Se não aceitava o que dizia Bolsonaro, esse era um problema dele com o capitão
No seu depoimento à Polícia Federal o doutor Sergio Moro voltou a tratar da ursada que fez com a deputada ultrabolsonarista Carla Zambelli.
No dia de sua demissão ele divulgou uma troca de mensagens com a senhora na qual ela escreveu: “Por favor, ministro aceite o [Alexandre] Ramagem e vá em setembro para o Supremo Tribunal. Eu me comprometo a ajudar a fazer Bolsonaro prometer”.
Moro respondeu: “Não estou à venda”.
Valentia de WhatsApp é coisa manjada. Zambelli nada fez de condenável. Pediu-lhe que aceitasse uma coisa que não queria fazer. E daí? Comprometeu-se a azeitar sua nomeação para o Supremo. Nada de anormal, sobretudo tratando-se de uma parlamentar, mas Zambelli era mais que isso.
Dois meses antes, Moro e sua mulher haviam sido seus padrinhos de casamento com o coronel da PM cearense Aginaldo de Oliveira, chamado por colegas de “Caveira”. Doutor Moro dançou “La Vie en Rose” com a comadre Zambelli e discursou, chamando-a de “guerreira”.
No depoimento à Polícia Federal, Moro disse que “lamenta muito ter repassado mensagens trocadas em privado, mas que não teria como aceitar as afirmações feitas pelo presidente”. Há uma certa sonsice nessa frase. Se não aceitava o que dizia Bolsonaro, esse era um problema dele com o capitão, a comadre não precisava ser envolvida.
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