Urbanístico da OAB-SP.

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